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No “tapetão”, Fluminense se salva e Portuguesa cai para a segunda divisão

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva reafirma decisão da primeira instância e tira quatro pontos do time paulista

Torcedores da Portuguesa em protesto, em 21 de dezembro, em São Paulo.
Torcedores da Portuguesa em protesto, em 21 de dezembro, em São Paulo.NACHO DOCE (REUTERS)

Um campeonato que deveria ter 38 rodadas e terminar no dia 8 de dezembro só acabou nesta sexta-feira, dia 27, na “quadragésima” rodada. As duas últimas foram no tribunal. Com isso, ao invés do campeão brasileiro de 2012, o carioca Fluminense, ser rebaixado, quem caiu para a segunda divisão foi a Portuguesa, um pequeno, mas tradicional clube paulistano.

É a terceira vez que o Fluminense se beneficia do “tapetão” para jogar no grupo de elite do futebol brasileiro. As outras vezes foram em 1996 e 2000.

Nesta sexta-feira, os auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiram por unanimidade, 8 votos a 0, que a Portuguesa deveria perder quatro pontos por escalar um jogador irregular na última rodada do Campeonato Brasileiro. Esse foi o último julgamento. No anterior, em 16 de dezembro, a Lusa (como o time é conhecido) já tinha sido derrotada. O Flamengo também perdeu quatro pontos pela mesma razão, mas não entrou na zona do descenso.

Na classificação original, a Portuguesa ficou com o 12º lugar, com 48 pontos, e o Flamengo em 11º com 49. Já o Fluminense era o 17º lugar, na zona de rebaixamento, com 46. Com o resultado judicial, o Flu ficou em 15º, o Flamengo em 16º, ambos ainda na primeira divisão, e a Portuguesa em 17º, caindo. O topo da tabela, que terminou com o Cruzeiro como campeão, não foi alterado.

O jogador da Lusa escalado irregularmente foi o meia Héverton, que entrou aos 32 minutos do segundo tempo no jogo do dia 8 de dezembro contra o Grêmio. O problema é que ele tinha de cumprir dois jogos de punição por ter sido expulso em uma partida contra o Bahia na 36ª rodada. A punição foi cumprida em um só jogo, na 37ª rodada contra a Ponte Preta. A alegação da Portuguesa para não perder os pontos é que seu advogado não avisou o time sobre a punição de Héverton e que o Boletim Informativo Diário (BID), da Confederação Brasileira de Futebol, não registrou a pena.

"[O Héverton] atuou só em seis jogos e entrou no segundo tempo. É jogador que não tem uma qualidade técnica para desequilibrar uma partida. Não teve e nem poderia ter uma vantagem desportiva. O jogo não valia. A proporcionalidade não se aplica? Onde está a proporcionalidade? No campo de jogo, a Portuguesa conseguiu a duras penas se manter na Série A", afirmou o defensor da Portuguesa, João Zanforlin, diante do STJD.

Ao fim do julgamento, o presidente da Portuguesa, Manuel da Lupa, afirmou que ainda restam duas esperanças para seu time. Um é recorrer à Justiça comum para confrontar essa esfera esportiva. “Respeitamos a decisão sempre, mas não concordamos. Não acabou, vamos até o final. Terá outro julgamento na Justiça Comum”.

A outra alternativa seria aguardar o julgamento de uma ação judicial apresentada pelo Ministério Público contestando decisões de tribunais que alterem resultados obtidos em campo. As decisões da Justiça esportiva, em primeira e segunda instância, geraram uma série de protestos em São Paulo. Em uma delas, os torcedores da Lusa pedira para a Fifa punir a corrupção no futebol brasileiro.

Outros tapetões

A atual decisão extracampo não foi a primeira que alterou o resultado final do Campeonato Brasileiro ou que tenha beneficiado grandes equipes. Ao longo da história foram ao menos outras dez. O primeiro tapetão foi em 1983, quando o Santos foi o agraciado com mudanças na regra. Os outros aconteceram em 1984, 1986, 1993, 1996, 1997, 1999, 2000, 2004 e 2005.

O Fluminense, que conseguiu se manter na primeira divisão deste ano graças a essa decisão judicial, se aproveitou das mudanças em duas ocasiões. Em 1996, ele havia sido o 23º colocado em um campeonato que tinha 24 participantes. Os dois últimos deveriam cair para a segundona, mas a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anulou o descenso devido a um escândalo da arbitragem. No ano 2000, o Fluminense deveria disputar a segunda por ter sido o campeão da terceira divisão no ano anterior, mas os clubes que organizaram todas as divisões do brasileiro daquele ano o elevaram diretamente para a primeira.

Oito anos atrás, quem se deu bem com as decisões extrajudiciais foi o Corinthians, que acabou se sagrando campeão nacional após a descoberta da máfia do apito. A série de irregularidades ocasionou, na época, a anulação de 11 jogos apitados por um dos árbitros acusados de privilegiar um grupo de investidores que o pagaram para manipular os resultados das partidas.

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