O ex-juiz nadando na política se tornou de repente um enigma que parece difícil de decifrar, e é aí que reside sua força e ao mesmo tempo sua fraqueza
O título desta coluna não é brincadeira nem fake news. É uma reflexão em um momento crítico da política brasileira
O ex-juiz da Lava Jato é diferente de Bolsonaro na aparência, mas pode acabar sendo tanto ou mais perigoso em matéria de autoritarismo e de aparente falta de sentimentos
O fracasso do trabalho da CPI da Pandemia significaria a sobrevivência política de Bolsonaro, com graves repercussões nas próximas eleições
Será que o ex-juiz, conhecido por sua rigidez e por suas sentenças sem apelação e até parciais, será capaz de saber mergulhar no mar complexo e emaranhado da política?
Lula está percorrendo vários países da Europa, onde já atua como candidatíssimo à presidência e é recebido como tal. Já Bolsonaro, no Oriente Médio, arruma problemas com o PL, partido que pretende integrar pensando nas eleições
O ex-juiz, na justiça ou na política, será sempre o Moro enigmático, frio e perigoso que não gosta de perder
Não deixa de causar estranheza que justo agora, quando a reeleição do presidente parece cada vez mais complicada, tenha sido tomada a decisão de reabrir o caso para tentar investigar se havia ou não um mandante —e se era alguém de esquerda
O ex-juiz está politicamente mais próximo do bolsonarismo e de uma política neoliberal, além de ser duro em questões de segurança. Poderia arrancar votos dos desiludidos com o capitão, sobretudo os do mundo das finanças e das classes mais altas
Em vez de fazer pactos com o demônio a fim de se reelegerem, os presidentes poderiam se interessar mais em resolver os problemas mais graves do país
Tirar o capitão do poder seria para o ex-presidente libertar o país do perigo de involução golpista. Mas a entrada em cena do ex-juiz cria um novo conflito, por se tratar do personagem culpado por sua injusta condenação
Os juristas agora poderão discutir se o termo justo para definir a conduta de Bolsonaro durante a pandemia é o de genocida. Mas o que ficou claro é que os crimes cometidos e revelados pela CPI seriam suficientes para o presidente passar muitos anos na prisão
As forças mais conservadoras das instituições, por mais estranho que possa parecer, preferem o Bolsonaro fascista e incapaz de governar a uma solução democrática e moderna
O ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja fortuna que esconde em paraísos fiscais foi descoberta, dança em uníssono com o presidente no desprezo pelos pobres.
É preciso revolucionar toda a política, começando pela economia, para não transformar o Brasil rico em recursos naturais em um país de famintos e miseráveis
Milhões de pobres famintos participaram desta vez das manifestações contra Bolsonaro em todo o Brasil. Não estavam fisicamente presentes porque estão ocupados em sobreviver
Ou o ser humano recupera sua essência de estar intimamente enxertado na natureza, como estão os indígenas que desprezamos e lutamos para exterminar, ou seremos asfixiados
Afirmação do exorcista vaticano me levou a pensar que hoje, entre os políticos, os demônios também evoluíram, falando aos brados e fazendo muito barulho, enquanto lhes falta reflexão e compostura
Seria o caso de se perguntar até quando as demais instituições do país continuarão a permitir que o Brasil continue sendo alvo de chacotas e ironias
Se, em princípio, sátira e humor são libertadores de tensões, no caso específico do Brasil, seria melhor que os poderosos levassem a sério as profecias lançadas por Bolsonaro, que são mais do que um simples jogo de ameaças
Todas as análises podem acabar sendo desmentidas pela realidade, mas hoje, friamente, o poderoso Messias aparece com as asas queimadas e com a aparência de um político que, por fim, fracassou em suas pretensões golpistas
Mais do que o pênis gigante, símbolo de uma masculinidade violenta e vulgar, me fez pensar o fato de estar apoiado sobre um carrinho vazio de supermercado
Que as manifestações de 7 de setembro sirvam para que os brasileiros tomem consciência de que não serão as armas que lhes devolverão a convivência hoje ameaçada por aqueles que deveriam trabalhar para que brotem as flores de uma nova concórdia
A imagem daquele homem que vi no semáforo se cruzou com a afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que é melhor não ter feijão do que não ter fuzil
Além de cruel, nova política educacional bolsonarista vai contra a ideia de inserção de pessoas com deficiência na sociedade, sem que sejam consideradas um estorvo para os demais
As instituições estão cercando cada vez mais as pretensões autoritárias e farsescas do presidente e por isso o seu mau humor e desespero aumentam a cada dia