Os presidenciáveis se enfrentam no último debate antes da votação
Com a presidenta Dilma na liderança das pesquisas e Aécio em ascensão, os candidatos tiveram a última chance de defender suas candidaturas
O último debate entre os candidatos à presidência terminou por volta da 1h20 da madrugada desta sexta-feira na TV Globo. Ele aconteceu horas após a divulgação de duas pesquisas, uma do Ibope e outra do Datafolha, que confirmou a tendência de queda de Marina Silva (PSB) e de crescimento de Aécio Neves (PSDB) – os dois aparecem tecnicamente empatados, segundo o Datafolha. A presidenta Dilma Rousseff (PT) cresceu e aparece com 47% dos votos válidos, segundo o Ibope.
Os outros quatro candidatos a participarem do debate foram: Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Levy Fidelix (PRTB) e Eduardo Jorge (PV). Veja abaixo os pontos debatidos.
Corrupção
Dilma inicia o debate falando sobre corrupção, citando o último escândalo da Petrobras. Luciana Genro diz que há um tesoureiro do PT envolvido no escândalo. "O mensalão foi o primeiro episódio que mostrou para onde levam as alianças que vocês têm feito com a direita". Dilma respondeu: "Não acho que são alianças que defendam corruptos. Há corruptos em qualquer lugar" e citou os esforços que afirma ter feito em seu Governo. "Iremos investigar doa a quem doer".
Correios
Pastor Everaldo pergunta a Aécio sobre os Correios, que segundo ele foi onde começou o mensalão do PT, e que agora reaparece na imprensa como a denúncia de que seus funcionários estão atuando na campanha de Dilma e para prejudicar os outros candidatos. Aécio afirmou: "Fomos descobrir que grande parte da correspondência enviada por nós não chegou aos destinatários", disse Aécio, que também falou do escândalo da Petrobras e de seu ex-diretor, Paulo Roberto Costa, "elogiado" pelos seus serviços prestados à estatal. "O dinheiro roubado por Paulo Roberto corresponde a 420.000 Bolsas Família", diz Aécio. "O PT perdeu há muito tempo a capacidade de apresentar um projeto transformador", concluiu.
Nova Política
O senador Aécio Neves optou por dirigir sua primeira pergunta à ex-senadora Marina Silva. Referindo-se às duras críticas que Marina vem recebendo do PT, Aécio disse que “esse sempre foi o modo de agir do PT”, e lembrou que a adversária “militou durante 24 anos no PT e permaneceu lá durante o escândalo do mensalão”, perguntando: “onde estava a nova política” naquela época? Na resposta, Marina optou por devolver o ataque, dizendo que Aécio também optou por ficar em seu partido, o PSDB, apesar de denúncias sobre a compra de votos para a aprovação da reeleição no Congresso Nacional. “Podemos ficar dentro do partido e não compactuar com os erros cometidos”, disse Marina, acrescentando que saiu do PT “para manter as convicções”. “Não vi você fazer nenhuma crítica sobre a compra de votos para a reeleição [durante o Governo Fernando Henrique Cardoso] ”, completou ela.
Educação
Dilma pergunta a Eduardo Jorge: "O que o senhor considera importante nessa questão ligada ao PRONATEC e à educação técnica?" Eduardo Jorge afirma que é um programa importante, e que seu partido pretende incentivá-lo. Par ele, há três áreas prioritárias no novo Plano de Educação: a meta 17, 18 e a 20 (a que amplia os recursos para a educação). "Acreditamos que não há uma educação de qualidade se o professor não for respeitado. Ele hoje ganha dois salários mínimos", afirma Eduardo. Dilma diz concordar com ele e afirma que o Governo investiu 75% dos royalties da exploração do petróleo do pré-sal neste setor. Eduardo Jorge, por sua vez, aproveita para criticar o uso do dinheiro que é gerado pela exploração de um "combustível que vai envenenar todos nós".
