A verdade da mulher é que está arrancando o poder dos homens
Vivemos, de fato, em um mundo em que o poder masculino passou de se divertir com a suposta fraqueza das mulheres, para difamá-las e até matá-las
No mundo inteiro e não só no Brasil, os homens continuam matando as mulheres. A conclusão poderia ser que eles são mais fortes. Não são. Eles as matam porque têm medo, já que a mulher é mais forte que o homem diante da dor e da morte. O homem parece mais forte porque detém em suas mãos o poder que destrói. E o poder hoje, como afirma o filósofo Jason Stanley em seu livro Como funciona o fascismo, “gira em torno do medo”. E um dos grandes medos do fascismo é o despertar da mulher.
Vivemos, de fato, em um mundo em que o poder masculino passou de se divertir com a suposta fraqueza das mulheres, a difamá-las e até matá-las. Essa mudança de brincadeira à perseguição revela um segredo: a mulher já não é para o homem um brinquedo para diversão, e sim um inimigo a abater. Hoje o poder masculino fascista se sente ameaçado pela nova personalidade da mulher que perdeu, pelo contrário, o atávico temor ao macho e revela a força interior que pertence a sua essência.
Não é fácil definir o novo feminismo que está imperando no mundo e é tão visível no Brasil, já que a nova relação entre os sexos está em plena evolução e revolução. É o novo salto quântico da feminilidade que passou da antiga regra da submissão ao homem, a revelar a força interior que a natureza lhe deu e que o homem, por medo, havia tentado castrar.
Hoje vivemos uma revolução feminina cuja grande aposta de libertação chega de dentro. É como se a mulher estivesse perdendo o medo que a prendeu no passado frente ao homem. Tomou consciência de que em tantos aspectos o feminino é mais forte diante da dor, da adversidade e da morte do que o mundo masculino.
Uma mulher hoje que não se prende aos estereótipos do passado e se sente até mais mulher. O feminino está perdendo seu velho complexo de inferioridade para se descobrir como uma força nova que não precisa das velhas armas do passado para resistir e sobreviver. A pujança do feminino está se descobrindo forte como a natureza diante de quem o homem começa a se sentir inquieto, desarmado e medroso. Até o fascismo começa a temê-las.
Isso explica o fato de que o homem, diante dessa descoberta da força interior da mulher, capaz de encarar como ninguém o medo e a morte, sinta um certo espanto e temor, negando-a a entrada nos salões do poder quando não matando-a, que é a suma covardia e que revela o medo que ainda engendra a força misteriosa do feminino.
E meu pensamento vai, como exemplo da força interior da mulher, nesTe oito de Março turbulento do Brasil, a essa caravana das mulheres pobres e sofridas das comunidades marginais das periferias das cidades, dominadas pela força bruta masculina que as abandona a sua sorte.
São essas mulheres heroicas, as que com seu valor e sua força sustentam sozinhas as famílias que melhor representam hoje o novo feminismo. Esse que dá medo aos senhores do poder que pensam que desprezando-as e ameaçando-as irão dobrá-las.
Eles perderão essa batalha porque a força do feminino joga com outras armas contra as quais não adiantam as metralhadoras, porque elas não temem a morte. Quanto mais o poder as despreza e procura isolá-las, mais aterrorizarão seus sonhos de homens frustrados incapazes de entender que, como na nova leitura feminina da cena bíblica da criação, a mulher é capaz de desafiar os antigos mitos do poder. Esses mitos masculinos que, desde o início do mundo, tentaram colocar a mulher aos seus pés: “A mulher que me destes por companheira me deu o fruto da árvore e eu o comi”, Gênesis, 3,12, se queixou Adão a Deus. A mulher acabou dessa forma sendo a grande tentadora, a culpada dos males do mundo.
A nova mulher que está ressuscitando, liberada dos mitos que tentaram rebaixar sua força natural, precisará agora de homens novos capazes de aceitar e compartilhar de mãos dadas sua força original que nem mesmo a perseguição e a morte foram capazes de dobrar.
Dedico esta coluna a todas as mulheres e em especial às que, ao longo da vida, começando por minha mãe, me ajudaram a entender e amar a força e a luminosidade do feminino. Feliz Dia da Mulher, de um modo especial a todas minhas colegas do jornal que lutam como titãs para que os homens não se esqueçam de que o mundo mudou e que a revolução feminina veio para ficar.