_
_
_
_

O Ipea corrige os resultados da pesquisa sobre o estupro uma semana depois

Segundo instituto, 65% dos entrevistados diziam que a mulher com roupa curta merecia ser atacada. Na verdade são 27%. Apesar do erro, o órgão mantém as conclusões sobre a visão do estupro pelos brasileiros

María Martín

Publicada no último 27 de março, a pesquisa elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre a visão dos brasileiros diante do estupro estava errada. O Instituto reconhece em nota que trocou os gráficos relativos aos percentuais de duas respostas, falha esta que o levou a concluir que 65% dos 3.810 entrevistados acreditavam que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. A afirmação acendeu uma polêmica, ainda em chamas, na mídia e nas redes sociais, e campanhas de protesto contra o estupro, como a de #eunaomerecoserestuprada da jornalista Nana Queiroz.

O diretor da área social do Ipea, Rafael Guerreiro Osorio, pediu a sua exoneração assim que o erro foi detectado.

Resultados corrigidos da pesquisa.
Resultados corrigidos da pesquisa.Ipea

O erro é resultado da troca de dois gráficos com as respostas a duas perguntas feitas durante a pesquisa, cuja metodologia já havia sido criticada. “Corrigida a troca, constata-se que a concordância parcial ou total foi bem maior com a frase “mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar (65%), e bem menor com “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas (26%)”, explica a nota.

A primeira versão dos resultados havia sido recebida com estupor por uma parte da sociedade brasileira. Outra parcela mostrava sua cumplicidade com a frase nas redes sociais, e trouxe à tona o debate do machismo no país. Até a presidenta Dilma Rousseff se manifestou em apoio à campanha #eunaomerecoserestuprada no Twitter.

Ao corrigir os dados, a afirmação mais polêmica das 41 apresentadas na pesquisa perde seguidores. Contudo, alerta o IPEA, “os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros. As conclusões gerais da pesquisa continuam válidas, ensejando o aprofundamento das reflexões e debates da sociedade sobre seus preconceitos”.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_