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Aluno de 18 anos mata pelo menos oito pessoas a tiros em universidade da Rússia

Massacre ocorreu na cidade de Perm, a 1.300 quilômetros de Moscou, provocado por um estudante da Faculdade de Direito que ficou gravemente ferido

Policiais russos na Universidade Estatal de Perm, na Rússia, cenário do massacre desta segunda-feira.
Policiais russos na Universidade Estatal de Perm, na Rússia, cenário do massacre desta segunda-feira.MAKSIM KIMERLING (Reuters)
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Um estudante de 18 anos matou a tiros oito pessoas e deixou pelo menos outros 24 feridos nesta segunda-feira na Universidade Estatal de Perm, 1.300 quilômetros a leste de Moscou, segundo o Ministério da Saúde da Rússia. As forças de segurança ainda estão investigando a cifra exata de vítimas desse novo ataque armado, razão pelo qual ela ainda pode variar.

Segundo o Comitê de Investigação da Rússia, agência de segurança que se ocupa de apurar crimes especialmente graves no país, o atirador também ficou ferido ao ser detido. Fontes do site local 59 disseram que o jovem foi internado em estado grave numa UTI, com ferimentos no abdômen e extremidades. Pouco depois do ataque, uma porta-voz da universidade, Natalia Pechishcheva, havia informado à agência Reuters que o atirador foi morto no local, onde algumas imagens mostraram seu corpo caído e ensanguentado. Depois a instituição desmentiu essa informação.

O atirador foi identificado como Timur Bekmansurov, nascido em 2003 e aluno de Ciências Forenses na Faculdade de Direito dessa mesma universidade. Pouco antes do ataque, a rede social russa Vkontakte bloqueou a conta desse jovem de 18 anos para evitar a difusão de uma mensagem que mostrava sua foto com um capacete e o rifle de caça que levou para o campus, conforme informou a plataforma à agência Ria Novosti.

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Imagens exibidas pelo Canal 4 mostram sua chegada à universidade e as cenas de pânico desatadas pelos tiros, com numerosas pessoas pulando pelas janelas dos prédios para tentar fugir. “Éramos 60 pessoas na sala de aula. Fechamos a porta e nos entrincheiramos com cadeiras”, relatou o estudante Semion Karyakin à Reuters. Ao saber do massacre, muitos taxistas da cidade se dirigiram ao campus para ajudar a retirar os alunos.

A universidade criticou a demora dos serviços de emergência aos seus pedidos de socorro. O segurança do local não chegou a apertar o chamado botão de pânico —que teria alertado imediatamente as equipes— porque foi uma das primeiras vítimas, ao ser surpreendido pelo atirador.

A Rússia aplica restrições à posse de armas de fogo por civis, mas algumas categorias de armas podem ser compradas para a caça, a defesa pessoal ou o uso esportivo, desde que os aspirantes a proprietários superem certas provas e completem outros requisitos previstos em lei.

Bekmansurov, o autor do ataque, conseguiu sua arma, uma escopeta Huglu Atrox T com cartuchos do calibre 12/76, de forma legal, disse uma fonte dos serviços médicos da região à agência Interfax: “Submeteu-se a um exame médico geral, incluído o teste psiquiátrico e de narcóticos, e obteve a aprovação” —algo confirmado pelo próprio assassino, que se gabou em suas redes sociais de como “tinha sido fácil” se armar.

“‘Você precisa fazer um teste de personalidade, é longo, 500 perguntas’, me disse [o funcionário], pedindo que eu voltasse dias depois. Ao voltar para casa não foi difícil encontrar a prova [na internet], ler os critérios de avaliação e ser aprovado nela algumas dúzias de vezes durante o fim de semana”, relatou o agressor em sua publicação na rede social. O texto explica como preparou o ataque. “Não sei se termino eu [com um suicídio] ou se deixo que os policiais façam isso. A segunda opção seria mais divertida”, explica. E prossegue: “Não posso descartar a possibilidade de ser detido. É, aí eu seria um perdedor”.

“O que aconteceu não é um ataque terrorista (ao menos do meu ponto de vista leigo)”, deixou também escrito Bekmansurov, que no texto se refere a si mesmo no passado. “[Eu] não era membro de organizações extremistas, nem religioso, nem antipolítico”, dizia ele no início da mensagem. Contava ter passado “muitos anos” imaginando a ação e economizando para comprar uma arma. “Para mim não tinha importância como fazer. Eu usaria uma arma, um carro, ou talvez uma bomba ou uma faca. Optei pela arma [de fogo] só porque sou bom disparando, especialmente após ver os resultados dos meus colegas há dois anos nas aulas de tiro. Lamentáveis”.

Esta não é a primeira tragédia com armas de fogo na Rússia este ano. Em 11 de maio, sete crianças e dois professores foram assassinados em um colégio de Kazan, na região do Tartaristão, por um estudante de 19 anos que também tinha obtido uma arma de fogo legalmente. Após aquela tragédia, o presidente Vladimir Putin ordenou a proibição da venda de espingardas e outras armas de caça a menores de 21 anos. Entretanto, a lei só entrará em vigor em 2022.

As autoridades declararam estado de emergência, e três universidades do Perm fecharam suas portas nesta jornada. Além do tiroteio ocorrido na universidade, a Guarda Nacional também se deslocou a um supermercado depois da divulgação de alguns rumores falsos nas redes sociais. Afinal, nada havia acontecido no local, conforme constatou um jornalista do site 59.

A cidade compartilhou sua dor com as vítimas. “Desejo a todas as vítimas força, paciência, a ajuda de Deus e uma pronta recuperação”, escreveu o diretor da diocese ortodoxa de Perm. “O Zvezda 2005 F.C. expressa suas condolências e seu apoio a todas as famílias das vítimas”, publicou por sua vez o clube de futebol feminino da cidade.

Putin também enviou suas condolências às vítimas e familiares, e o primeiro-ministro Mikhail Mishustin ordenou aos ministros de Saúde e de Ciência e Educação que viajassem imediatamente a Perm, perto dos montes Urais, para acompanhar in loco os desdobramentos tragédia. A cidade também recebeu um avião de Moscou com ajuda médica.

O massacre ocorre um dia depois da última jornada das eleições legislativas da Rússia, neste fim de semana, em que o partido de Putin, o Rússia Unida, revalidou sua maioria na Duma (Parlamento).

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