Dilma consultará Ministério Público antes de nomear os ministros
A presidenta mantém a diretora da Petrobras apesar do escândalo
Em um momento em que as acusações de corrupção são a principal debilidade do Governo brasileiro, a presidenta Dilma Rousseff afirmou ontem que consultará o Ministério Público antes de definir os nomes que comporão o novo ministério a partir de sua posse em 1º de janeiro. “Perguntarei: Há algo contra fulano que me impeça de nomeá-lo?”, disse Dilma em um café da manhã com jornalistas em Brasília.
Com essa iniciativa, a presidenta pretende se precaver de novos episódios do caso Petrobras, que afeta a petroleira estatal e atinge dezenas de políticos aliados cujos nomes ainda não foram divulgados oficialmente. O jornal O Estado de S. Paulo publicou uma lista, fruto das denúncias do ex-diretor de Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa, com 28 nomes supostamente beneficiados pelos desvios na petroleira. Políticos aliados e possíveis candidatos a cargos no novo Executivo são maioria. Um deles é o presidente da Câmara de Deputados, Henrique Eduardo Alves, aposta do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) para o ministério da Integração Nacional.
Dilma defendeu que a lista não é oficial. “Só considerarei oficial no dia em que o procurador me disser isso”, afirmou. “Não quero saber o que eles não podem me dizer. Só quero saber se houver algo que me impeça de nomear alguém”.
Com apenas quatro nomes confirmados dos 39 ministros que integrarão seu Gabinete, Dilma poderia divulgar hoje alguns integrantes de sua nova equipe, mas esperará para anunciar a composição completa quando voltar das férias na Bahia, dias 29 e 30 de dezembro.
Apesar das novas revelações de corrupção na maior empresa estatal do país e da pressão que a oposição está exercendo para implodir a cúpula da Petrobras, a presidenta Dilma afirmou que não pretende mudar a diretoria, nem destituir a presidenta da petroleira, Graça Foster. “Conheço a Graça [Foster]. Sei de sua seriedade e sua correção”, defendeu Dilma. A presidenta, entretanto, admitiu que haverá mudanças no Conselho de Administração da empresa.
O apoio à presidenta da companhia, que pôs seu cargo à disposição de Dilma na semana passada, busca enfraquecer a acusação de uma ex-gerente da Petrobras que declarou ao Ministério Público na sexta-feira que Foster sabia das irregularidades que compõem um dos maiores casos de corrupção do país. A denunciante, Venina Velosa da Fonseca, funcionária desde 1999 e hoje demitida, declarou que alertou Foster por e-mail em várias ocasiões e reafirmou sua denúncia no domingo em um programa de máxima audiência onde assegurou que também avisou pessoalmente a presidenta da Petrobras.
A ex-gerente afirma que enviou vários e-mails em 2009, 2011 e 2012 onde lamentava que, embora os técnicos da companhia se esforçassem para melhorar os contratos e a eficiência dos departamentos, as licitações eram aprovadas sem verificação. “Do imenso orgulho que sentia por essa empresa, passei a sentir vergonha”, dizia em uma de suas mensagens, publicadas pelo jornal Valor Econômico.
A companhia driblou o golpe afirmando que os e-mails não eram suficientemente específicos. Foster, amiga pessoal de Dilma, negou saber dos desvios de dinheiro antes de o escândalo se tornar público e disse que só tomou conhecimento do conteúdo das mensagens de Fonseca em 20 de novembro. A ex-gerente, entretanto, manteve suas acusações e negou ter sido vaga em seus alertas. “Se não foram suficientemente claros, eu, como gestora, posso dizer o seguinte: eu procuraria uma explicação, principalmente de alguém que tivesse muito acesso”, afirmou.
Entre as denúncias que Fonseca teria feito a seus superiores durante seis anos está o desvio no pagamento de 58 milhões de reais em serviços de comunicação não realizados e no aumento do orçamento, de 10 bilhões para 45 bilhões de reais, da construção de uma refinaria no Nordeste do país.
“Não tenho nenhum indício de falta de credibilidade em Foster”, rebateu Dilma, deixando claro que, por enquanto, vai resistir à pressão. “Não vejo nenhuma amostra de irregularidade na atual diretoria da Petrobras. Ao não ver irregularidades, não posso punir”, afirmou.
Durante o café da manhã, que durou pouco mais de uma hora, a presidenta anunciou que não quis fazer previsões sobre o PIB de 2015, e também assegurou que seu Governo tomará “medidas drásticas” na economia. Não especificou quais serão, mas garantiu que não haverá cortes nos programas sociais.
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