Bolsa Família
Em sua primeira intervenção, Marina perguntou para o Pastor Everaldo se o candidato do PSC pretende manter o Bolsa Família caso eleito. Ao responder, Everaldo não apenas elogiou o programa como lembrou que ajudou a implantar o Bolsa Cidadão, que seria um precursor do Bolsa Família, segundo ele, quando atuou no governo Anthony Garotinho, no Rio de Janeiro. Destacando detalhes do programa de Governo do Rio de Janeiro, Everaldo voltou a ressaltar, como fez em debates anteriores, seu passado, como quando atuou como office boy, e se comprometeu a “dar uma melhorada no Bolsa Família”. Segundo Marina, os programas devem ser estendidos, já que faltam 4 milhões no cadastro do programa que não foram alcançados. A candidata prometeu ainda pagar um 13° salário para quem recebe o Bolsa Família.
Perdão
Eduardo Jorge pergunta a Levy Fidelix. "O senhor extrapolou todos os limites com suas declarações", em referência ao último debate, em que ele fez declarações homofóbicas. Ele pede que o candidato do PRTB peça perdão pela sua fala. Levy eleva o tom e critica o opositor por propor que o jovem "consuma maconha", e o "aborto", uma apologia ao crime, segundo ele. Levy alega que a previsão de que um homem e uma mulher tenham filhos é da Constituição. E diz que isso também está previsto no Código Civil. "Eu não fiz nenhuma apologia. Apenas defendo a posição cristã, familiar" e diz que tem garantido seu direito de livre expressão. Eduardo diz que isso é a Justiça que vai decidir, já que seu partido está representando contra o candidato do PRTB. "O senhor envergonhou o Brasil", diz Eduardo Jorge. "Você me envergonha porque você está fazendo apologia a crimes, incentivando nossos jovens. O povo brasileiro quer um jovem sadio", diz Levy.
Mais críticas a Fidelix
Luciana Genro engrossou o coro contra Fidelix, depois de ser provocada pelo próprio candidato do PRTB. Em sua primeira chance de perguntar, Fidelix disse que o marido de Genro o procurou para evitar perguntas no debate anterior. Na resposta, a candidata socialista disse que, no último debate, Fidelix “incitou o direito de uma suposta maioria contra os direitos de uma minoria”. Segundo ela, foi “o mesmo discurso que os racistas fazem contra os negros (…) Estamos lutando para que pessoas que fazem discurso como o seu saiam algemadas". Genro aproveitou ainda para estender a crítica ao Governo Dilma Rousseff, que teria sido “criminoso” ao suspender o programa de combate à homofobia nas escolas. Segundo a socialista, esses programas devem e existir “para que não tenhamos mais adultos como o senhor Fidelix”.
Aborto
O segundo bloco do debate começa com o sorteio do tema corrupção, e se enfrentam Eduardo Jorge e Dilma Rousseff. Eduardo levanta o tema do aborto, citando as mortes recentes de duas mulheres, Jandira e Elizângela, que perderam a vida tentando interromper a gravidez no Rio de Janeiro em clínicas clandestinas. "A senhora sendo uma presidenta mulher não se sente triste por causa do seu Governo, que mantém uma lei cruel e antimulher, como essa lei atual?" Dilma começa sua resposta falando sobre corrupção, em alusão a uma acusação prévia feita anteriormente por outro candidato sobre a Petrobras. No pouco espaço que restou, afirmou: "Eu cumpro a lei, que é interromper a gravidez em três casos". Jorge retrucou: "gostaria que a senhora reconsiderasse e apoiasse a proposta do PV contra essa lei machista, que mata mulheres. Eu sou a favor de prevenir a gravidez precoce, apoiar as jovens pra que elas não sejam levadas a esse momento em que se sentem desprotegidas".
