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Procuradores acusam mais quatro por desvios na Petrobras

O ex-diretor Cerveró, o doleiro Youssef, o lobista Soares e um executivo da Toyo Setal são suspeitos de desviar 106 milhões de reais

Nestor Cerveró (dir.) durante depoimento no Senado.
Nestor Cerveró (dir.) durante depoimento no Senado.Rudy Costa (Ag. Senado)

Famoso por ser o autor do relatório que levou a Petrobras a fazer a compra superfaturada de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, Nestor Cuñat Cerveró, o ex-diretor internacional da companhia, foi denunciado nesta segunda-feira pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Além dele, outras três pessoas foram acusadas formalmente pelo Ministério Público Federal por fazerem parte de uma extensa rede de corrupção que desviou bilhões de reais de uma das maiores empresas públicas brasileiras.

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Conforme a denúncia, juntamente com Cerveró, o doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando Antônio Falcão Soares (o Fernando Baiano) e o empreiteiro Julio Gerin de Almeida Camargo desviaram cerca de 40 milhões de dólares (106 milhões de reais na cotação de hoje) que seriam usados para a contratação de dois navios-sondas. Os serviços, que custaram 1,2 bilhão de dólares (2,6 bilhões de reais), ocorreram em bases de exploração de petróleo na África e no México.

Soares e Camargo são acusados pelos mesmos crimes que Cerveró, enquanto Youssef responde por lavagem de dinheiro. Caso a Justiça aceite a denúncia os quatro se tornarão réus e, em caso de condenação, poderão ter de cumprir de dois a 22 anos de prisão cada um por crime. Cada um responde por 66 crimes. Os procuradores também pedem a devolução de 300 milhões de reais como forma de ressarcir os cofres públicos pelas operações ilegais.

Dois dos quatro denunciados assinaram acordos de delação premiada: Youssef e Camargo. Se condenados, eles terão suas penas abrandadas. O empreiteiro Camargo, um dos responsáveis pela construtora Toyo Setal, foi o primeiro corruptor confesso a firmar o acordo. Outro deles foi Youssef. Com a ajuda deles e dos outros delatores, o Ministério Público e a polícia descobriram que a de 1% a 5% dos recursos gastos com obras da petroleira eram destinados para propinas. Muitos desses valores eram entregues para partidos políticos, como o PMDB e o PT, ambos da base aliada da presidenta Dilma Rousseff. O lobista Soares, denunciado nesta segunda-feira, era o responsável para entregar o dinheiro aos peemedebistas, segundo a investigação. O partido nega.

O esquema criminoso

Segundo a denúncia do Ministério Público, em 2006, Cerveró, então diretor da Petrobras, e o lobista Soares receberam 15 milhões de dólares de Camargo para que a petroleira contratasse um navio-sonda do estaleiro Samsung Heavy Industries pelo valor de 586 milhões de dólares. Na ocasião, o navio operou na perfuração de águas profundas na África. A operação se repetiu no ano seguinte, mediante o pagamento de 25 milhões de dólares em propina, para a contratação de outro navio-sonda só que, dessa vez, para atuar no México, pelo valor de 616 milhões de dólares. Os dinheiro foi dividido entre esses três acusados e com o doleiro Youssef, acusado de repatriar os recursos por meio de falsas consultorias e empréstimos simulados.

38 já foram acusados pelo desvio de recursos da Petrobras

Com as quatro denúncias desta segunda-feira, chega a 38 o número de acusados pelo desvio de recursos da Petrobras. Tido como um dos líderes do esquema, Youssef já apareceu nas quatro denúncias anteriores. Uma delas já foi aceita pelo juiz Sérgio Moro e nove pessoas foram consideradas rés, ou seja, serão julgadas pelos crimes. Nos próximos dias o juiz analisará as acusações contra executivos da Camargo Corrêa, da OAS, da Mendes Júnior, da Galvão Engenharia e da UTC. Na próxima fase, a Operação Lava Jato, irá se debruçar sobre os políticos que faziam parte do esquema.

O doleiro Yousseff e o empreiteiro Júlio Camargo confessaram os crimes. O lobista Soares sempre negou qualquer participação no esquema. Já o ex-diretor Cerveró afirmou, por meio de seu advogado Edson Ribeiro, que não recebeu propinas, que houve um “açodamento” por parte do Ministério Público e que a denúncia é “desprovida de provas”.

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