“Dilma desmontou um acordo tácito entre o Brasil e os investidores”
Jornalista Fábio Alves diz que a presidenta quebrou o pacto respeitado por Lula e FHC


A ameaça de recessão econômica foi um dos grandes fracassos do Governo Dilma, e que garantiu muita munição a seus adversários nesta campanha eleitoral. Com uma taxa de 5% de desemprego, o PIB deve avançar menos de 1%. O colunista da Agência Estado Fábio Alves procura explicar os tropeços na economia da presidenta no livro Inflação, Juros e Crescimento no Governo Dilma, lançado nesta semana pela editora Alta Books. Reunindo os principais textos da sua coluna, ele explica, por exemplo, as razões do divórcio do setor privado com a presidenta.
Pergunta. Qual foi o principal erro deste Governo para a economia, em relação ao Governo de Lula?
Resposta. Acho que houve um erro de avaliação ao brigar com as regras já bem aceitas por investidores e empresários, que era o chamado tripé econômico da economia (inflação na meta, câmbio flutuante e superávit primário). Quando Dilma implanta uma nova diretriz, calcada em privilegiar um pouco mais de inflação, ela turva horizonte dos empresários. Ao não perseguir o centro da meta de inflação de 4,5%, e não controlar receitas segundo gastos do Governo – além da mão pesada para alguns setores – ela desmontou um acordo tácito entre o Brasil, os investidores domésticos e estrangeiros e os empresários.
P. Como retomar crescimento com confiança?
R. O desafio de quem vencer as eleições é reconquistar a confiança de investidores, empresários e consumidores que estão nos piores níveis em anos. Apesar do crédito disponível, há um temor do consumidor de perder emprego, que o salário seja corroído pela inflação, e então ele não compra. Ao mesmo tempo, o empresário precisa confiar para investir em expansão de fábricas, em novos negócios, para que isso possa sustentar o mercado de trabalho no futuro. O Brasil perdeu a confiança e esse foi o pior erro deste Governo em comparação ao período de Lula e do Fernando Henrique.
P. Qual o peso do cenário externo?
R. De fato, ele foi mais desafiador no mandato de Dilma, um cenário mais fraco, mas em recuperação, não era o auge da crise. O mercado externo tem peso, mas não é a única explicação.
P. Se ela não quebrasse o acordo tácito com o mercado não haveria um crescimento tão baixo?
R. Não, e também não teria despencado o investimento para 16,5% do PIB, um dos menores que o Brasil já teve e um nível muito mais baixo que os países emergentes. O problema do país hoje não é a falta de demanda. É a falta de oferta, de investimentos. O estímulo ao consumo e a intervenção maior do Estado estava certo durante a crise, em 2008 e 2009, quando o Brasil tinha espaço para fazer isso. O erro foi gastar toda a munição na política de consumo como única fonte de expansão da economia.
P. Quais são as saídas que os candidatos têm no ano que vem.?
R. O investidor exagera quando acha que Dilma não fará nenhum ajuste, e que Aécio fará um ajuste muito grande. Pela ameaça de perder o rating soberano do país, ela fará um ajuste. Não sou tão pessimista em relação ao segundo mandato dela. E se Aécio for eleito, não fará ajuste tão grande, pois diante de um Congresso tão fragmentado, ele mexe com interesses muito grandes. Ele poderá dar uma transparência maior ao ajuste fiscal, e ao uso de bancos públicos.
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