Um caso inevitavelmente politizado
Operação Lava Jato causou polêmica ao 'explodir' em meio a campanha eleitoral de 2014
Seria provavelmente impossível que um caso das proporções da Operação Lava Jato, que afeta ao coração do poder econômico e político brasileiro, não se tornasse politizado desde um princípio. Em especial, porque sua explosão coincidiu com a pré-campanha das eleições que acabariam concedendo a Dilma Rousseff (presidenta do Conselho de Administração de Petrobras entre 2003 e 2010) um segundo mandato presidencial. Durante a campanha, seu principal rival, o senador tucano Aécio Neves, utilizou munição pesada contra Dilma, sobretudo após algumas reportagens polêmicas gerarem em um setor da sociedade a crença de que tanto ela quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabiam do esquema de desvio e lavagem de dinheiro dentro da estatal. Ambos negaram as acusações terminantemente e apoiaram as investigações da Polícia Federal.
Porta-vozes do PT denunciaram desde um princípio o “vazamento interessado” à imprensa de parte dos depoimentos prestados por dois ‘arrependidos’, que entraram em um acordo de delação premiada com o juiz Sergio Moro -- mas que segundo a Lei 12.846/2013 deve ser mantido em sigilo. Também causava surpresa a ausência do PSDB, segunda força política do país, na folha de pagamento dos partidos mais favorecidos pelo esquema, cujo tema tem dominado as páginas dos principais jornais do país. Os analistas mais próximos ao Governo chegaram a implicar que Moro seria eleito para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal se Aécio Neves fosse eleito presidente da República.
O juiz de Curitiba seguiu sua linha de investigação de forma metódica, como reconhecem até seus inimigos, retificando rapidamente erros, como a falsa inclusão do atual diretor de Abastecimento de Petrobras nas investigações. Não pôde conter, no entanto, uma grave falha estética de alguns agentes da Polícia Federal (posteriormente retificados por seus superiores) que publicaram em seu perfil privado de Facebook propaganda eleitoral pró-PSDB e críticas ao PT em plena campanha eleitoral.
A imprensa brasileira, ultimamente, tem dado destaque a artigos que remontam ao início do esquema de corrupção à década de 1990; que lembram que em alguns setores chegava-se a cobrar até 10% do valor da obra como propina para fechar contratos; que denunciam a hipocrisia generalizada; e que mostram uma verdadeira satisfação pela maturidade institucional de um país que permite uma investigação sem precedentes, “doa a quem doer”, como afirmou recentemente o vice-presidente, Michel Temer. A Procuradoria-Geral da República foi direta: “Há pelo menos quinze anos que o esquema criminoso existia na Petrobras”.
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