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O prefeito ‘mão boba’ da cidade mais populosa da Bolívia

Percy Fernández, gestor da cidade de Santa Cruz de la Sierra, chama de “regulada” uma jornalista que o impede de tocar sua coxa

Captura do vídeo que recolhe o incidente.
Captura do vídeo que recolhe o incidente.

Aconteceu durante um ato público em Santa Cruz de la Sierra, a cidade mais populosa da Bolívia. O prefeito, Percy Fernández, grisalho e robusto, pousa sua mão sobre a coxa de uma jovem e esbelta jornalista. Ela o cumprimenta com um beijo e se senta ao seu lado. Ela, sem perder o sorriso, tenta esquivar-se dele. O esforço é captado pelas câmeras de televisão. O homem, sem se importar com o microfone que tem na mão, se vira para o outro lado e diz: “Regulada!”.

O incidente rendeu ao prefeito uma queixa formal apresentada por uma deputada da oposição em La Paz, capital administrativa do país, e o pedido do Defensor Público para que o Conselho Municipal sancione a denúncia.

A queixa da deputada, que foi bem recebida por muitas organizações feministas do país, solicita à Justiça uma pena de quatro anos de prisão por abuso desonesto, violência sexual e discriminação contra a jornalista.

O representante da Defensoria Pública em Santa Cruz, Hernán Cabrera, solicitou ao Conselho Municipal que cumpra o que estipula a Lei Integral contra a Violência contra a Mulher, que tipifica a ação do prefeito como “delito de acosso sexual, com o agravante de ser um servidor público”. Ele fez a solicitação por meio de uma carta na qual adverte também que a omissão do Conselho implicaria cumplicidade e proteção a Fernandes. Solicita também um estudo sobre a saúde mental de Fernández.

Não é o primeiro escândalo desse tipo no qual se vê envolvido o prefeito Fernández, reeleito cinco vezes e, apesar de tudo, com um sólido respaldo cidadão. Suas incontroláveis mãos bobas já afetaram: uma vereadora que, enquanto se dirigia ao público, tentava tirar a mão de Fernández da sua bunda; uma secretária que ele beliscou e uma funcionária municipal com a qual forçou um beijo na boca. Tudo isso em público.

A ministra da Justiça Sandra Gutiérrez declarou ao jornal digital Oxígeno que deixará “que a justiça faça o seu trabalho, sabendo que a queixa está na Procuradoria e é esta instância que deverá dar a sentença que merece”.

O procurador Ponce declarou – no momento de informar sobre o envio da queixa a Santa Cruz – que “não se podem fazer denúncias por fazer, é preciso ver”. O fiscal alude, aparentemente, à necessidade de que seja a vítima a que apresente a queixa ante a autoridade.

O prefeito apresentou desculpas públicas à jornalista, ao seu marido e a toda a sua família porque “estando ela no cumprimento de seu trabalho de jornalista, eu lhe faltei com o respeito”. E mostrou-se muito indignado diante da onda de críticas cidadãs contra ele, atribuindo essa reação a uma campanha midiática “do mais baixo nível político”.

Se prosperar a queixa na Procuradoria, o prefeito pode enfrentar outro julgamento que se somaria às outras querelas feitas por jornais e jornalistas que sofreram agressões verbais em Santa Cruz.

Fernández, de 75 anos, ordenou à guarda municipal retirar da sala onde se realizava uma entrevista coletiva o fotógrafo do jornal El Deber – com o qual manteve um relacionamento tenso e tormentoso – depois de chamá-lo de burro e estúpido em 2012. Em outras ocasiões chamou os comunicadores de indignos, de quadrilha e outros insultos.

Mas o último escândalo é o que teve maior repercussão, sobretudo, nas redes sociais, onde as críticas choveram sobre a figura do prefeito que, em poucas semanas, será o anfitrião, junto com o governador Rubén Costas, da cúpula do G77+China de junho próximo, à qual comparecerão, segundo os organizadores, milhares de autoridades governamentais e de organismos internacionais.

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