Privatização
Em sua primeira pergunta no segundo bloco, Dilma mirou em Aécio Neves e disse que, durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, no qual Aécio atuou como líder no Congresso Nacional, os tucanos defenderam políticas de privatização, inclusive considerando privatizar empresas como a Petrobras e os bancos públicos. Em resposta, Aécio disse que o Governo do PSDB privatizou “o que precisava ser privatizado”. “No meu governo, a Petrobras vai ser devolvida aos brasileiros. Teremos uma direção da empresa profissional, que engrandeça a empresa, e não que a diminua”, disse, reforçando que, em seu Governo, as empresas públicas não mais serão cabides de emprego, como, segundo ele, foram durante os anos de governo do PT.
"Leia seu programa"
A candidata Marina Silva questionou a presidenta Dilma Rousseff sobre sua posição ter mudado quanto à independência do Banco Central da eleição de 2010 para cá. “A senhora entrou em batalha campal com José Serra porque ele era contra a independência do BC. E agora você diz que é contra. Qual é a Dilma de agora, a que faz um discurso ou a da convicção?”. Dilma devolveu dizendo que a candidata do PSB estava confundindo autonomia e independência. “Independente só são os poderes, Legislativo, Executivo, e Judiciário. Independência do BC é criar um quarto poder”, disse a petista, que afirmou respeitar a autonomia do BC, que, segundo ela, não precisa ser legalizada. “Sugiro que a senhora leia o que foi escrito no seu programa”, alfinetou. Marina voltou dizendo que quem estava falando era a Dilma das eleições, e não a das convicções, “que por não ter experiência política e não ter sido nem vereadora, não conhece os poderes. Autonomia do BC é para que ele tenha a independência de evitar que a inflação cresça”. A presidenta, no entanto, repetiu que a inflação está sob controle.
Previdência
Pastor Everaldo demonstra novamente a 'tabelinha' com Aécio Neves e se atrapalha, ao perguntar sobre as sobre as obras do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), tema distante do que havia sido sorteado, que era "previdência". Ele é interrompido pelo mediador do debate, William Bonner, e tem que refazer a pergunta: "qual o seu plano para a previdência", questiona, arrancando risos da plateia pela pergunta camarada. Aécio diz que o déficit previsto para 2026 foi alcançado neste ano e alega que um dos projetos do Governo Lula, entre eles o do sistema previdenciário, foi engavetado "com muitos outros" pelos escândalos do mensalão. Promete rever o fator previdenciário, um dos compromissos que assumiu com as centrais sindicais que o apoiam, em diversos comícios que realizou durante a campanha. Everaldo afirma que o PSC deseja o fim do fator previdenciário. Aécio complementa dizendo que os aposentados terão garantia de que os medicamentos terão a variação de seus custos controlados.
Reforma
Questionado por Aécio sobre o Custo Brasil, Eduardo Jorge destacou que seu partido, o PV, tem um projeto pronto e claro de reforma tributária. Segundo ele, um imposto único arrecadatório federal seria “a maior medida racionalizadora”, podendo reduzir em até 10% dos preços de produtos alimentícios, como o pão. Aécio concordou com o adversário quanto à necessidade de uma reforma tributária e disse que, caso eleito, na primeira semana de abertura do Congresso vai apresentar uma proposta de simplificação do sistema tributário, para que “os gastos correntes possam se encaixar no crescimento da economia”.
Segurança pública
Luciana Genro aproveitou uma pergunta sobre segurança pública para comparar os programas econômicos de Marina aos de Aécio e Dilma. A candidata do PSB refutou a comparação e disse que pretende aumentar os recursos para a segurança pública, para que, entre outras coisas, o país possa ter uma polícia que seja treinada adequadamente e respeite os direitos humanos. Em sua intervenção, Marina lembrou o Pacto Pela Vida, programa da gestão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em um acidente de avião em agosto. Genro retrucou, dizendo ter medo de que Marina ceda a pressões para “uma segurança pública militarizada e violenta”, já que Marina estaria fazendo concessões, entre elas para o agronegócio e para setores religiosos. Marina respondeu dizendo que tem uma vida inteira dedicada à defesa dos direitos humanos e que a adversária estaria lhe comparando a Aécio e Dilma “por uma questão eleitoreira”.
