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A CIA ajudou a Colômbia a matar dirigentes das FARC

O programa secreto começou na gestão do presidente George W. Bush e prosseguiu com Obama

Inés Santaeulalia
A delegação das FARC, na semana passada em Havana.
A delegação das FARC, na semana passada em Havana.Alejandro Ernesto (EFE)

O Governo colombiano recebeu ajuda dos Estados Unidos em sua luta contra a guerrilha das FARC através de um programa de segurança secreto que começou no início dos anos 2000, revelou neste domingo o jornal The Washington Post. O apoio norte-americano, por meio da CIA, permitiu que as forças de segurança colombianas acabassem com a vida de ao menos 24 líderes rebeldes.

O programa secreto da agência de inteligência norte-americana foi autorizado pelo ex-presidente George W. Bush, mas continuou durante o mandato do atual presidente, Barack Obama. A ajuda à Colômbia precisou de um investimento multimilionário da que se desconhece seu montante exato e que não faz parte dos 9 bilhões de dólares que os Estados Unidos destinaram ao Plano Colômbia, criado no ano 2000 pelo ex-presidente colombiano Andrés Pastrana e que nasceu para envolver a comunidade internacional na luta contra a guerrilha.

A ajuda norte-americana também contribuiu na luta do Exército colombiano contra o ELN (Exército de Libertação Nacional), a segunda guerrilha do país. O trabalho da CIA permitiu fazer acompanhamentos em tempo real dos líderes rebeldes e, a partir de 2006, a utilizar uma arma que, graças a um sistema de GPS e com um preço de 30.000 dólares, pode determinar o local exato do objetivo a ser investigado, inclusive no meio da selva onde se escondem os membros das guerrilhas.

Essa tecnologia, através das chamadas bombas inteligentes, permitiu em março de 2008 matar ao então número dois das FARC, Raúl Reyes, que morreu em uma área fronteiriça do Equador, confirmaram ao diário norte-americanas autoridades colombianas e dos EUA. A morte de Reyes, na qual até agora não a tinha sido relacionada com os Estados Unidos, criou um problema diplomático entre Colômbia e Equador, porque a ação militar se desenvolveu no território equatoriano.

A maioria das pessoas que revelaram a existência do plano de ajuda secreto não permitiu que seus nomes fossem divulgados porque se tratava de um programa secreto e que ainda poderia seguir em andamento. Também não é a primeira vez que se esconde da opinião pública a existência de um plano de inteligência, segundo o jornal, sobretudo desde os atentados de 11 de setembro de 2001.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, questionado por The Washington Post, não quis tecer comentários sobre o plano, mas reconheceu a ajuda dos EUA e de outros países na luta contra as guerrilhas.

O Governo colombiano e as FARC mantêm, há pouco mais de um ano, um processo de paz em Havana (Cuba), mas nunca se pactuou uma trégua para frear a violência. Durante 2013, a guerrilha protagonizou vários ataques, o que levou parte da sociedade colombiana a pedir que se firme um cessar o fogo, mas o presidente Santos é um firme partidário de continuar com a ação militar enquanto não se acorde o final do conflito, que já soma 50 anos.

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