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Editorial
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Violência policial no Brasil

As autoridades brasileiras precisam investigar com rigor possíveis casos de abusos por parte das forças de segurança

Moradores da favela do Jacarezinho participam de missa em homenagem às vítimas da operação policial, no dia 12 de maio, no Rio de Janeiro.
Moradores da favela do Jacarezinho participam de missa em homenagem às vítimas da operação policial, no dia 12 de maio, no Rio de Janeiro.Silvia Izquierdo (AP)
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The wall of a house with a large mark of shots fired during a police operation in the Jacarezinho favela, city of Rio de Janeiro, Brazil. The house is located in Beco dos Caboclos, according to residents' reports this was one of the places where two bodies allegedly murdered by the police were found.
Numa mochila ensanguentada no Jacarezinho, a aula de Brasil contemporâneo
Police conduct an operation against alleged drug traffickers in the Jacarezinho favela of Rio de Janeiro, Brazil, Thursday, May 6, 2021. (AP Photo/Silvia Izquierdo)
“Não vai embora, vão me matar!”
Brazil's President Jair Bolsonaro reacts during a ceremony of release of resources for Primary Health Care in combat of the coronavirus disease (COVID-19), at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil May 11, 2021. REUTERS/Ueslei Marcelino
Bolsonaro humilha o Brasil ao defini-lo como “republiqueta”

Na quinta-feira, 6 de maio, a Polícia Civil lançou uma ampla operação contra o narcotráfico na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Os policiais foram recebidos com tiros, que mataram um agente. A operação, que durou mais de seis horas, terminou com a morte de 28 pessoas, tornando-se a ação policial mais sangrenta da história do Rio de Janeiro, cidade e Estado que há anos se destacam nas estatísticas brasileiras pela letalidade de suas forças de segurança. Mas é um problema generalizado. Os dados são eloquentes. No Brasil, um dos países mais violentos do mundo, as forças policiais são responsáveis por parte significativa das mortes violentas. Dos 47.000 assassinados em 2019, 13% morreram durante uma intervenção policial.

Uma operação contra o tráfico de drogas que termina com esse número de vítimas representa um fracasso operacional para qualquer força policial. É lamentável que o presidente Jair Bolsonaro, de extrema direita, parabenize os responsáveis pela operação, em linha com seu discurso intolerável de normalizar a morte de suspeitos nas mãos das forças de segurança. Um dos fundamentos do Estado de Direito é que todo acusado tem direito à presunção de inocência e a um julgamento justo.

A escassa presença do Estado em favelas como a do Jacarezinho abriu caminho para que o poder do crime organizado adquirisse as proporções atuais, com amplos territórios onde grupos do tráfico de drogas ou paramilitares que extorquem estão no controle de modo ostensivo. Bairros onde vivem milhões de brasileiros, enredados no fogo cruzado, reféns de uma violência diária e sem serviços essenciais para uma vida digna. O combate ao narcotráfico é complexo. Requer trabalho policial, sem dúvida, mas também implica lutar contra a desigualdade, oferecendo alternativas e oportunidades aos jovens. As 28 mortes do Jacarezinho precisam ser investigadas com rigor. Uma democracia deve lançar luz sobre qualquer suspeita de uso abusivo da força pelas corporações policiais. E, se houver, punir.

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