Nem o rico nem o pobre se salvam
Especialistas constatam danos na Grande Barreira de corais e preveem tensão pela água nos EUA A pobreza subirá 15% em Bangladesh em 2030


Ninguém se livra e todas as regiões terão que conviver com os efeitos da mudança climática.
África. É um dos continentes mais vulneráveis porque está muito exposto ao aquecimento e ao mesmo tempo tem uma baixa capacidade para mitigar seus efeitos. Detectou-se um aumento da temperatura nos Grandes Lagos e no lago Tanganica, além de uma diminuição de sua produtividade. Também se constatou uma redução na densidade das árvores do oeste do Sahel e no Marrocos semiárido.
Austrália e Nova Zelândia. Há mudanças na estrutura e composição de espécies de corais, tanto na Grande Barreira de Corais como no Recife de Nigaloo, na Austrália Ocidental. Em Melbourne prevê-se que nos dias com mais de 35 graus aumentem entre 20% e 40% para 2040.
Ásia. As temperaturas mais altas conduzem a produções de arroz mais baixas porque os períodos de crescimento são mais curtos. A pobreza rural poderia ser vista agravada pelos impactos negativos na produção de arroz — 58% da população vive no campo— e um acréscimo geral dos preços dos alimentos e do custo da vida. Indonésia, Filipinas ou Tailândia, exportadores de alimentos, se beneficiarão, enquanto Bangladesh experimentará um acréscimo líquido de 15% em sua pobreza em 2030. Os níveis dos aquíferos já diminuíram entre 20 e 50 metros em cidades como Bangkok ou Manila. Esta situação provoca afundamentos de terra, o que aumenta o risco de inundações costeiras.
Europa. Constatou-se um retrocesso das geleiras alpinas, escandinavas e da Islândia; uma alta nas últimas décadas das áreas florestais queimadas em Portugal e na Grécia; e um movimento para o norte de aves marinhas, peixes e invertebrados do nordeste atlântico.
Pequenas ilhas. O acréscimo do nível do mar é a sua principal ameaça. No último século, a erosão crônica afetou 70% das praias de ilhas como Maui ou Havaí.
Regiões polares. A restrição do acesso à vegetação, devido a eventos de formação de gelo mais frequentes derivados da chuva ou efeitos mais quentes, pode comprometer a vida dos ungulados, mamíferos que caminham se apoiando em cascos, do Ártico. Detectou-se uma alta mortalidade em renas, vacas e bois nos últimos anos. Espera-se um acréscimo das oportunidades econômicas com o aumento da navegabilidade no Oceano Ártico.
América do Norte. As secas no norte do México e centro-sul dos Estados Unidos, as inundações no Canadá e os furacões demonstram sua exposição a fenômenos extremos. Os especialistas preveem, com um grau de confiança alta, uma corrente de água do degelo em grande parte do oeste dos EUa e Canadá, e um acréscimo de tensões com a água, a agricultura, e os assentamentos em zonas urbanas e rurais. No México, espera-se que se reduzam as espécies de milho e alguns desapareçam em 2030.
América Central e América do Sul. Contração dos glaciais andinos e acréscimo dos volumes do Rio da Prata, para além do devido à mudança no uso da terra.