Combate às drogas
Levy Fidelix afirma que Luciana Genro foi à Cuba e à Venezuela e que a candidata do PSOL "treinou na guerrilha", e pergunta o que ela vai fazer com os jovens que usam drogas. Luciana afirma que o que há atualmente é uma "guerra aos pobres, não às drogas". Critica a atuação das Unidades de Polícia Pacificadora nas favelas do Rio de Janeiro, dizendo que "contribuem mais com a violência" ao invés de combatê-la, citando o caso do pedreiro Amarildo, que foi morto por policiais de uma dessas unidades no Rio em julho de 2013. A candidata do PSOL diz que a segurança pública deve defender os direitos humanos e que em seu Governo a polícia seria desmilitarizada. Levy rebate dizendo que o aparato de segurança está sobrecarregado pela falta de fiscalização nas fronteiras, por onde as drogas entram no país. Concluiu sua fala dizendo "Sou um homem justo e correto" e foi rebatido por Luciana, que o atacou dizendo que ele teria que sair da corrida eleitoral caso a homofobia fosse crime. E afirma que o desemprego juvenil atinge 14% dos jovens e que não defende que quem fuma maconha seja preso, mas que tenha oportunidades.
O sujo e o mal lavado
Luciana Genro pergunta a Aécio Neves e começa sua fala relembrando uma frase que usou anteriormente em outro debate: "Você e a Dilma parecem o sujo falando do mal lavado" e retoma o discurso da corrupção do PT, que tem seu correspondente no mensalão mineiro, outro escândalo de lavagem de dinheiro no Estado que Aécio governou. "Tu tinha que ter vergonha de falar em corrupção com o PT, porque o mensalão mineiro foi a origem do mensalão, e porque a privataria tucana, quando vocês privatizaram tudo no Brasil, foi um grande escândalo". Aécio responde dizendo que o que ela diz "não tem a menor conexão com a realidade". E alega que sem o plano de modernização da economia do Governo de FHC, não haveria o Brasil de hoje. "Aécio, quem não tem conexão com a realidade é você. Você que anda de jatinho, que ganha um alto salário não conhece a realidade do povo", retruca ela. Aécio, por sua vez, diz: "Acusações levianas em véspera de eleição não servem a um debate desse nível, lamentavelmente você não está preparada para disputar a presidência da República."
Programas sociais
Ao questionar Aécio Neves, a presidenta Dilma procurou marcar diferenças entre os governos petistas e tucanos no que diz respeito a programa sociais. Ela perguntou a ele o que ele achava do Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional criado em seu Governo. Aécio afirmou que muitos dos programas do Governo petista foram inspirados em programas anteriores. "A administração pública, Dilma, é copiar as boas ideias, aprimorar, reinventá-las, mas com generosidade, sem achar que descobriu a roda, que é dona de todos os projetos. Não é o primeiro nem será o último projeto habitacional do Brasil, é importante e esse tipo de subsídio será mantido no meu Governo, o que não acontecerá no meu Governo é o subsídio para os empresários amigos do poder", disse ele. Ela respondeu: "interessante, Aécio, um programa de 14 milhões de famílias não tem nada a ver com o programa que era extremamente fatiado e não chegava a mais de dois milhões de pessoas", referindo-se ao programa habitacional do Governo anterior, do PSDB.
"Cidadão de bem"
Levy Fidelix pergunta sobre segurança pública para o candidato do PSC, Pastor Everaldo. O candidato evangélico repete o discurso de sua propaganda política, uma máxima nesta campanha que diz: "O cidadão de bem está preso dentro de casa e o bandido está solto na rua". "Hoje são 39 Ministérios e nenhum cuida da segurança pública do brasileiro", alega, dizendo que em seu governo haveria uma pasta dedicada ao tema. Levy está de acordo com Everaldo e diz que a Pec 300 (que prevê um piso salarial para bombeiros e policiais militares) está emperrada "porque o Governo não faz nada a não ser dar dinheiro para quem não precisa, como os cubanos". Everaldo concorda com o candidato do PRTB, dizendo que é preciso colocar em votação a PEC 300, "para restabelecer a dignidade do policial".
