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Cannes convoca muitos amigos e poucos hispânicos

Cronenberg, Loach, Leigh, Godard e Ceylan concorrem à Palma de Ouro na 67ª edição do festival O argentino Damián Szifrón, único hispano-americano na competição oficial

Tommaso Koch
Fotograma de 'Relatos selvagens' de Damián Szifrón.
Fotograma de 'Relatos selvagens' de Damián Szifrón.

Muitos amigos, alguma mulher, poucos hispano-americanos. Com estes ingredientes, o Festival de Cannes acaba de anunciar os filmes que concorrerão pela Palma de Ouro e na seção Un Certain Regard de sua 67ª edição. É a enésima bem-vinda aos vários cineastas habituais de La Croisette, desde David Cronenberg a Ken Loach, que conta com 15 diretoras dentre os 49 trabalhos selecionados e limita por segundo ano consecutivo sua aposta na América Latina. Em concreto, somente o argentino Damián Szifrón com Relatos selvagens —coproduzida pela produtora de Pedro Almodóvar, El Deseo— competirá pela Palma de Oro. A presença hispânica se completa com Hermosa juventud (Bonita juventude), do espanhol Jaime Rosales e Jauja, do argentino Lisandro Alonso, que concorrem na seção Un Certain Regard.

Há algumas constantes que Cannes repete nos últimos anos. E esta edição, que se celebra entre 14 e 25 de maio e será inaugurada por Grace de Mônaco, de Olivier Dahan, não é uma exceção. Antes de mais nada, o festival só anuncia em um primeiro momento parte da programação oficial e se reserva outras confirmações para a semana seguinte. Sabemos hoje que há 49 filmes de 28 países selecionadas entre 1800, mas teremos que esperar alguns dias para contar com a lista completa.

Outra tradição são as apostas certas. Portanto, vários dos cineastas que concorrerão à Palma de Ouro já passaram por isso anteriormente ou, inclusive, já ganharam o prêmio. Os irmãos belgas Dardenne confiam em seu novo Two days, one night (Dois dias, uma noite) para se converterem nos primeiros diretores a obter três triunfos em Cannes. Ken Loach com Jimmy’s Hall e Mike Leigh com Mr Turner, vão pela segunda Palma de Ouro, enquanto Tommy Lee Jones com The homesman, David Cronenberg com Maps to the stars —para alegria dos fãs do ator Robert Pattinson, que inundaram o Twitter com mensagens comemorando— e Nuri Bilge Ceylan com Winter sleep aspiram seu primeiro triunfo, depois de várias visitas.

O mesmo ocorre, pese a seis participações, ao histórico diretor Jean-Luc Godard, que volta à La Croisette e lidera a participação francesa na competição oficial —outra das constantes— com Goodbye to language. O país que acolhe Cannes também estará representado por Sils Maria, de Olivier Assayas, Saint Laurent, de Bertrand Bonello e The search de Michel Hazanavicius.

A seção Un certain regard, inclui 18 filmes com pesos pesados como Wim Wenders que, junto do brasileiro Juliano Ribeiro Salgado, assina o documentário The salt of Earth, sobre o fotógrafo Sebastião Salgado

A seção oficial completa-se com mais nomes conhecidos (o russo Andrey Zvyagintsev com Leviathan, a japonesa Naomi Kawase com Still sleep, o canadense Atom Egoyan com Captives, e o norte-americano Benett Miller, com Foxcatcher), alguns conhecidos para os cinéfilos (Xavier Dolan com Mommy) e outros tão pouco familiares que até o diretor do festival, Thierry Frémaux, se esqueceu de um deles no anúncio e acabou se desculpando: o cineasta da Mauritânia, Abderrahmane Sissako. E isso que já é a terceira vez do africano, desta vez com Timbuktu. Completa a lista, por enquanto, a italiana Alice Rohrwacher, tão emocionada por sua estreia em Cannes com Le meraviglie que, segundo contou Frémaux, quando recebeu a notícia “chorou de felicidade”.

A diretora é, afinal de contas, uma das duas mulheres que concorrem à Palma de Ouro. Uma situação melhor com respeito ao ano passado (só Valeria Bruni-Tedeschi) mas que continuará indignando a todos aqueles que criticaram Cannes por ignorar as cineastas. No total, serão 15 diretoras nas diferentes seções oficiais, é verdade, mas é muito possível que, depois de terminar o festival, a presidenta do júri, Jane Campion, continue sendo a única cineasta a ter levado uma Palma de Ouro na história do festival: em 1993, com O piano.

Mais surpresas e novidades, como costuma ocorrer, ficaram reservadas à seção Un certain regard, dirigida neste ano pelo cineasta argentino Pablo Trapero. A lista de 18 filmes inclui pesos pesados como Wim Wenders (quem, junto do brasileiro Juliano Ribeiro Salgado assina o documentário The salt of Earth, sobre o fotógrafo Sebastião Salgado) mas também oferece um trampolim a cinco debutantes por trás da câmera —entre eles, o ator Ryan Gosling, com Lost river— e acolhe os trabalhos do espanhol Rosales e do argentino Alonso.

Não estarão nomes célebres que soaram nas prévias, como Woody Allen, Emir Kusturica, Lars von Trier e Alejandro González Iñárritu

À espera de conhecer também na próxima semana os outros membros do júri principal, bem como os protagonistas da Quinzena de realizadores, de Cannes Classics e da Semana da Crítica, a 67ª edição do festival oferece mais certezas. Não estarão nomes célebres que soaram nas prévias, como Woody Allen, Emir Kusturica, Lars von Trier e Alejandro González Iñárritu. E fora de competição poderão ser vistos Coming home, de Zang Yimou, e Como treinar seu dragão 2, filme de animação de Dean Deblois, uma homenagem de Cannes a Dreamworks pelo seu 20º aniversário.

O festival renderá seu pessoal tributo também ao jornal Le Monde, com a projeção do documentário Le gens du Monde, de Yves Jeuland. E nos chamados special screenings (projeções especiais) poderão ser vistos, entre outros, dois documentários sobre as revoltas na Síria e Ucrânia, bem como Paris,Texas, de Wim Wenders.

A 67ª é a última edição com o histórico presidente Gilles Jacob à frente. No próximo ano será substituído por Pierre Lescure. À espera de descobrir como será sua despedida, resta confiar em que a seleção oficial não tenha relação com a frase que Marcello Mastroianni, escolhido como imagem do cartaz do evento, dizia na pele do cineasta Guido em Otto i Mezzo: “Realmente não tenho nada a dizer, mas quero dizer igualmente”.

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