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Doze latino-americanos que foram notícia em 2014

Do papa Francisco a Dilma Rousseff, passando pelas conquistas esportivas, o cinema mexicano e a queda de ‘El Chapo’

Paula Chouza

Alfonso Cuarón, o homem do ano em Hollywood

Alfonso Cuarón em uma entrevista coletiva em abril.
Alfonso Cuarón em uma entrevista coletiva em abril.marco ugarte (AP)

O cinema mexicano começou o ano com as melhores notícias. Alfonso Cuarón, nascido na capital do país há 52 anos, ganhou o Oscar de melhor diretor por seu filme Gravidade, uma produção sobre astronautas à deriva no espaço e protagonizada pela atriz Sandra Bullock. A fita conquistou outras seis estatuetas na cerimônia, somando 19 premiações na temporada, entre eles o Globo de Ouro, o Bafta, o Director’s Guild of America e o Festival de Toronto. Aproveitando sua projeção, Cuarón foi também a voz crítica do mundo artístico à reforma energética do presidente Peña Nieto. Depois de questionar a nova lei, no fim de abril, em uma carta aberta divulgada na imprensa, o cineasta desafiou o mandatário a debater na televisão os pontos mais polêmicos da reforma. Tal debate nunca aconteceu.

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Miguel Herrera ou como recuperar a emoção do futebol

Na Copa do Mundo realizada no Brasil, a seleção mexicana conseguiu fazer vibrar um país que durante anos tinha se resignado a um futebol medíocre, com resultados ruins apenas superados pelo ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Miguel Herrera, mais conhecido como El Piojo, foi um dos técnicos mais emblemáticos do torneio de 2014. Ao ser captado pelas câmeras durante suas energéticas comemorações ou ao protestar contra os árbitros, suas fotos correram o mundo. Mais do que isso, Herrera conseguiu articular uma equipe que brilhou por seu bom futebol e conseguiu até roubar as cores do anfitrião, o Brasil, com quem empatou. Sonhos à parte, a atuação do México não passou para a história, já que o país foi eliminado nas oitavas-de-final pela Holanda de Van Gaal.

James Rodríguez comemora um gol contra o Japão durante a Copa do Mundo.
James Rodríguez comemora um gol contra o Japão durante a Copa do Mundo.ERIC GAILLARD (REUTERS)

James Rodríguez, a Chuteira de Ouro

O jogador colombiano viveu um grande ano. Com apenas 23 anos, em julho passado ele se tornou a Chuteira de Ouro da Copa do Mundo ao marcar seis gols no torneio. Apenas dois dias depois do fim do Mundial, o Real Madrid contratou o jogador para as próximas seis temporadas. O acordo com o Mônaco, clube no qual jogava até então, foi fechado em torno dos 90 milhões de dólares. James Rodríguez conseguiu acertar um salário anual próximo dos 8,5 milhões de dólares.

A queda de Joaquín Guzmán, ‘El Chapo’

O líder do cartel mexicano de Sinaloa e o criminoso mais procurado do mundo depois da morte de Osama Bin Laden, em 2011, foi detido em fevereiro passado pelas autoridades do México. Depois de mais de 10 anos foragido, tendo escapado da prisão de Puente Grande, no Estado de Jalisco, em 2001, Joaquín Guzmán Loera, el Chapo Guzmán foi preso em um hotel na cidade de Mazatlán, em Sinaloa. O tamanho do cartel fez de Guzmán um dos homens mais ricos do mundo, segundo a revista Forbes. Em seu ramo, o tráfico de drogas, o cartel liderado por ele é considerado uma das empresas mais eficientes do mundo. Sua captura foi uma injeção de oxigênio para o Governo de Peña Nieto, questionado nos meses anteriores por sua estratégia de segurança. No entanto, os fatos ocorridos em Iguala no último trimestre do ano voltaram a piorar a imagem do México.

Estela de Carlotto e o reencontro com seu neto

Estela de Carlotto abraça seu neto, em agosto.
Estela de Carlotto abraça seu neto, em agosto.N. PISARENKO (AP)

A presidente do movimento Avós da Praça de Maio procurou por 36 anos seu neto Guido Montoya Carlotto. Quatro décadas de incertezas que terminaram com final feliz em agosto, com a descoberta do rapaz. Montoya foi sequestrado durante a ditadura argentina e sua mãe, com quem ele passou apenas cinco horas de vida, foi assassinada aos 24 anos de idade. Mesmo com o reencontro, Carlotto (Buenos Aires, 1930) continuará à frente da organização que ainda luta para encontrar 400 desaparecidos, e diz que o fará “com mais força do que nunca”.

Nairo Quintana, ganhador do Giro

Outro representante do esporte colombiano chegou ao estrelato este ano. O ciclista Nairo Quintana venceu o Giro da Itália durante o verão, tornando-se um dos favoritos para ganhar a Volta da França de 2015, a mais importante prova do ciclismo mundial. O jovem de 24 anos começou como amador em 2009, e em 2012 foi contratado pela equipe Movistar, com a qual ganhou torneios regionais na Espanha. Em 2013, conseguiu o subcampeonato da Volta da França. Sua relação com o mundo do ciclismo se consolidou quando, na adolescência, decidiu usar uma bicicleta presenteada por seu pai para ir à escola em uma cidade vizinha, a 16 quilômetros de casa. Por sua evolução e pelas expectativas que desperta, Quintana poderá voltar a ser o homem do ano em 2015.

