Departamento de Justiça de Trump espionou três jornalistas que informavam sobre a trama russa

Autoridades acessaram gravações das ligações dos repórteres do ‘The Washington Post’

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Nos primeiros meses do mandato de Donald Trump (2017-2021), o Departamento de Justiça obteve em segredo gravações das ligações telefônicas e tentou acessar os e-mails de jornalistas do jornal The Washington Post que informavam sobre o papel desempenhado pela Rússia nas eleições de 2016, de acordo com publicação do próprio jornal na sexta-feira. A informação sobre a suposta espionagem foi entregue aos jornalistas por funcionários da atual Administração.

Em três cartas com data de 3 de maio, o Departamento de Justiça se dirige a três jornalistas do jornal —dois deles na ativa, e outro que não faz mais parte da equipe—, aos quais “pela presente notifica que de acordo com o procedimento legal, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos recebeu registros de comunicações associadas aos seguintes números de telefone durante o período compreendido entre 15 de abril e 31 de julho de 2017”. A lista detalha os números de telefone particular, da redação e celular dos três jornalistas espionados. Trump tomou posse na presidência em 20 de janeiro desse ano.

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Cameron Barr, atual diretor-executivo do jornal, mostrou sua inquietação pelo alcance da notícia. “Estamos seriamente preocupados por esse uso do poder do Governo para ter acesso às comunicações dos jornalistas. O Departamento de Justiça deveria esclarecer imediatamente as razões para sua intromissão na atividade informativa de jornalistas que só faziam seu trabalho, uma atividade protegida pela Primeira Emenda”, que consagra o direito à liberdade de expressão.

A suposta ingerência do Kremlin no processo eleitoral que em 2016 deu a vitória a Trump contra todos os prognósticos foi uma sombra que o perseguiu durante seu mandato. Investigada pelo FBI, comitês do Congresso e um promotor especial, Robert Mueller, a trama se originou com o roubo de e-mails do Partido Democrata publicados pelo WikiLeaks antes das eleições de 2016 com o suposto objetivo de favorecer Trump, e na suposta confabulação do entorno do republicano com o ataque. O promotor Mueller não encontrou provas de conspiração entre Trump e Moscou, mas deixou aberta a possibilidade de que o republicano de fato tenha cometido um crime de obstrução à justiça, ao tentar obstaculizar as investigações. A suposta existência de um complô entre Trump e o Kremlin foi repetidamente chamada de caça às bruxas pelo republicano.

Empresas de comunicação e defensores da Primeira Emenda criticam a prática da Administração de confiscar gravações de jornalistas em uma tentativa de identificar as fontes de vazamentos, pois consideram que prejudica a compilação de informações críticas. O penúltimo episódio de requisição de gravações ocorreu em 2018, quando o Departamento de Justiça obteve as comunicações de uma jornalista em uma investigação sobre suas fontes. O conteúdo das informações também girava em torno da trama russa.

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