Últimas notícias das eleições no Peru | Sem resultado oficial, Castillo recebe cumprimentos de lideranças de esquerda, como Lula

Candidato obtém 50,18% dos votos contra 49,82% de Keiko Fujimori, que acusa adversário de fraude e pede recontagem, o que deve atrasar o resultado oficial. A diferença é de quase 60.000 votos

Agencias
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A apuração nas eleições do Peru está praticamente concluída nesta quinta-feira indicando a vitória do esquerdista Pedro Castillo, com 50,18% dos votos contra 49,82% da candidata conservadora Keiko Fujimori. O resultado apertado, porém, não encerra a espera dos peruanos por saber quem será o próximo presidente. O país aguarda a decisão da justiça eleitoral em 800 mesas contestadas por Fujimori, recurso que, se for bem-sucedido, ameaça atrasar a proclamação do novo mandatário por até duas semanas. Castillo já se declarou vencedor do pleito presidencial antes do final da contagem dos votos e foi cumprimentado por outros presidentes da região, como o argentino Alberto Fernández e o boliviano Luis Arce, e por outros ex-mandatários, como Luiz Inácio Lula da Silva.

Também nesta quinta, promotor José Domingo Pérez, que lidera a investigação da Lava Jato peruana contra Fujimori e mais de 30 réus por lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução da justiça, pediu à justiça que ordene a prisão preventiva da candidata. Ela é acusada de lavagem de dinheiro, produto das contribuições ilegais supostamente recebidas pelo patrocinador das campanhas eleitorais de 2011 e 2016. O promotor sustenta, de acordo com a ordem de prisão noticiada pelo jornal El Comercio, que “ficou determinado mais uma vez que a ré Fujimori Higuchi não cumpriu a restrição de não se comunicar com testemunhas; portanto, constatou-se como fato público e notório que se comunica com a testemunha Miguel Torres Morales“.

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O segundo turno das eleições no Peru ocorreu no domingo. Castillo, vencedor do primeiro turno (com 2,7 milhões de votos, 19%), liderou as pesquisas nos primeiros 15 dias, mas Fujimori voltou reta final. A filha de Alberto Fujimori (1,9 milhão de votos no primeiro turno, 13%), autocrata que governou o país entre 1992 e 2000, ficou bastante em evidência desde que conseguiu passar para o segundo turno. A qualquer momento em que a televisão era ligada, a candidata de 46 anos aparecia na tela vestida com a camisa do time peruano, seu uniforme de campanha. Painéis em todo o país lançaram mensagens a seu favor de uma forma indireta (embora muito óbvia) para contornar a lei eleitoral.

A exposição do rival, um sindicalista de esquerda radical, foi muito inferior a da adversária, em parte por opção. O professor de 51 anos mal deu entrevistas. Nos comícios, reclamou que a neutralidade que é assumida por alguns setores da sociedade não estava sendo respeitada. Seu maior esforço na reta final foi para tentar se afastar de Vladimir Cerrón, o presidente do partido Peru Libre, ao qual está vinculado, mais como convidado do que como verdadeiro militante. Cerrón é um esquerdista dogmático e próximo de Cuba e da Venezuela. No último debate, ele insistiu que respeitará a propriedade privada e a economia de mercado, a despeito do que diga seu adversário. Castillo tentou no último minuto atrair um eleitor mais focado e urbano, que pode se sentir tentado a votar em Fujimori como o mal menor.

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