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Fifa ameaça deixar Curitiba fora da Copa

Cidade que receberá a seleção espanhola e quatro jogos da primeira fase só será confirmada em definitivo no dia 18 de fevereiro devido aos atrasos nas obras

Trabalhadores na Arena, em 14 de dezembro de 2013.
Trabalhadores na Arena, em 14 de dezembro de 2013.CHRISTOPHE SIMON ((AFP))

Curitiba, a cidade da região sul brasileira onde ficará hospedada a seleção espanhola durante a Copa do Mundo, pode ficar de fora do Mundial, caso não acelere, e muito, as obras da Arena da Baixada, as mais atrasadas até agora dentre todos os estádios que receberão os jogos.

A ameaça foi feita nesta terça-feira, 21 de janeiro, por Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, em visita nesta terça ao estádio do Atlético Paranaense. No Brasil para avaliar o andamento das obras da Copa, ele mudou o cronograma de visitas e antecipou a ida a Curitiba, local de maior preocupação, onde afirmou que a situação “não é a ideal”. “O estádio está muito atrasado e definitivamente fora dos prazos de entrega para o melhor uso pela Fifa e pela Copa do Mundo. Mas temos que ser positivos, por isso nos reunimos com as principais autoridades envolvidas para encontrar soluções”, afirmou ele.

Em seguida, ele deu um prazo para que o estádio seja confirmado como arena da Copa: 18 de fevereiro, data em que acontece em Florianópolis, também no sul do país, um seminário em que as equipes participantes do campeonato receberão informações importantes sobre o Mundial.

Até a data, o governo do Estado e o clube terão que implementar medidas para acelerar as obras e mostrar que tudo ficará pronto a tempo. Em sua página no Twitter, Valcke escreveu após uma coletiva de imprensa: “Plano com 3 medidas do governo e de Curitiba deve acelerar o processo para ter o estádio pronto para a Copa”. Depois, continuou: “Agora a bola está com Curitiba e [com] o governo para implementar essas medidas”. E publicou uma foto da bola no campo.

As obras do estádio estão 90% concluídas. O problema maior é que ela avançou pouco desde o final de novembro, quando estava 88% pronta. E, caso continue nesse ritmo, dificilmente chegará a 100% no prazo necessário, segundo o Ministério do Esporte e a Fifa. Entre os motivos citados como culpados para o atraso das obras estão a chuva, greve de funcionários e a dificuldade do clube para conseguir financiamento.

A situação é bastante preocupante, segundo o Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), que conta com correspondentes nas 12 cidades-sedes e realiza acompanhamento mensal de projetos ligados à competição. A entidade afirma que o estádio de Curitiba ainda não começou nem a fase do plantio do gramado, que, nas outras arenas, demorou de quatro a cinco meses para ficar pronto. A arena sem gramado é vista na foto publicada por Valcke em seu Twitter.

Bola oficial no estádio de Curitiba.
Bola oficial no estádio de Curitiba.Reprodução (https://twitter.com/jeromevalcke)

Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte, afirmou na coletiva de imprensa que as obras serão intensificadas e, para isso, será aumentado o número de trabalhadores e se instituirá um novo turno de trabalho. Também serão liberados mais 39 milhões de reais para a obra que já custou 265 milhões. Mais um registro que marca os altíssimos gastos deste Mundial.

Não ficou claro, no entanto, qual seria a alternativa brasileira para receber os quatro jogos marcados no estádio de Curitiba, todos na primeira fase do campeonato: Irã x Nigéria, em 16 de junho, Honduras x Equador, dia 20, Austrália x Espanha, dia 23, e Argélia x Rússia, dia 26. Valcke evitou falar no assunto. Disse apenas que as obras a partir de agora serão monitoradas diariamente pela Fifa e pelo Comitê Organizador Local e que “vamos trabalhar em parceira para garantir que Curitiba sediará os jogos da Copa do Mundo”.

É possível se dizer que não há um plano B, já que não há, além dos outros 11 que já receberão os jogos, estádios no Brasil reformados ou construídos que seguem o padrão exigido pela Fifa. Uma alternativa possível seria distribuir os jogos pelas outras sedes já escolhidas, o que provocaria enormes transtornos em relação ao planejamento das seleções, a venda de ingressos, que já se iniciou, e hospedagem dos torcedores.

As obras do Mundial brasileiro estão permeadas de polêmica. Seis operários já morreram durante as construções dos estádios e, recentemente, elas foram alvo de críticas do Presidente da Fifa, Joseph Blatter, que disse em entrevista que o Brasil é o país “mais atrasado” desde que ele está na instituição e que  “foi o que teve mais tempo – sete anos – para se preparar”.

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