Corrupção no IBAMA
Dilma e Marina fizeram mais um embate acalorado. E, mais uma vez, o tema "corrupção" foi o mote. "Existe uma lei no Congresso Nacional que faz o combate de corrupção das empresas corruptoras, e você tem o projeto de regulamentação na sua gaveta e até hoje você não regulamentou. Você diz que foi o próprio diretor da Petrobras que disse que ia sair porque tinha recebido um recado. Foi negociação premiada. Existe agora a delação premiada. Houve uma demissão premiada, negociada no seu Governo?", alfinetou Marina. Dilma retrucou: "Marina, vamos colocar as coisas e os pingos nos 'is'. O seu diretor, nomeado por você, diretor de fiscalização do IBAMA foi afastado do meu Governo por desvio de recursos. E eu não saí por aí, Marina, dizendo que você tinha acobertado a corrupção."
Inflação
Em mais uma pergunta dirigida a Dilma, Aécio ironizou o controle que o Governo da petista diz ter da taxa de inflação (atualmente mais próxima do teto da meta, de 6,5% ao ano, do que do centro da meta, de 4,5%). Em resposta, a presidenta disse que o Governo do PSDB quebrou o Brasil três vezes e praticou altas taxas de juros. "Vocês desempregaram 12,5%. Era a taxa de desemprego. [Vocês] Tiveram taxas de juros que bateram todos os recordes, 45%, ficaram de joelhos para o Fundo Monetário", criticou Dilma. Aécio retrucou, dizendo que "nem a competência do seu marqueteiro é capaz de reescrever a história". Segundo o tucano, o Governo do PSDB pegou o país com uma taxa de inflação de 916% e entregou o governo ao PT com uma taxa de 7%.
Prisões
Eduardo Jorge pergunta para Marina: "Como vai tratar o problema das penitenciárias?" Marina responde dizendo que 56.000 pessoas são assassinadas por ano, a maioria "negras, pobres e da periferia". Para ela, a falta de uma política para esta área faz com que os presídios sejam "superlotados e desumanos". Acrescenta que a população carcerária não tem acesso a um advogado público de defesa, porque este também é mal remunerado. Eduardo Jorge diz que há um projeto, que está na mesa de um dos ministros da Dilma há dois anos, que preveria a agilidade nos processos, já que 40% dos presos são provisórios e que não são aplicadas as medidas cautelares. Marina concorda e diz que isso é fundamental e que também deveriam ter acesso ao seu processo em trâmite. E, falando em engavetamento, aproveita para criticar o índice de demarcação de terras indígenas do Governo Dilma e o fato de 16 terras indígenas já autorizadas não serem demarcadas.
Mudança Climática
Dilma Rousseff pergunta para Aécio Neves sobre mudança climática. "O Brasil assumiu espontaneamente o compromisso de reduzir as emissões de gás efeito estufa. Além disso, temos reduzido o desmatamento. Quais são suas propostas?", pergunta a petista. Aécio responde que sua política levou o país "na contramão da sustentabilidade" por não aproveitar o uso de energias renováveis, como a eólica e a biomassa. Afirma ainda que o etanol não foi incentivado, mas atacado, e que o cadastro ambiental rural (registro para integrar informações ambientais com as posses de propriedades rurais) atrasou dois anos para ser implementado. "Seu governo é o Governo do improviso, o Governo das respostas que vêm apenas depois que o problema já existe. Por isso nós precisamos restabelecer o planejamento no país", atacou Aécio. Dilma afirma que o cadastro "está em andamento" e garante que 79% da matriz elétrica brasileira é ambientalmente correta e sustentável. "O Brasil reduz por ano 650 milhões de toneladas de emissão de CO2", conclui.
