_
_
_
_

Os sul-africanos poderão se despedir do ex-presidente Mandela em Pretória

O cortejo fúnebre percorrerá a capital política de quarta a sexta-feira

Nelson Mandela sempre dizia que não era um santo, mas não poderá evitar ser venerado como um santo. Pode ser laico mas, afinal de contas, é o que ocorre com quem já em vida foi um dos personagens mais queridos e admirados no mundo inteiro até o ponto de que Nações Unidas lhe dedicou um dia especial coincidindo com a data de seu aniversário, 18 de julho.

Sua morte aumenta o mito. Os sul-africanos o adoram e o Governo sabe que é atualmente é seu melhor e único embaixador. Por isso na semana de luto declarada pelo Executivo até o funeral, no domingo, dia 15, promete ser a semana da veneração.

Um carro transportará o caixão com o corpo de Mandela pelas ruas da capital política, Pretória, a cada dia entre a quarta-feira e a sexta-feira da próxima semana. As autoridades pediram aos sul-africanos que façam uma guarda de honra à comitiva que fará o trajeto do hospital em que seu cadáver está embalsamado  até o majestoso edifício que acolhe a sede oficial do Governo, onde será velado.

“A cada manhã, quando o corpo sair do instituto forense para o velório, as rotas serão anunciadas", explicou a responsável pela comunicação do Governo, Neo Nomodu, em um breve encontro com a imprensa para detalhar os atos de homenagem a Madiba.

Não será um velório usual, aberto a todo mundo, senão que os cidadãos deverão se credenciar e acessar o edifício em um ônibus especial. Também não estará permitida a entrada com câmeras fotográficas.

O Governo pretende que os sul-africanos mostrem ao mundo essa devoção que têm pelo pai da pátria e, através de um comunicado, o presidente, Jacob Zuma, anima os cidadãos a "ir aos estádios, auditórios, igrejas, templos e sinagogas na manhã de domingo para celebrar a vida de Madiba".

Na verdade, os cidadãos estão completamente entregues a celebrar essa vida e legado de Mandela e continuam dando mostras disso nas ruas. As casas de Soweto, onde o ex-ativista viveu antes e após passar 27 anos na prisão, e a de Houghton, onde faleceu na quinta-feira passada aos 95 anos, converteram-se em pontos de peregrinação desde o mesmo dia.

No acomodado bairro de Houghton é quiçá onde melhor se vê a nova África do Sul, a sociedade mista que sonhou Mandela nos anos de luta contra o apartheid. É um distrito do norte da cidade com mansões e ruas largas que hoje estão totalmente ocupadas por sul-africanos e algum turista ao que a morte de Mandela lhe surpreendeu no país.

A mistura de brancos e negros é maior que em Soweto, o antigo gueto negro que mesmo após os 20 anos de democracia continua sendo isso, um bairro de negros, apesar de que em Vilakazi (a rua onde viveram Mandela e o também Nobel da Paz Desmond Tutu) a infraestrutura turística cada vez atrai mais brancos.

Três jovens negros animam a cantar para uma idosa e duas garotas brancas. No princípio elas se fazem as desentendidas, mas o impulso deles termina a convencê-las e se unem no canto do Nkosi Sikelelel, o hino nacional sul-africano, com letras em cinco das 11 línguas oficiais. Todos cantarolam  toda a canção. “Graças ao grande lutador, a Tata, podemos estar cantando agora juntos”, diz um dos garotos.

A polícia fechou a rua da mansão de Mandela, na que há familiares e políticos que vão dar o pesar à viúva, Graça Machel. Do lado de fora, os cidadãos deixaram centenas de flores, murais, quadros e poemas em lembrança de Mandela.”Obrigado Tata, a cada dia de liberdade que desfrutamos é um presente teu”, diz um cartaz ao lado de uma fotografia do ex-presidente com dois meninos pequenos.

Atos de despedida

Domingo. Dia nacional para a lembrança e celebração da vida de Mandela em locais de oração e lares.

Terça-feira. Funeral oficial na Cidade do futebol de Johanesburgo, onde se jogou o final do Mundial de 2010.

Quarta-feira. Até a sexta-feira, o cadáver de Mandela estará exposto ao público três dias na sede do Governo em Pretória e terá uma procissão diária pelas ruas.

Sábado. Procissão entre Mthatha e Qunu, seu local de origem, onde terá uma cerimônia tradicional.

Domingo. Funeral de Estado em Qunu.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_