Dois iranianos “sem vínculos terroristas” voaram com passaportes roubados
A polícia identifica um cidadão iraniano de 19 anos como um dos passageiros que voaram com documento falso As autoridades descartam que o jovem tivesse vínculos terroristas Interpol: "Quanto mais sabemos mais nos aproximamos de concluir que não foi um ataque terrorista".
À medida que os dias passam, aumenta o mistério sobre o que ocorreu com o avião da companhia Malaysia Airlines que desapareceu na madrugada do sábado com 227 passageiros e 12 tripulantes a bordo sem deixar rastro pouco menos de uma hora após decolar de Kuala Lumpur rumo a Pequim. Se a princípio a busca foi focada no mar entre a Malásia e o Vietnã, a atenção se voltou agora à costa oeste da Malásia, segundo assegurou nesta terça-feira a linha aérea em um comunicado. “As equipes de busca e resgate expandiram o alcance para além da rota do voo. O foco está agora no oeste peninsular da Malásia e no estreito de Malaca. As autoridades estão considerando a possibilidade de que o voo MH370 teria tentado voltar a Subang (Malásia). Todas as possibilidades estão sendo consideradas. Não descartamos nenhuma”. A companhia aérea afirma que, além do mar, também estão realizando buscas em terras nessa região. Nos trabalhos, segundo informaram, participam nove países, com uma frota internacional composta por nove aeronaves e 24 barcos.
Por outro lado, o secretário geral da Interpol, Ronald Noble, informou nesta terça-feira que dois iranianos entraram no avião com passaportes falsos, um da Itália e outro da Áustria. A polícia da Malásia já identificou um deles, de 19 anos e sem nenhum vínculo aparente com organizações terroristas. Segundo os pesquisadores de Kuala Lumpur, o jovem, Pouria Nour Mohammad Mehrdad, pretendia emigrar para a Alemanha. Sua mãe lhe esperava em Frankfurt e entrou em contato com as autoridades. The Washington Post e outros meios indicam que ele iria pedir asilo à Alemanha. Noble assegurou que quanto mais informação obtêm, "mais próximos estamos de concluir que não é um incidente terrorista".
A decisão de procurar no oeste da Malásia foi tomada depois que o general Rodzali Daud, chefe da força aérea da Malásia, assegurasse no domingo que os registros de radares militares indicam que o avião pode ter dado a volta em relação à rota prevista, algo que a tripulação deveria ter informado aos controladores aéreos e não o fez. Inicialmente se pensou que o voo MH370 desapareceu dos radares enquanto voava na altitude de cruzeiro —aproximadamente 10.000 metros— em algum local entre a Malásia e o Vietnã, zona na qual também continuam as buscas, e onde foi ampliada a área de busca de 50 milhas náuticas a 100 milhas (185 quilômetros) ao redor do ponto onde se pensa que o avião desapareceu, na segunda-feira.
Enquanto as equipes passam o pente fino no mar, céu e terra, a paciência de muitas famílias dos passageiros está se esgotando, até o ponto que o Governo da China —país de origem de 153 dos passageiros— está pressionando as autoridades da Malásia para que acelerem a busca do avião.
“Este incidente ocorreu há mais de dois dias, esperamos que o Governo da Malásia possa entender plenamente a urgência da China, especialmente das famílias, e possa acelerar a investigação e aumentar os esforços de busca e resgate”, assegurou na segunda-feira Qin Gang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
Qin reconheceu que “o incidente continua sob investigação”, e que ainda é cedo para tirar conclusões sobre o que pode ter provocado a evaporação do avião sem emitir sequer um aviso de emergência. Mas a imprensa estatal chinesa foi menos diplomática e criticou o Governo da Malásia e a linha aérea pelo gerenciamento do desastre, e pediu respostas e maiores esforços. “A Malásia não pode fugir das suas responsabilidades”, afirma o jornal Global Times, que está unido ao Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês. “A resposta inicial da Malásia não foi suficientemente rápida”.
As famílias dos passageiros reclamaram que os responsáveis pela linha aérea demoraram horas para informar que o avião havia desaparecido e que depois não lhes deram informação suficiente. A cada dia estão mais impacientes e frustradas pela falta de respostas. Tanto as manchas de petróleo como possíveis peças que foram avistadas no mar entre a Malásia e o Vietnã não correspondem ao avião.
O jornal chinês acusa também a Malásia de ter problemas de segurança em seus aeroportos. “Há buracos na forma como a Malaysia Airlines trabalha e as autoridades de segurança”, diz. “Se (o desaparecimento) é devido a um problema mecânico ou a um erro, a culpa é da Malaysia Airlines. Se estamos falando de um ataque terrorista, então há que questionar os controles de segurança no aeroporto de Kuala Lumpur e no voo”. Sobre o tempo decorrido desde que o avião perdeu o contato, os responsáveis pela linha aérea pediram às famílias que se preparassem "para o pior”.
Ao mesmo tempo que pressiona, Pequim enviou dois barcos para ajudar nos trabalhos de busca e disponibilizou 10 satélites, segundo assegura nesta terça-feira o Diário do Exército de Liberação do Povo. Os satélites permitem tomar imagens de alta resolução da superfície da Terra.
Os pilotos não tiveram tempo, ou não puderam, enviar um sinal de alarme, o que leva alguns especialistas a concluírem que houve uma explosão repentina em pleno voo. O diretor da Autoridade de Aviação Civil da Malásia, Azharuddin Abdul Rahman, afirmou na segunda-feira que o desaparecimento do voo MH370 é “um mistério sem precedentes na aviação”.
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