No “tapetão”, Fluminense se salva e Portuguesa cai para a segunda divisão
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva reafirma decisão da primeira instância e tira quatro pontos do time paulista
Um campeonato que deveria ter 38 rodadas e terminar no dia 8 de dezembro só acabou nesta sexta-feira, dia 27, na “quadragésima” rodada. As duas últimas foram no tribunal. Com isso, ao invés do campeão brasileiro de 2012, o carioca Fluminense, ser rebaixado, quem caiu para a segunda divisão foi a Portuguesa, um pequeno, mas tradicional clube paulistano.
É a terceira vez que o Fluminense se beneficia do “tapetão” para jogar no grupo de elite do futebol brasileiro. As outras vezes foram em 1996 e 2000.
Nesta sexta-feira, os auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiram por unanimidade, 8 votos a 0, que a Portuguesa deveria perder quatro pontos por escalar um jogador irregular na última rodada do Campeonato Brasileiro. Esse foi o último julgamento. No anterior, em 16 de dezembro, a Lusa (como o time é conhecido) já tinha sido derrotada. O Flamengo também perdeu quatro pontos pela mesma razão, mas não entrou na zona do descenso.
Na classificação original, a Portuguesa ficou com o 12º lugar, com 48 pontos, e o Flamengo em 11º com 49. Já o Fluminense era o 17º lugar, na zona de rebaixamento, com 46. Com o resultado judicial, o Flu ficou em 15º, o Flamengo em 16º, ambos ainda na primeira divisão, e a Portuguesa em 17º, caindo. O topo da tabela, que terminou com o Cruzeiro como campeão, não foi alterado.
O jogador da Lusa escalado irregularmente foi o meia Héverton, que entrou aos 32 minutos do segundo tempo no jogo do dia 8 de dezembro contra o Grêmio. O problema é que ele tinha de cumprir dois jogos de punição por ter sido expulso em uma partida contra o Bahia na 36ª rodada. A punição foi cumprida em um só jogo, na 37ª rodada contra a Ponte Preta. A alegação da Portuguesa para não perder os pontos é que seu advogado não avisou o time sobre a punição de Héverton e que o Boletim Informativo Diário (BID), da Confederação Brasileira de Futebol, não registrou a pena.
"[O Héverton] atuou só em seis jogos e entrou no segundo tempo. É jogador que não tem uma qualidade técnica para desequilibrar uma partida. Não teve e nem poderia ter uma vantagem desportiva. O jogo não valia. A proporcionalidade não se aplica? Onde está a proporcionalidade? No campo de jogo, a Portuguesa conseguiu a duras penas se manter na Série A", afirmou o defensor da Portuguesa, João Zanforlin, diante do STJD.
Ao fim do julgamento, o presidente da Portuguesa, Manuel da Lupa, afirmou que ainda restam duas esperanças para seu time. Um é recorrer à Justiça comum para confrontar essa esfera esportiva. “Respeitamos a decisão sempre, mas não concordamos. Não acabou, vamos até o final. Terá outro julgamento na Justiça Comum”.
A outra alternativa seria aguardar o julgamento de uma ação judicial apresentada pelo Ministério Público contestando decisões de tribunais que alterem resultados obtidos em campo. As decisões da Justiça esportiva, em primeira e segunda instância, geraram uma série de protestos em São Paulo. Em uma delas, os torcedores da Lusa pedira para a Fifa punir a corrupção no futebol brasileiro.
Outros tapetões
A atual decisão extracampo não foi a primeira que alterou o resultado final do Campeonato Brasileiro ou que tenha beneficiado grandes equipes. Ao longo da história foram ao menos outras dez. O primeiro tapetão foi em 1983, quando o Santos foi o agraciado com mudanças na regra. Os outros aconteceram em 1984, 1986, 1993, 1996, 1997, 1999, 2000, 2004 e 2005.
O Fluminense, que conseguiu se manter na primeira divisão deste ano graças a essa decisão judicial, se aproveitou das mudanças em duas ocasiões. Em 1996, ele havia sido o 23º colocado em um campeonato que tinha 24 participantes. Os dois últimos deveriam cair para a segundona, mas a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anulou o descenso devido a um escândalo da arbitragem. No ano 2000, o Fluminense deveria disputar a segunda por ter sido o campeão da terceira divisão no ano anterior, mas os clubes que organizaram todas as divisões do brasileiro daquele ano o elevaram diretamente para a primeira.
Oito anos atrás, quem se deu bem com as decisões extrajudiciais foi o Corinthians, que acabou se sagrando campeão nacional após a descoberta da máfia do apito. A série de irregularidades ocasionou, na época, a anulação de 11 jogos apitados por um dos árbitros acusados de privilegiar um grupo de investidores que o pagaram para manipular os resultados das partidas.
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