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Enquanto Dilma sobe nas pesquisas, a Bolsa tem queda acentuada

Ações derretem com a confirmação da liderança da candidata do PT na corrida eleitoral. Tendência de alta de juros nos EUA, e queda de confiança na Zona do Euro, contribuem para o quadro

Dilma Rousseff no debate da TV Record, no domingo.
Dilma Rousseff no debate da TV Record, no domingo.Andre Penner (AP)

A pesquisa eleitoral, divulgada na noite de sexta feira pelo instituto Datafolha, que indica um fortalecimento da liderança de Dilma Rousseff (PT) na corrida eleitoral, desatou uma tormenta no mercado de ações do Brasil. Às 11 horas da manhã, o Índice Ibovespa, principal indicador de bolsa, registrava uma queda de 4,2%. Paralelamente, o dólar subia 1,4%.

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A pesquisa é a primeira claramente favorável a Rousseff, desde que Marina Silva entrou na disputa, em agosto, como candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) depois da morte de Eduardo Campos, num acidente aéreo. Até agora, em todas as pesquisas, Rousseff aparecia empatada tecnicamente com Marina na simulação de um segundo turno entre as duas presidenciáveis e por vezes com leve desvantagem.

A candidata do PSB viveu uma eclosão no início de setembro, com um vento eleitoral que parecia definitivo, mas que veio diminuindo dia a dia. A tardia, ainda que esperada, reação dos mercados nesta segunda-feira, veio depois de uma alta na sexta-feira, motivada por rumores de que uma denuncia seria feita por uma revista semanal no final de semana. A pesquisa Datafolha também só foi conhecida no final do dia, quando o mercado já havia fechado. Especialistas aguardavam uma queda, uma vez que a presidenta é identificada com um intervencionismo que atrapalha a economia, e porque não há confiança de que sejam levadas a cabo medidas mais liberais para dinamizar a atividade econômica. É sintomático ainda que as ações da Petrobras, que está no centro dos ataques dos adversários do Governo e alvo de denúncias de corrupção, tenham despencado quase 9% nas primeiras horas desta segunda-feira.

Seja como for, o Governo de Rousseff já vem acenando para tomar medidas pró-mercado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reúne-se hoje com empresários para anunciar medidas de apoio aos exportadores. É o segundo encontro em duas semanas para negociar contrapartidas com o setor produtivo. O presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Benjamin Steinbruch, um crítico ferrenho deste governo, disse em entrevista à Folha de São Paulo, que pode até “dilmar”, ou seja, votar na presidenta, desde que algumas mudanças importantes sejam atendidas.

O Governo de Rousseff já vem acenando para tomar medidas pró-mercado

Analistas observam, ainda, que as oscilações no mercado estavam previstas, uma vez que no início da corrida eleitoral com a candidata do PSB investidores davam como praticamente certa a sua vitória, e compraram papéis levando em conta esse único cenário. Com a alta de Rousseff, começam a ajustar suas escolhas. Ao mesmo tempo, o cenário externo também contribui para as oscilações. Segundo relatório do banco Bradesco, a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos com a recuperação da economia, que cresceu 4,6% no segundo trimestre, favorece a queda da bolsa e a valorização do dólar. O banco destaca ainda que “a queda dos indicadores de confiança na zona do Euro reforça o movimento de baixa das bolsas na região”. A pressão de baixa, no entanto, ainda está sendo avaliada. Apenas três, das 69 ações do Ibovespa, estavam subindo nesta segunda-feira.

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