Inglaterra registra o primeiro dia sem mortes em quase um ano e Johnson convida população a recuperar abraços
O país não registrou nenhum óbito por covid-19 no domingo. Bares, restaurantes, cinemas, teatros e museus serão reabertos na próxima segunda-feira
Foi um número mais circunstancial do que definitivo, mas serviu para reafirmar aos britânicos que os dias mais sombrios ficaram para trás. No domingo, a Inglaterra não registrou nenhuma morte por covid-19. Foi a primeira vez que isso ocorreu desde julho de 2020. Em todo o Reino Unido, incluindo Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, o número total foi de quatro mortos. Mas 56 milhões dos 66 milhões de habitantes do país vivem na Inglaterra. O Governo de Boris Johnson começa a respirar um pouco mais tranquilo, e o primeiro-ministro pôde anunciar com confiança que na próxima segunda-feira entrará em vigor a nova fase da flexibilização. E o mais importante é que Downing Street levantará as proibições e voltará ao campo das recomendações, onde um conservador meio libertário como Johnson se sente muito mais à vontade. “Abracem seus entes queridos, mas só se considerarem que é possível e que os riscos são muito, muito baixos. Tenham bom senso”, pediu o primeiro-ministro aos cidadãos ao anunciar as próximas medidas de relaxamento do confinamento.
A partir de segunda-feira, voltam a ser permitidas reuniões de até seis pessoas dentro das casas. Ao ar livre, a permissão é de até 30 pessoas. Embora nunca tenha havido em ambientes familiares uma obrigação explícita de respeitar a distância de segurança de um metro, o Governo Johnson incentiva agora os abraços e uma proximidade maior, sempre com a precaução necessária.
Em recintos públicos como restaurantes, teatros ou lojas, está mantida a regra do distanciamento. Bares, restaurantes e pubs, que desde meados de abril podiam oferecer seu serviço em áreas ao ar livre —o tempo não ajudou, com uma primavera boreal especialmente fria e chuvosa—, poderão abrir seus espaços internos. Cinemas, teatros e museus terão capacidade limitada, mas também retomarão suas atividades. Os hotéis poderão acolher grupos de até seis pessoas, ou dois núcleos familiares combinados. Os estudantes de primeiro e segundo grau continuarão sendo submetidos a dois exames de PCR semanais, mas já não serão obrigados a usar máscara na sala de aula. Os universitários poderão retornar às aulas presenciais, suspensas desde o início do atual ano letivo, em setembro.
Turismo para o exterior
A campanha de vacinação, que no Reino Unido começou quase um mês antes do que no resto da Europa, mostrou-se um sucesso para a redução das internações e mortes. Embora o fator-chave para controlar a pandemia tenha sido, acima de tudo, o confinamento que foi imposto pouco antes do Natal e se prolongou durante quase quatro meses. Dos habitantes do Reino Unidos, 53,1% já receberam pelo menos a primeira dose de imunização, e 26,7%, o tratamento completo. Em números absolutos, 35,4 milhões e 17,8 milhões, respectivamente.
No dia 17 de maio, serão retomadas as concessões de autorização de viagem de turismo para o exterior. O Governo Johnson preparou um “sistema de semáforo” para graduar os diferentes níveis de restrição impostos aos destinos mais cobiçados. Só 12 destinos —incluindo Portugal, Gibraltar e Nova Zelândia— estão na lista verde. Ao voltar desses países, os viajantes não precisarão se submeter a uma quarentena de dez dias nem realizar obrigatoriamente dois exames de PCR durante esse período. Espanha, França e Itália permanecem, por enquanto, na lista amarela, por isso a quarentena na volta desses países continuará sendo obrigatória, e a indústria do turismo teme que isso desestimule as reservas. A Turquia, por exemplo, continua na lista vermelha. A final da Champions League, na qual se enfrentarão dois times britânicos —Manchester City e Chelsea—, está marcada para 29 de maio em Istambul. O Governo Johnson já se ofereceu à UEFA para ser a sede do jogo.
O Governo da Escócia, que tem sido mais cauteloso do que o Executivo central quanto ao avanço da flexibilização, desta vez ajustou suas medidas às de Londres. A partir de 17 de maio, também reduzirá as regras de distanciamento social e ampliará a reabertura geral dos hotéis.