Privatização dos presídios
Questionado por Levy Fidelix sobre o que fazer para melhorar o sistema carcerário, Aécio propôs proibir o contingenciamento de investimentos em segurança, além de promover parcerias com a iniciativa privada no setor. Segundo Aécio, as “masmorras medievais” em que se transformaram as penitenciárias do país receberam apenas 10,9% do Fundo Penitenciário no último ano. Na réplica, Fidelix disse que pretende privatizar as penitenciárias e transformá-las em “fábricas” e “indústrias”. Aécio complementou, dizendo que presos com menor periculosidade em Minas Gerais, que ele governou por dois mandatos, são resgatados e ressocializados.
Economia
Marina Silva pergunta sobre os baixos investimentos na economia, para Eduardo Jorge. O candidato do PV explica que o grande problema, desde seu ponto de vista, é a questão dos juros altos, o que faz com que os "capitalistas depositem o dinheiro no banco e vão viajar na Europa, porque não querem investir na própria empresa". Segundo ele, baixar progressivamente a taxa de juros faz o dinheiro fluir e gerar empregos. Marina retoma o discurso da autonomia do Banco Central. "Falta de autonomia do Banco Central, isso levou a elevação de juros, levou a subir a inflação, e sem sombra de dúvida faz com que aquele que gera renda prefira fazer a especulação financeira, porque nunca se ganhou tanto dinheiro como no atual Governo".
Direitos trabalhistas
Ao questionar Marina, Aécio disse ter dúvidas sobre a manutenção dos direitos trabalhistas no caso de um governo do PSB. A ex-senadora garantiu, ao responder, que vai manter os direitos trabalhistas, “respeitando aquilo que os trabalhadores duramente conquistaram”. Marina ainda defendeu a ampliação da formalidade dos empregos, além de prometer rever o fator previdenciário, tema que motivou declarações divergentes de Aécio nas últimas semanas. O tucano respondeu à cutucada com outra provocação: "Quem muda de posição a todo tempo não sou eu". Segundo ele, para além das leis trabalhistas, o aumento real do salário mínimo só vai acontecer quando a economia voltar a crescer.
Cargas tributárias
Pastor Everaldo pergunta para Marina Silva sobre as propostas do PSB para reduzir a carga tributária brasileira, segundo ele "uma das mais altas do mundo". Marina diz que seu Governo fará uma reforma tributária, porque "hoje quem ganha menos, paga mais". E que prezará pela simplificação e transparência. "Aquele que vai ao supermercado não sabe que está pagando mais imposto que quem compra um avião", disse a candidata do PSB, e agregou que há uma má distribuição dos valores recolhidos, já que os prefeitos acabam dependendo do Governo federal para conseguir verbas. Everaldo, no momento de replicar a pergunta, aproveitou para defender sua proposta, de reduzir o Estado brasileiro ao "mínimo necessário", dizendo também que aumentará o limite de faturamento do micro e médio empresário. E Marina aproveita sua tréplica para dizer que um de seus compromissos é não elevar os impostos, mesmo com a reforma tributária.
Políticas Sociais
Ao questionar a presidenta Dilma sobre políticas sociais, Luciana Genro duvidou que alguém saia da pobreza ao receber R$ 70 pelo Bolsa Família e perguntou a opinião da presidenta sobre a taxação de grandes fortunas para aumentar transferência de renda. Dilma respondeu que "políticas sociais são centro do nosso Orçamento" e citou programas como Pronatec e Minha Casa, Minha Vida. Na réplica, Genro disse que Dilma defende o interesse dos bancos e que "os grandes milionários só aumentaram suas fortunas nos últimos anos". A petista afirmou que o Governo federal mudou a cobrança dos impostos ao desonerar a cesta básica, a folha de pagamentos e bens fundamentais.
Fidelix, mais uma vez
Levy Fidelix aproveita suas considerações finais para defender as declarações homofóbicas feitas no último debate e agradeceu a Deus pelo "conforto e firmeza quando tentaram atentar contra a moral e os bons costumes" por meio dele. "Não podemos deixar que o nosso país vá para o descalabro e a desagregação social e moral". Disse ainda que saber que não vai ganhar a disputa, mas diz que estará de volta.
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