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Um escândalo de pornografia infantil constrange governo de Merkel

O ex-deputado social-democrata Sebastian Edathy está sob suspeita de ter comprado imagens ilegais de menores

O exdiputado social-democrata Sebastian Edathy em fevereiro de 2013.
O exdiputado social-democrata Sebastian Edathy em fevereiro de 2013.S. G. (Getty Images)

O governo de Angela Merkel se viu constrangido na quinta-feira pelo escândalo envolvendo o ex-deputado social-democrata Sebastian Edathy (SPD), que está sob suspeita de ter comprado pornografia infantil na internet. O parlamentar social-democrata renunciou na semana passada. Na terça-feira, a polícia fez buscas em suas duas casas e vários de seus escritórios políticos na Baixa Saxônia.

Na quinta-feira, o líder social-democrata Thomas Oppermann reconheceu em um comunicado que a liderança do SPD sabia desde outubro das suspeitas que pesam sobre Edathy. Ele diz que a advertência chegou até eles através do então ministro do Interior, o social-cristão bávaro Hans-Peter Friedrich (CSU). Em outubro, o SPD e os democratas-cristãos, partido da chanceler Angela Merkel (CDU/CSU), estavam em plenas negociações para formar a atual coalizão de governo. Agora, Friedrich está à frente da pasta da Agricultura. O Ministério Público em Berlim investiga se segredos processuais foram divulgados em favor do ex-deputado.

Edathy está fora da Alemanha e negou qualquer comportamento criminoso. Segundo informações do jornal Süddeutsche Zeitung (SZ), de Munique, a polícia encontrou nas buscas apenas um computador e restos de discos rígidos não utilizados. A emissora pública regional NDR cita fontes próximas do suspeito, segundo as quais ele negou a destruição de provas relacionadas com as acusações. De acordo com as fontes, Edathy garante que só apagou informação relacionada com seu trabalho como parlamentar. Os líderes social-democratas, por sua vez, negaram ter informado o ex-deputado sobre a investigação que está em andamento.

De acordo com a revista semanal Der Spiegel, a pista contra Edathy surgiu na investigação da polícia canadense contra um portal de internet onde era possível encomendar e comprar pornografia infantil. Na Alemanha é proibido produzir, difundir, armazenar ou consumir imagens pornográficas cujos protagonistas são menores de 14 anos. Imagens sem conotação sexual de crianças nuas, por exemplo, na praia, não são consideradas pornografia e sua posse não constitui um crime. Segundo o jornal Die Welt, Edathy guardava este tipo de imagens legais, que pagou com seu cartão de crédito.

O social-democrara Edathy, de 44 anos, é conhecido como um crítico da polícia e dos serviços secretos alemães. Em 2012 e 2013, ele presidiu a comissão parlamentar que investigou a clamorosa negligência das forças de segurança e da inteligência alemã na luta contra o terrorismo neonazista. A comissão examinou, sob a sua liderança, os onze anos em que um grupo terrorista nazista autodenominado NSU matou nove imigrantes e uma policial a partir de 2000, sem que as autoridades alemãs percebessem nem mesmo a sua existência. O trabalho do deputado lançou alguma luz, nada favorável ao trabalho dos espiões e policiais alemães, a um desastre policial que Merkel chamou de “vergonhoso para a Alemanha”.

Esta experiência desempenhada por Edathy lhe valeu um considerável prestígio dentro e fora do Bundestag (Parlamento Alemão). Após as eleições de setembro, ele foi cotado para assumir um possível ministério ou, mais provavelmente, exercer o cargo de secretário de Estado. O presidente do SPD, o atual ministro das Finanças, Sigmar Gabriel, sugeriu na quinta-feira que a advertência do então ministro do Interior Friedrich procurou evitar uma nomeação que agora seria prejudicial para o governo. Friedrich soube da investigação através da Polícia Criminal BKA. O jornal SZ garante que, em seguida, se falou de comportamentos “não-criminosos”, que, no entanto, poderiam dar origem a uma investigação do Ministério Público em busca de provas de possíveis delitos. Foi o que ocorreu na segunda-feira passada.

A busca na casa de Edathy, filho de um imigrante indiano e de uma alemã, foi realizada na presença de repórteres de um jornal local na região de Nienburg (Baixa Saxônia), onde está sua residência e sua circunscrição eleitoral, pela qual ganhou seu assento no Parlamento nas cinco eleições federais desde 1998. O jornal, chamado Die Harke, publicou uma foto humilhante do interior da casa tirada de uma janela. No fundo se vê um policial uniformizado vasculhando os pertences do ex-deputado. Edathy anunciou mais tarde que vai entrar com uma ação judicial contra a “presença da imprensa em uma busca que está baseada apenas em suspeitas”. O jornal diz que recebeu a notificação da busca policial de fontes do partido SPF da Baixa Saxônia.

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