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“O impacto de objetos externos de grande potência” provocou a queda do voo MH17

O relatório preliminar do Conselho de Segurança Holandês exclui a possibilidade de falha técnica

Isabel Ferrer
Rebeldes pró-russos ao lado dos corpos das vítimas do MH17, em julho.
Rebeldes pró-russos ao lado dos corpos das vítimas do MH17, em julho.E. M. (AP)

O relatório preliminar sobre o desastre do voo MH17 da Malaysia Airlines exclui a possibilidade de uma falha técnica. Ao contrário, os investigadores internacionais reunidos pelo Conselho de Segurança Holandês afirmam que a aeronave – um Boeing 777 – "explodiu no ar provavelmente por causa do impacto de vários objetos de grande potência que atravessaram a fuselagem". O avião percorria a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur e caiu no último dia 17 de julho sobre a região de Donetsk, na Ucrânia. Ao todo, 298 pessoas morreram, sendo 196 delas holandesas. A possibilidade de um atentado terrorista perpetrado por separatistas ucranianos com um míssil terra-ar da classe Buk, fornecido pela Rússia, foi confirmada já em julho pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

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Nesta terça-feira, os especialistas (vindos dos Estados Unidos, Rússia, Ucrânia, Malásia, Austrália, Alemanha e Reino Unido) evitaram utilizar o termo "míssil". Mas, apesar de dizerem que não puderam analisar os destroços da aeronave, "os danos observados nas fotografias realizadas correspondem aos esperados quando um grande número de objetos, como os mencionados, atingem o aparelho".

O Conselho de Segurança conseguiu reconstituir as últimas chamadas para o avião feitos pelos controladores de voo da Ucrânia. "As que aparecem entre as 13h20min00 UTC (10h20 em Brasília) e 13h22min02 UTC ficaram sem resposta. O voo seguiu seu curso normalmente até as 13h20.03 UTC. Nada indica que houve problemas técnicos ou uma emergência. As comunicações radiofônicas mantidas com os serviços ucranianos de controle aéreo confirmam também que o avião não fez pedidos de socorro. Em seguida, a gravação na cabine é interrompida repentinamente", segundo o relatório.

O Governo de Kiev deixou a investigação nas mãos de uma equipe internacional liderada por especialistas holandeses, mas as causas do ocorrido não seriam divulgadas nesta terça-feira. Por causa do conflito armado entre as tropas da Ucrânia e os militantes pró-Rússia e pela dificuldade de recolher informações confiáveis, o documento completo será apresentado no ano que vem. Até agora foram estudadas a fundo as conversas com os controladores aéreos, as imagens feitas por satélites na região do desastre e as fotos realizadas em terra. Sabendo que se espera deles uma resposta sobre a autoria da tragédia, os pesquisadores lembraram que seu trabalho consiste "em melhorar a segurança aérea e suas rotas". A Procuradoria-Geral do Estado holandês, responsável pela procura pelos possíveis culpados, já afirmou que a tarefa "pode se prolongar por vários anos".

O relatório final deverá incluir uma seção sobre os critérios empregados para avaliar a segurança das rotas aéreas (sobre zonas de conflito). Além disso, serão analisados os tempos de divulgação da lista de passageiros. Por enquanto, cerca de 20 familiares dos holandeses mortos pediram uma indenização à Malaysia Airlines. A quantia inicial contemplada por pessoa é de 50.000 dólares (pouco mais de 112.000 reais), mas poderia chegar a 100.000 (225.000 reais) em caso de perda de vários membros da mesma família.

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