Políticos dos principais partidos aparecem na ‘lista negra’ da Petrobras
Segundo O Estado de S. Paulo, há 28 nomes indicados pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa a maioria está atrelada ao PT e à base aliada de Dilma. Eduardo Campos e ex-presidente do PSDB também estão na lista
A Procuradoria-geral da República tem desde o início de setembro uma lista de 28 políticos (entre os quais os presidentes das duas Casas parlamentares e um ministro), identificados por Paulo Roberto Costa, o “arrependido” ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que teriam se beneficiado do esquema de corrupção no âmbito da Operação Lava Jato. A informação, publicada nesta sexta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, menciona os nomes das pessoas denunciadas por Costa (o primeiro colaborador da Justiça nesse caso, detido em março) ao longo de 80 depoimentos prestados durante duas semanas, entre agosto e setembro. Os pagamentos ilegais, desviados entre 2004 e 2012 das obras milionárias contratadas pela petrolífera estatal de grandes construtoras brasileiras costumavam superar 1 milhão de reais, e em alguns casos chegaram a 10 milhões de reais.
A relação de cargos públicos inclui antigos suspeitos e nomes novos, como o governador do Estado do Acre, Tião Viana (PT), reeleito neste ano, além dos deputados Vander Luiz dos Santos Loubet (PT-MS), Alexandre José dos Santos (PMDB-RJ), Luiz Fernando Faria (PP-MG) e José Otávio Germano (PP-RS). Ao todo surgem 7 senadores e 11 deputados federais. Embora a maioria pertença ao arco de partidos que sustentam o Governo de Dilma Rousseff (que foi presidenta do Conselho de Administração da petrolífera entre 2003 e 2010), aparece também um destacado membro do principal partido de oposição, o PSDB: o ex-senador Sérgio Guerra, ex-presidente nacional da agremição, que segundo Costa pediu 10 milhões de reais em 2009 para arquivar uma comissão parlamentar de inquérito sobre a Petrobras no Senado.
Segundo O Estado, em alguns casos foi apenas citado o nome dos políticos supostamente corruptos: não há detalhes sobre valores entregues ou empresas de fachadas utilizadas. É o caso do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente de avião em agosto, quando disputava a campanha eleitoral à Presidência da República. A lista inclui também o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o atual ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, e os ex-ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Mário Negromonte (Cidades). No total são 8 políticos do PMDB, 10 do PP, 8 do PT, 1 do PSB e 1 do PSDB.
Desde que chegou a seu acordo de delação premiada com a Justiça Federal, Paulo Roberto Costa cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro. Os 28 nomes pertencem exclusivamente à lista de políticos que teriam se beneficiado de negócios com o departamento que ele mesmo dirigia (Abastecimento) e não excluem novas acusações: a Polícia Federal e a Procuradoria vão processar outros políticos que teriam tido relação fraudulenta com três ex-diretores da Petrobras que também são investigados: Renato Duque (Serviços), Pedro Barusco (Engenharia) e Nestor Cerveró (Internacional), este último já acusado formalmente de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. No sumário aparecem também obras realizadas em outros países latino-americanos.
Embora os políticos citados neguem taxativamente seu envolvimento, não existem dúvidas, há meses, sobre a participação de políticos eleitos no gigantesco esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de partidos (avaliado em mais de 4 bilhões de dólares, o equivalente a aproximadamente 10,6 bilhões de reais). Em alguns círculos se calcula que estariam na mira da Justiça cerca de 80 políticos, cuja eventual acusação ficaria a cargo do Supremo Tribunal Federal por se tratar de pessoas protegidas pelo fórum privilegiado. Alguns nomes que surgiram durante os últimos meses em reportagens jornalísticas sobre a Operação Lava-Jato, como o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari, não aparecem no documento divulgado pelo jornal. No entanto, outros coincidem com a lista fornecida por outro personagem de destaque, o especialista em lavagem de dinheiro Alberto Yousseff, delator reincidente que cumpre pena na prisão de Curitiba. No meio político se destaca a ansiedade para conhecer definitivamente a lista de processados antes do início da nova legislatura, no dia 1º de fevereiro de 2015. Como uma fonte muito próxima ao caso repete há semanas, “já sabemos quem são os que pagaram; agora buscamos os que receberam”.
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