_
_
_
_
_

Acidentes em obras da Copa põem em xeque a segurança dos trabalhadores

A seis meses do início do Mundial, o torneio já conta seis vítimas em obras relacionadas com o torneio. Só neste sábado, dois operários morreram em circunstâncias ainda a serem esclarecidas

Operários na Arena Amazonas, em Manaus.
Operários na Arena Amazonas, em Manaus. MARCUS BRANDT (EFE)

A seis meses do início da Copa do Mundo no Brasil, o torneio já cobra sua sexta vítima em obras relacionadas com o Mundial. Só neste sábado, 14 de dezembro, dois operários morreram em circunstâncias ainda a serem esclarecidas em Manaus, capital do Estado do Amazonas (norte do país), em um intervalo de cinco horas, colocando em xeque as condições de segurança e de trabalho nos serviços de infraestrutura a medida que o cronograma para a realização do torneio se torna mais apertado.

A primeira vítima do dia, que trabalhava em plena madrugada na Arena Amazonas, que receberá as partidas das seleções da Itália e da Inglaterra, foi Marcleudo de Melo Ferreira, de 22 anos. Ele morreu ao cair de uma altura de 35 metros quando trabalhava na instalação de refletores do estádio. Após o acidente, o Ministério Público do Trabalho pediu a interdição imediata das obras. A Andrade Gutierrez, construtora responsável pelas obras da arena, lamentou o ocorrido e afirmou estar prestando assistência aos familiares da vítima. A empresa garantiu ainda ter aberto uma investigação interna para apurar as causas da queda.

Logo pela manhã, às 9h, José Antônio da Silva Nascimento, de 49 anos, também morreu ao sofrer um infarto. Ele passou mal ao subir em uma caçamba que levava os restos da obra que vai asfaltar o entorno do Centro de Convenções do Amazonas, que será usado pela Fifa como local de encontro e de reunião das delegações em Manaus. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Emergência) foi chamado, mas quando chegou ao local ele já havia morrido. O centro de convenções fica ao lado da Arena Amazônia. O trabalho, em pleno sábado, deve-se ao cronograma apertado da Copa.

Ainda na capital do Amazonas, um terceiro operário já havia morrido em março deste ano, ao despencar de uma altura de cerca de cinco metros, também na Arena Amazônia. Mas o balanço das vítimas fatais no Mundial passa também muito longe de Manaus, ao envolver as cidades de São Paulo e a capital federal, Brasília.

No último dia 27 de novembro, a queda de um guindaste causou a morte de dois trabalhadores na Arena Corinthians, estádio escolhido para sediar a abertura da Copa do Mundo, em São Paulo. E, na capital federal, Brasília, um outro operário havia despencado em junho de 2012 de uma altura de 30 metros, no ponto mais alto do estádio Mané Garrincha.

No caso de São Paulo, o Ministério do Trabalho afirmou neste mês que o condutor do guindaste que caiu trabalhava de forma consecutiva havia 18 dias, sem folga. Após o acidente, a Fifa emitiu comunicado no qual afirmava que a segurança dos trabalhadores era “prioridade máxima” da entidade, do comitê organizador local e do governo federal.

Apesar de o ritmo das obras ter aumentado com a aproximação do torneio, os problemas de segurança dos trabalhadores nos estádios em obra já é conhecido desde, ao menos, outubro. Foi neste mês que o Ministério Público do Trabalho conseguiu na Justiça o embargo das obras na Arena da Baixada, em Curitiba, no Paraná (sul do país), onde jogarão times como Espanha e Austrália. A interdição foi motivada por irregularidades como a falta de sinalização do canteiro de obras e de iluminação noturna adequada.

Manaus também foi palco de episódios inusitados durante as obras da Copa. De acordo com o Portal da Copa, mantido pelo Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), um ataque de abelhas fez com que seis operários da Arena Amazônia fossem encaminhados ao hospital na última quinta-feira, 12 de dezembro, sem gravidade.

A Arena vai receber quatro partidas da Copa, todas na primeira fase. Entre elas está o confronto entre Inglaterra e Itália, em 14 de junho.

O treinador da Inglaterra, Roy Hogdson, já criou polêmica ao dizer que preferia ficar no grupo da morte do que jogar na cidade, conhecida pelo clima quente e úmido. Acabou ficando com os dois, já que seu time também acabou ficando na mesma chave que os campeões mundiais Itália e Uruguai, além da Costa Rica.

Esse é o mais polêmico de todos os 12 estádios que o país está construindo ou reformando para o Mundial, informa FELIPE VANINI. Com uma média de público de cerca de 800 pessoas no campeonato regional, o Estado do Amazonas não tem tradição no esporte e o desembargador Sabino Marques, do Tribunal de Justiça amazonense, chegou a sugerir que o espaço físico da Arena Amazônia sirva também para a triagem de detentos após a Copa. E, entre as obras de mobilidade programadas, algumas ficarão prontas apenas após o Mundial.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_