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Encontrada uma menina argentina escravizada por nove anos

A adolescente de 15 anos pesa apenas 20 quilos e comia os restos da alimentação oferecida a um macaco

Alejandro Rebossio

Uma adolescente argentina foi escravizada durante nove anos pelo casal que a adotou. A menina permaneceu trancada em uma garagem de uma casa em Buenos Aires com um cachorro e um macaco, e só comia os restos deste animal. Aos 15 anos pesa apenas 20 quilos. Durante o sequestro saiu somente duas vezes na rua. Seus pais adotivos batiam nela com cintos. Foi encontrada porque uma irmã biológica começou a buscá-la e, por sua intervenção, a justiça entrou na casa dos sequestradores, segundo publicou nesta quarta-feira a agência argentina de notícias DyN.

Os pais adotivos eram adoradores de San La Muerte (São Morte), um culto pagão originado na Argentina, mas difundido também no Paraguai, Brasil e México. Em alguns bairros de Buenos Aires podem ser observados alguns altares, levantados às vezes pelos delinquentes para que o santo lhes mantenha com vida. Ali oferecem cigarros, copos ou garrafas de whisky ou flores. Os adoradores de San La Muerte pedem uma vida longa, embora admitem que, em troca, alguns de seus seres queridos morram antes. Claro que no caso dos sequestradores da adolescente não se trata de ladrões comuns, mas de um caso de autêntico terror.

A história começou em 2001, em plena crise econômica e social na Argentina, quando uma mãe de oito filhos em situação de pobreza entregou para a adoção seu então bebê de dois anos. Por um acordo diante do juiz, o casal agora preso por escravidão recebeu a custódia provisória da criança. No começo, a mãe biológica continuava visitando-a, mas desde 2005 se desentenderam e nunca mais se viram. Recentemente, uma de suas irmãs cumpriu 18 anos e começou a procurá-la, até que encontrou a casa na qual suspeitava que vivia. Então pediu ajuda à justiça e a juíza María Gabriela Lanz ordenou a entrada na casa. Ali encontraram a jovem desnutrida, cuja figura contrastava com a do macaco, bem alimentado. Também acharam centenas de objetos de culto de San La Muerte.

Os pais adotivos, de uns 40 anos, foram presos pelo suposto crime de "redução à escravidão e à servidão, lesões graves e privação ilegal da liberdade", segundo dispôs o juiz. A adolescente, que sofreu um atraso maturativo, está ingressada em um hospital. Em estudos psicológicos contou que só comia pão e fermento de cerveja e bebia água. Seus sequestradores, ela revelou, a castigavam batendo nela com cinto quando descobriam que ela comia os restos da comida do macaco. Também declarou que desde os seis anos só saiu na rua duas vezes.

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