215.000 franceses protestam contra a vacinação obrigatória e o certificado covid-19 pela quinta semana seguida
As manifestações, com uma participação levemente menor do que no sábado passado, começam a incomodar o Governo Macron, que viveu o desgaste dos ‘coletes amarelos’
![Centenas de milhares de franceses foram às ruas pelo quinto sábado consecutivo para protestar contra o certificado covid-19.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/FGI4K4CFD5OFO5N25RWLZ2DNJI.jpg?auth=bb46066a68bb2839822ac79186e270341af70005a7510bb5d6536257f56e9359&width=414)
![Silvia Ayuso](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2F728fde18-e598-4c77-b0f3-a2aa9eedbbe5.png?auth=b16f7f1439293a8783b0efda8012053ee8d5475d3fa001455ae0914e51887b66&width=100&height=100&smart=true)
Centenas de milhares de pessoas voltaram a protestar neste sábado em toda a França contra as medidas do Governo de Emmanuel Macron para impulsionar a vacinação contra o coronavírus, principalmente o certificado covid-19 que já está em vigor há quase uma semana e a vacinação obrigatória dos profissionais de saúde. Segundo o Ministério do Interior, quase 215.000 pessoas foram às ruas pelo quinto sábado seguido para mostrar sua oposição ao que consideram uma “ditadura sanitária”, embora o recrudescimento da pandemia tenha levado a novos confinamentos e provocado saturação hospitalar em territórios ultramarinos, nos quais a taxa de vacinação é muito menor do que na França continental.
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A participação nos protestos foi um pouco menor do que o previsto —a imprensa tinha citado fontes oficiais que previam 250.000 pessoas— e também ficou levemente abaixo do total mobilizado na semana passada, quando foi registrado um pico de 237.000 manifestantes. Mesmo assim, os observadores destacaram a capacidade de mobilização de um protesto social sem líderes claros e em pleno período de férias.
O Governo insiste há dias que o número de pessoas que se vacinam a cada semana é muito maior do que o de manifestantes que saem às ruas para protestar. Macron reiterou nesta semana seu objetivo de chegar a 50 milhões de cidadãos que tenham recebido pelo menos uma dose de vacina até o fim deste mês. No entanto, segundo a imprensa francesa, o fato de as manifestações não diminuírem começa a causar inquietação em um Executivo que conhece em primeira mão o desgaste causado por protestos de longa duração, como os dos “coletes amarelos” em 2018 e 2019, e já está de olho, assim como todos os partidos, nas eleições presidenciais que serão realizadas daqui a menos de um ano, em abril.
Os novos protestos —foram convocados cerca de 200 em todo o país —ocorrem quando o certificado sanitário já vigora há quase uma semana, enquanto nos territórios ultramarinos, novamente confinados, a situação se agrava. As autoridades começaram a exigir na segunda-feira que a pessoa apresente uma prova de vacinação completa, um teste negativo recente ou um certificado de que se recuperou do coronavírus para que possa entrar em bares e restaurantes —inclusive em áreas abertas—, embarcar em um voo interno ou um trem de longa distância e até mesmo visitar um paciente ou acompanhar alguém ao hospital. A exigência já vigorava desde 21 de julho para museus, cinemas e teatros, e a partir da próxima segunda-feira valerá também para ter acesso shopping centers de mais de 20.000 metros quadrados nas regiões onde a taxa de incidência passe de 200 casos por 100.000 habitantes. A medida também afetará nove centros comerciais em Paris, entre eles as emblemáticas Galerias Lafayette, como anunciou neste sábado a polícia. Em todo o país, 104 lojas e shoppings terão de exigir o controle sanitário a partir de segunda-feira, segundo a agência France Press.
Em um raro pronunciamento público no início de uma reunião do conselho de defesa sanitária —geralmente realizada a portas fechadas, em mais um sinal da preocupação gerada pelos protestos—, Macron afirmou na quarta-feira que o certificado covid-19 é um mal menor. “É isto ou o fechamento do país, um novo toque de recolher ou um confinamento”, advertiu, ressaltando que a crise sanitária ainda não foi superada e que as vacinas “são a maior proteção contra as internações”. A prova disso, segundo o Governo, é a situação crítica em territórios ultramarinos como Guadalupe e Martinica, novamente confinados e com os hospitais saturados pelos novos casos de covid-19, o que exigiu o envio de pessoal médico extra para essas localidades.
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