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A UE confirma que abrirá uma negociação de associação com Cuba

Os 28 seguirão aplicando a chamada “posição comum”, o instrumento criado pelo Governo espanhol que proscreve o diálogo se não houver avanços nos direitos humanos na ilha

Bernardo Marín
O presidente de Cuba, Raúl Castro.
O presidente de Cuba, Raúl Castro.Ismael Francisco (EFE)

Cuba conseguiu nesta quarta-feira um novo sucesso diplomático depois que os países da União Europeia (UE) chegaram a um consenso para abrir a negociação de um acordo bilateral com Havana para construir um novo marco na relação. A notícia soma-se ao forte apoio que recebeu o Governo de Raúl Castro com a organização da cúpula da Comunidade de Estados latino-americanos e Caribenhos, à que assistiram 31 dos 33 chefes de Estado e de Governo convocados.

No entanto, para evitar que o regime cubano tome o novo cenário como uma carta branca a sua atuação política os 28 países avisam de que continuarão aplicando a chamada “posição comum”, o instrumento criado em 1996 pelo Governo de Espanha, então comandado por José María Aznar, que proibe o diálogo se não houver avanços na democratização e nos direitos humanos na ilha. Cuba é hoje o único país de América Latina com o qual a UE não tem rede institucional, embora tenha colaborações pontuais.

O acordo foi atingido no grupo de trabalho do Conselho da UE, no qual estão representados os 28 países membros da união, segundo informe Efe, e os ministros de Relações Exteriores têm previsto apoiar a decisão em sua reunião do próximo 10 de fevereiro. Nessa reunião não está previsto que os ministros europeus debatam o assunto, senão que aprovem sem mais esse ponto na ordem do dia. Dessa forma, a chefa da diplomacia comunitária, Catherine Ashton, e a Comissão Europeia ficarão autorizados a abrir a negociação.

O degelo chega em um momento no qual outros países também iniciaram um processo de aproximação com a ilha. O Governo mexicano perdoou no último novembro 70% da dívida de Cuba e seu presidente, Enrique Peña Nieto, empreendeu esta tarde uma visita oficial de quatro horas para restabelecer as privilegiadas relações que o seu partido, o PRI, manteve durante quase quatro décadas com Havana. Mas foi o Brasil quem tomou a dianteira nesta semana com a inauguração do primeiro trecho do porto de Mariel, um dos maiores dos Caribe, construído pela companhia Odebrecht e no que se investiram 1.092 milhões de dólares.

Naturalmente, não são alheios a estes movimentos diplomáticos os novos ventos que sopram em Havana que trouxeram incipientes reformas econômicas e que vão posicionando a ilha como um atrativo e quase virgem território para o investimento estrangeiro.

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