Equipe de resgate recupera os primeiros restos das vítimas
Governo eleva para 51 o número de pessoas com nacionalidade espanhola no avião
As equipes de resgate que trabalham na zona dos Alpes onde caiu o voo WI9525 conseguiram recuperar os primeiros restos de cadáveres das vítimas. A informação foi confirmada no final da tarde de quarta-feira pela polícia francesa, que coordena parte do operativo de busca. No avião acidentado viajavam 150 pessoas (entre eles seis membros da tripulação). Destes, 51 eram espanhóis, segundo confirmou o Governo depois da reunião do Gabinete de crise.
O secretário de Estado de Segurança, Francisco Martínez, já tinha afirmado na quarta-feira ao meio-dia, em uma coletiva no Palácio de Moncloa depois da reunião do gabinete de crise, que o número de 49 vítimas apresentado naquele momento era “provisório” embora tenha dito que as autoridades francesas descartam “quase por completo” poder recuperar na quarta-feira os corpos dos falecidos no acidente de avião.
Enquanto isso, os esforços estão concentrados na investigação e resgate dos restos. O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, revelou que a caixa-preta do avião da empresa aérea alemã Germanwings que caiu na terça-feira nos Alpes franceses está “danificada”, mas que será “possível analisá-la”. Em uma entrevista concedida à emissora RTL, o ministro indicou que será possível reconstituir os dados dessa caixa, que é a que grava as conversas dos pilotos na cabine. No lugar do acidente continua a busca pela segunda caixa, que contém os dados do voo. O avião, com destino a Düsseldorf (Alemanha), caiu pouco antes das 11h por motivos ainda desconhecidos em uma zona montanhosa quase uma hora depois de decolar em Barcelona.
O ministro reiterou que não se descarta nenhuma hipótese sobre as razões do acidente, inclusive um ataque terrorista, embora tenha afirmado que essa última linha “não é prioritária”. A caixa-preta deteriorada chegou a Paris e será analisada por cinco técnicos do BEA (Bureau d'Enquêtes et d'Analyses) da Aviação Civil. Enquanto isso, a promotoria de Marselha iniciou uma investigação judicial do acidente com o interrogatório de oito testemunhas. E o presidente da Lufthansa, Carsten Spohr, classificou de “inexplicável” o acidente, ao mesmo tempo em que assegurou que o aparelho estava tecnicamente bem.
Enquanto isso, na Espanha, os Mossos d’Esquadra (polícia da Catalunha), a Polícia Nacional e a Guarda Civil já coletaram cerca de quarenta amostras de DNA dos familiares diretos dos passageiros vítimas do acidente. A informação genética será entregue às autoridades francesas para ajudar na identificação dos restos humanos que forem localizados na zona do desastre.
Por outro lado, a ministra francesa de Ecologia e Transporte, Ségolène Royal, revelou que o avião não passou dos 35.000 pés (equivalente a cerca de 10.700 metros de altitude) a 6.900 pés (1.800 metros) em oito minutos como foi dito na terça-feira, mas para 18.000 pés. Segundo Royal, o contato dos pilotos – o comandante era um profissional com 10 anos de experiência e 6.000 horas de voo — foi perdido às 10h31, 20 minutos antes do impacto.
A torre de controle da localidade francesa de Aix-en-Provence, no sul do país, pôde falar pela última vez com a cabine às 10h30, quando o avião se encontrava a 11.400 metros de altitude. Os controladores, como afirmou Royal na emissora RMC, instruíram os pilotos a manter esse nível de voo e contatar a torre posteriormente. Depois das ordens, receberam confirmação da cabine. Um minuto depois, porém, o avião começou a descer e os pilotos, segundo a ministra, não responderam à chamada dos controladores quando estes perguntaram sobre a perda de altitude.
Às 10h40, o avião, a 2.000 metros de altitude, desapareceu dos radares, e nove minutos depois helicópteros do pelotão de alta montanha da localidade de Jausiers, um caça Mirage 2000 e um avião de abastecimento decolaram em sua busca para ver o que estava acontecendo. O dispositivo mobilizado, segundo seu relato, encontrou às 11h10 os destroços do aparelho, que se chocou contra o maciço de Trois Evêches, no departamento francês de Alpes de Haute-Provence.
No início da manhã, as equipes de resgate retomaram a busca das vítimas por terra, suspensa ao anoitecer. O ministro Cazeneuve admitiu que a esperança de encontrar sobreviventes é “fraca”. Mais de 600 pessoas, entre gendarmes, bombeiros, membros do Exército e técnicos, encontram-se na remota e escarpada zona dos Alpes onde caiu o voo GWI9525 da Germanwings, filial low-cost da alemã Lufthansa, que ia de Barcelona a Düsseldorf com 144 passageiros a bordo (67 de alemães, incluindo um grupo de estudantes de intercâmbio, 45 com sobrenomes espanhóis) e seis tripulantes (dois pilotos e quatro comissários). Dois mortos são bebês. Também há um cidadão belga e vários turcos, além de outras nacionalidades: dois japoneses, dois australianos, dois argentinos, dois colombianos e três mexicanos. Até o momento não foi divulgada a lista oficial de vítimas.
O avião não emitiu nenhum sinal de emergência ao cair
O movimento de veículos se intensificou a partir das sete da manhã, assim que saiu o sol na localidade de Seyne-les-Alpes, a poucos quilômetros do lugar do acidente e onde se concentram os serviços de resgate. Às 15h30 devem chegar ao local o presidente francês, François Hollande, o premiê espanhol, Mariano Rajoy, e a chanceler Angela Merkel. A polícia sinalizou todo o percurso para facilitar a chegada das famílias das vítimas. Rajoy viaja acompanhado do presidente da Generalitat, Artur Mas.
Cinco helicópteros reiniciaram os sobrevoos na área e uma coluna de gendarmes retomou a rota a pé para o local, a quase 3.000 metros de altitude. As autoridades estão tentando abrir uma trilha até os destroços do Airbus A320. Nas últimas horas nevou na região do acidente e teme-se que as condições meteorológicas compliquem os trabalhos de resgate. Embora as nuvens estejam altas, o que facilita o voo dos helicópteros, pode chover e ventar ao longo do dia, segundo os serviços meteorológicos.
O avião está “completamente destruído” e o maior pedaço do aparelho tem o tamanho de “um carro”, declarou o presidente do Conselho Geral da região de Alpes-Haute Provence, Gilbert Sauvan, ao jornal francês Les Échos. “A área do acidente só é acessível por helicóptero. Oito aparelhos vão se juntar à operação de resgate da localidade de Seyne-les-Alpes a o fim de levar os investigadores ao lugar do acidente”, acrescentou. “vai demorar dias para recuperar os restos das vítimas e depois os destroços”, explicou o alto oficial de polícia Jean-Paul Bloy. A Espanha planeja enviar seis policiais e guardas civis para colaborar na identificação das vítimas.
A Lufthansa declarou que opera normalmente nesta quarta-feira e que assumirá o máximo possível dos voos cancelados ontem pela Germanwings, que teve de suspender 30 voos porque vários pilotos se recusaram a voar. Na quarta-feira, a Germanwings cancelará apenas um voo, o 4U 354 de Colônia a Londres.
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