Associação de prostitutas espanholas dá curso para principiantes
Crise na Espanha aumenta a demanda de mulheres que desejam aprender o ofício
![Alfonso L. Congostrina](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2Ff83e1e00-58fc-4f9b-9546-7eb3a5b88b09.jpg?auth=548cf3da1ce2c7351e8b47dbf06cf28e9f8df3151090d0d40d2bdcae44607354&width=100&height=100&smart=true)
![Paula Vip, criadora do curso de iniciação à prostituição.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/WOHCIVH4MILR7NQBQUA7ZZBB5M.jpg?auth=69a13ea6ff5196d0c6c9ec33cccc4c303efc47792d4ad4e6bfb00de9ab38778d&width=414)
Paula Vip é seu nome de guerra. Tem 42 anos, é catalã e se define como elegante, discreta, educada e “prostituta”. Também é presidenta da Associação de Profissionais do Sexo (Aprosex) e criadora do único curso de prostituição ministrado na Espanha. Neste sábado, junto com a psicóloga clínica Cristina Garaizábal, Paula voltou a dar aulas para 25 alunas que querem se tornar “prostitutas profissionais”. Tudo em um só fim de semana e por 50 euros (pouco mais de 160 reais). Vip afirma que com a crise na Espanha há um excesso de oferta de mulheres exercendo a prostituição no país e considera que seu curso é imprescindível para entrar no setor.
A presidenta da Aprosex deixa claro, em primeiro lugar, que seu trabalho não tem absolutamente nada a ver com a atividade realizada por mulheres que são obrigadas a se prostituir: “Isso é tráfico de seres humanos e a polícia tem que intervir rapidamente nesses casos”.
Paula diz que está registrada no cadastro de autônomos como trabalhadora sexual, mas não tem direitos: “As autoridades pensam que nós, prostitutas, somos ignorantes e os incomodamos”. Na Aprosex, há associadas que se prostituem nas ruas e que estão ali “porque querem e devem seguir acertando espaços e horários com as prefeituras”.
O representante legal da organização feminista Clara Campoamor, David del Castillo, defendeu o curso da Aprosex, por “tratar com mulheres que se prostituem por vontade própria, sem nenhum tipo de coação, e porque são dados a elas conhecimentos úteis para o exercício da atividade”.
“A crise provocou um excesso de oferta que estourou os preços do mercado e trouxe muitas moças com falta de profissionalismo”, afirma Vip. A presidenta da Aprosex quer que as pessoas que comecem no setor do sexo pago estejam cientes de que “a prostituta não é uma vítima, pois os homens pagam, mas não mandam”.
Paula Vip compara a relação da prostituta com o cliente como a que se exerce com um médico, um arquiteto ou um advogado: “Eu é que decido quanto tempo de tratamento você precisa, em que lugar vai ser construída a casa ou se vou querer ou não representar o seu caso... Quem decide é a profissional, seja ela uma acompanhante de luxo ou uma trabalhadora da rua”. O curso começa alertando as alunas a refletir se servem ou não para a profissão. “Todas nós chegamos aqui por dinheiro, mas você tem que gostar de sexo e tem que ser capaz de fazer sexo com desconhecidos”, diz Vip. Além disso, é importante não cair no “estigma de prostituta”. “É preciso fugir desse estigma e se sentir orgulhosa do que faz”. Também são ensinados pequenos truques para evitar a apatia quando se aproxima o momento de realizar um serviço. Além disso, há um grande capítulo dedicado ao companheirismo e ao marketing da prostituição.