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Eleição de Olaf Scholz como novo chanceler encerra a era Merkel na Alemanha

Social-democrata obtém 395 votos para formar um inédito Governo de coalizão com verdes e liberais. Gestão terá oito ministros e oito ministras

Olaf Scholz canciller aleman
Olaf Scholz é aplaudido por deputados durante a sessão de confirmação no Bundestag, nesta quarta-feira, em Berlim.FABRIZIO BENSCH (Reuters)
Elena G. Sevillano

Os deputados alemães elegeram nesta quarta-feira o social-democrata Olaf Scholz para o cargo de chanceler (primeiro-ministro), à frente de uma coalizão que reúne também os verdes e os liberais. Scholz obteve 395 votos favoráveis, superando amplamente os 369 necessários para se tornar o sucessor de Angela Merkel à frente da maior economia europeia.

Ele comandará uma inédita coalizão tripartite, que estreia em meio ao maior desafio que o país enfrenta desde o final da II Guerra Mundial, nas palavras de Merkel. A chanceler das crises parte sem ver a saída para a última e mais devastadora delas. Será Scholz, o mais merkeliano dos candidatos à sua sucessão, que terá de lidar com a quarta onda pandêmica e a recuperação econômica.

A nova coalizão ganhou o apelido de “semáforo”, pelas cores dos partidos que a compõem: o vermelho dos sociais-democratas, o verde dos ecologistas e o amarelo do Partido dos Democratas Livres (FDP, na sigla em alemão).

Merkel, que se despede como chanceler após 16 anos no cargo, assistiu à sessão de confirmação do seu sucessor sentada na tribuna de visitantes, pois já não pertence ao Bundestag (câmara baixa) como deputada. Os parlamentares de todos os partidos, com exceção dos ultradireitistas do AfD, se levantaram para ovacioná-la durante vários minutos. A agora ex-chanceler anunciou em 2018 que não disputaria a reeleição e pretendia se apostar da política ativa.

A sessão foi dedicada inteiramente à votação, sem discursos —exceto por algumas breves palavras da presidenta do Bundestag, Bärbel Bas. Estavam presentes 707 dos 736 deputados. Na tribuna de convidados estava também Gerhard Schröder, antecessor imediato de Merkel e último social-democrata a ocupar a chancelaria (1998-2005).

Scholz, de 63 anos, era até esta quarta-feira o vice-chanceler e ministro das Finanças na coalizão ampla liderada por Angela Merkel (democratas-cristãos e sociais-democratas). Ele liderou a vitória do seu partido nas eleições federais de 26 de setembro, com 25,7% dos votos. Após dois meses de negociações, no fim de novembro foi apresentado um acordo de Governo com seus outros dois sócios. O contrato, de 177 páginas e ratificado formalmente nesta segunda-feira, se baseia na descarbonização da economia, na digitalização e modernização do país e na ênfase em medidas sociais. A coalizão empreenderá numerosas reformas de viés progressista, como permitir a autodeterminação de gênero, conceder direito de voto a cidadãos maiores de 16 anos e facilitar a obtenção da nacionalidade.

Scholz se torna o nono chanceler da República Federal da Alemanha, fundada em 1949, e devolve os sociais-democratas ao poder após 16 anos na oposição ou como sócios minoritários na grande coalizão liderada pelos democratas-cristãos.

O novo Governo alemão será quase paritário, com oito ministros e oito ministras. Pela primeira vez na história da República Federal, os importantes ministérios de Relações Exteriores e de Interior serão comandados por mulheres. Os sociais-democratas têm sete carteiras; os verdes, cinco, e os liberais, quatro. O posto mais importante depois do chanceler, o de ministro das Finanças, caberá ao líder dos liberais, Christian Lindner. Os dois copresidentes dos Verdes, Robert Habeck e Annalena Baerbock, também estarão no Executivo —o primeiro como um superministro para Economia e Clima, aglutinando temas cruciais para a transição ecológica, como a energia, enquanto sua correligionária se ocupará das relações exteriores.

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