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Bolsa desperta “irracional” com a subida inesperada de Aécio Neves

Ações da Petrobras chegaram a registrar alta de 17%, mas recuaram até a metade do dia. Mercado acredita que mudanças para a economia só podem vir com a oposição

Carla Jiménez

Na noite deste domingo, já haviam apostas entre os especialistas de que a Bolsa de Valores teria uma reação imediata aos números do primeiro turno. A previsão se confirmou e os papeis da Bovespa chegaram a subir 8% nas primeiras horas da manhã, com destaque para a alta da Petrobras, que chegou a subir 17%. “Foi irracional [o comportamento da Petrobras], mas já recuou [até o meio dia, os papeis da estatal subiam 8%]. Nas próximas três semanas, no entanto, as ações terão um comportamento volátil, ao sabor das pesquisas eleitorais”, afirma Pedro Galdi, analista chefe da SLW Corretora de Valores.

Nas contas dos investidores, as chances de Aécio Neves vencer são enormes, uma vez que as pesquisas eleitorais parecem ter mascarado sua aceitação entre os eleitores brasileiros – as últimas pesquisas davam 24% dos votos para ele, enquanto que ele passou para o segundo turno com 33,5%, ou seja, 34,9 milhões de votos, 8,4 milhões a menos que Dilma Rousseff. Marina Silva, por sua vez, teve 22 milhões de votos, e tudo indica que uma grande proporção deve migrar para Neves, cujo discurso econômico cai como uma luva para os investidores. “Para a economia, Aécio é 100% melhor que Dilma”, afirma Sergio Valle, economista chefe da MB Associados. Ele lembra que as pesquisas indicam que 60% dos eleitores de Marina podem migrar para o candidato tucano, pois partilham do mesmo sentimento anti-PT.

Vale acredita que Neves é muito mais preparado que Marina Silva para os confrontos em debates com a presidenta Rousseff, o que deve favorecer ainda mais a campanha do tucano. A votação surpreendente do PSDB neste domingo deixou confiante os agentes financeiros. Embora o mercado não defina resultado de uma eleição, as oscilações negativas quando a presidenta mostrava liderança nas pesquisas durante a campanha geravam repercussões no noticiário, que prejudicam e amplificam as vozes contrárias à mandatária, no Brasil e no exterior.

Seu adversário tucano tem a seu favor, ainda, a indicação de nomes para um eventual governo que já se mostraram bem aceitos pelos investidores, como Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central de Fernando Henrique Cardoso entre 1999 e 2002, para o ministério da Fazenda. Com o raciocínio dos números, os investidores gostam do que Neves vende de sobra: a previsibilidade de suas ações. E na última semana antes do primeiro turno ele vinha divulgando detalhes seu programa de governo, algo que Dilma ainda não fez. “Aécio tem um produto para vender melhor que o de Rousseff”, afirma Vale.

Caberá à petista aproveitar as três semanas que restam de campanha até o segundo turno para apresentar suas propostas para recuperar o vigor da atividade econômica e controlar a persistente inflação, e detalhar alguns nomes que podem ajuda-la nessa missão. Ela já anunciou que seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, se retira ao final deste mandato. Mas, é preciso mais do que isso para resgatar alguma confiança do mercado. “O mercado financeiro quer mudanças, e elas só podem vir com a oposição”, acredita Galdi. Vale, da MB Associados, concorda. “Todo mundo foge de Dilma, não há mais o que fazer”, completa. O jogo, entretanto, ainda está rolando, e tudo que se pode dizer até aqui é que a campanha deste ano foi a menos previsível desde a redemocratização do país.

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