Alex Kicillof, o ministro da moda

O ministro da Economia argentino, Alex Kicillof, se tornou, ao longo de 2014, o homem forte do Governo de Cristina Kirchner. Ele atraiu a atenção internacional em agosto, ao se enfrentar com a Justiça dos Estados Unidos e com os fundos abutres que reclamavam 100% da dívida soberana. Com seu aspecto juvenil e atraente, vestuário informal e ideias de esquerda, este homem de 42 anos foi o rosto mais visível do Governo argentino, se excluídos aqueles funcionários que protagonizaram escândalos de corrupção.

María Corina Machado em um protesto em fevereiro.
María Corina Machado em um protesto em fevereiro.REUTERS

María Corina Machado, a alternativa a Maduro

Em abril de 2013, a deputada da oposição venezuelana María Corina Machado (Caracas, 1967) foi agredida fisicamente por outra parlamentar. Em março de 2014, foi destituída do cargo ao ser nomeada embaixadora alterna do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA). Uma semana antes, o partido governista, que a responsabilizou pela onda de protestos iniciada em fevereiro passado em todo o país, tinha solicitado a abertura de uma investigação contra Machado. Com sua saída forçada da Assembleia Nacional e uma denúncia posterior dos chavistas, que a acusaram de elaborar um plano para matar o presidente Maduro, ela se tornou uma referência para a oposição venezuelana. No fim de novembro, Machado foi acusada formalmente de conspiração.

Bonil, o cartunista perseguido

Em janeiro, o cartunista equatoriano Xavier Bonilla (Bonil) se tornou o primeiro profissional chamado a prestar contas de seu trabalho na Superintendência de Informação e Comunicação do país. Um informe interno da instituição que tinha, então, apenas três meses de existência, destacava que Bonil distorcia a verdade e apoiava a agitação social por causa de uma caricatura que publicou no jornal El Universo, em 28 de dezembro de 2013. A charge se referia à invasão do apartamento de Fernando Villavicencio, jornalista e assessor de um parlamentar da oposição. O próprio presidente, Rafael Correa, mencionou o desenho em um ato público, o que deu ao assunto uma maior projeção mediática.

Francisco, o papa que quer mudar a Igreja

O papa Francisco, durante uma audiência no Vaticano.
O papa Francisco, durante uma audiência no Vaticano.Riccardo Antimiani (EFE)

Um ano e meio depois de ser eleito papa, o argentino Jorge Mario Bergoglio continua seus esforços para mudar a Igreja. Do bem-sucedido trabalho de mediação entre os Estados Unidos e Cuba ao arriscado encontro com palestinos e israelenses no Vaticano. Após um encontro entre o papa Francisco e Obama, em março, o presidente norte-americano disse que o papa “com apenas uma frase pode focalizar a atenção do planeta”. Também se destacam este ano seu pedido de perdão pelos abusos sexuais cometidos por religiosos pedófilos e sua postura no sínodo sobre a família, aberta a novos modelos.

A ressurreição de Dilma Rousseff

Em 2014, Dilma Rousseff foi reeleita como presidenta do Brasil para os próximos quatro anos. Por uma margem mínima, a candidata do Partido dos Trabalhadores venceu o liberal Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira, nas eleições mais disputadas da história do país. Guerrilheira contra a ditadura na juventude, ministra de Minas e Energia de Lula e sobrevivente de uma batalha contra o câncer em 2009, Rousseff voltou a demonstrar seu caráter de lutadora em um ano marcado pelas eleições, pela Copa do Mundo, pela corrupção em torno do caso Petrobras e pelo estancamento econômico. Um ano no qual a presidenta foi vaiada na cerimônia de abertura da Copa e onde as sombras dos protestos de 2013 deixaram sua popularidade bastante atingida.

Nadine Heredia, a outra cara da Presidência do Peru

Nadine Heredia com o marido durante uma parada militar em 2013.
Nadine Heredia com o marido durante uma parada militar em 2013.CRIS BOURONOCLE (GETTY)

Este ano, a primeira-dama peruana foi vista por muitos como a pessoa mais poderosa do país. Segundo as pesquisas, ela se situa oito pontos à frente do marido, o presidente Ollanta Humala. Heredia também recebeu críticas de quem diz que ela quer substituí-lo no cargo. Ele é ao mesmo tempo confidente, assessora, colaboradora, relações públicas, apoio e porto-seguro do presidente. Este, quando perguntado pouco depois de ganhar as eleições se ela teria um cargo e um escritório próprios, respondeu? “Mãe de família, com orçamento para o lar e um escritório na rua Fernando Castrat, 195, Chama, Surco, nossa casa. Em seu tempo livre, ela nos ajudará nas questões sociais”. No entanto, não é este o perfil projetado à sociedade. “Nadine sonha em ser como Bachelet, tenta se comportar como uma Michell [Obama] andina, mas age como [Hillary] Clinton”, definiu o publicitário e escritor Gustavo Rodríguez em uma reportagem na revista El Semanal.

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