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Dilma ataca e Marina se defende esperando o segundo turno

A presidenta brasileira insiste no que, segundo ela, são contradições da candidata do PSB, que nega mais uma vez que acabará com programas sociais

Os presidenciáveis no debate de domingo.
Os presidenciáveis no debate de domingo.Sebastião Moreira (EFE)

A presidenta Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), sabe onde está seu inimigo nesta campanha eleitoral e parece saber também o que fazer para derrotá-lo. As últimas pesquisas lhe dão razão. Por isso o debate eleitoral realizado na noite de domingo, na TV Record (o penúltimo antes do primeiro turno), se concentrou nos ataques de Rousseff à candidata Marina Silva, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), exatamente como vem fazendo nas últimas semanas.

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Rousseff taxou a ex-ministra do Meio Ambiente de inconsistente, acusou-a de ter militado em quatro partidos diferentes nos últimos anos e de mudado de voto em relação à CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira). Silva se defendeu argumentando que sempre advogou pelos mesmos valores e que, precisamente por isso, por se manter sempre com os mesmos ideais, se viu obrigada a mudar de partido. O terceiro da disputa, Aécio Neves, do mais conservador Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a quem as pesquisas dão por eliminado do segundo turno, tratou de se vincular à batalha e reclamou seu espaço: “As outras duas candidatas não param de brigar, mas eu me preparei para brigar ao lado de você para melhorar o Brasil”.

A mais recente pesquisa, divulgada na sexta-feira pela Folha de S.Paulo, trouxe um dado revelador: Dilma Rousseff está subindo e Marina está caindo. Tanto que, se essa tendência se mantiver, existe a possibilidade (ainda que remota) de que a presidenta ganhe no primeiro turno, marcado para o próximo domingo. Rousseff, assim, aproveitou o debate para se apresentar como a candidata com mais experiência e possibilidade de defender o que, a seu critério, conquistou nesses últimos anos: “O eleitor deve se perguntar quem tem mais capacidade e compromisso verdadeiro para defender o que foi conquistado, quem enfrentou a crise internacional e quem preparou o Brasil para superá-la”. Antes, tinha utilizado suas perguntas para incidir nas supostas contradições de Marina Silva: “A senhora vai tirar poder e recursos dos bancos públicos de crédito? Porque é isso o que diz em seu programa. E depois nega”.

Já Silva passou boa parte da noite negando repetidamente o que, segundo ela, são mentiras e rumores lançados pelo PT de que ela vai acabar com programas sociais como o Bolsa Família, caso chegue ao poder. E também atacou Rousseff ao acusá-la de ter levado a indústria brasileira ao fracasso durante seu Governo. Rousseff escapou da pergunta sem responder claramente. A candidata do PSB também tentou se desvincular de uma filiação à direita ou à esquerda, afirmando que a moderna sociedade brasileira já deixou para trás essa dicotomia. “Há quem diga que de um lado está o bem e do outro o mal. Já está na hora de superar isso. Nós temos a oportunidade de melhorar a qualidade da política graças ao apoio do ativismo da população”.

Em sua última vez com a palavra, Neves acusou Rousseff de ter perdido as condições de governar e a Silva de nunca tê-las adquirido. E lembrou que sua aliança tem subido nas pesquisas nos últimos dias, em uma mensagem de esperança a seus eleitores.

Dois iguais não fazem filho. E, desculpe, aparelho excretor não reproduz Levy FIdelix, candidato do PRTB

Apesar de alguns analisas preverem que Silva pode perder no primeiro turno, a candidata se prepara um segundo no qual, a seu ver, terá mais oportunidades: “Será aí, quando tivermos mais tempo para dar nossa mensagem (atualmente dispõe de quase nove minutos a menos que sua oponente na televisão), que nos faremos escutar e poderemos explicar nossas propostas”.

A voz dissonante em um debate tenso mas educado foi a do candidato do minoritário PRTB, Levy Fidelix, que, ao ser perguntado se iria permitir a modificação da lei para permitir o casamento entre homossexuais, respondeu: “Dois iguais não fazem filho. E, desculpe, aparelho excretor não reproduz (...) Que esses que tenham esses problemas sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente”. O comentário inflamou as redes sociais.

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