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Campanha de vacinação nos EUA avança muito mais lentamente que o esperado

Administração Trump se comprometeu a encerrar o ano com 20 milhões de vacinados, mas a cifra mal supera 2,5 milhões

Antonia Laborde
A médica Alhan Fadiani administra uma vacina da Pfizer-BioNTech contra a covid-19 ao veterano de guerra Dominic Pitella em Chelsea, Massachusetts.
A médica Alhan Fadiani administra uma vacina da Pfizer-BioNTech contra a covid-19 ao veterano de guerra Dominic Pitella em Chelsea, Massachusetts.JESSICA RINALDI / POOL (EFE)
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Duas semanas depois do início da campanha de vacinação maciça contra o coronavírus nos Estados Unidos, as autoridades reconheceram nesta quarta-feira que o processo avança mais lentamente do que o previsto. Foram despachadas até agora mais de 14 milhões de doses das vacinas dos laboratórios Pfizer-BioNTech e Moderna, mas pouco mais de 2,5 milhões de cidadãos começaram o tratamento, segundo os últimos dados dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta (CDC, principal instituição de saúde pública dos EUA). A meta mais conservadora da Administração de Donald Trump estimava que até o final de dezembro 20 milhões de pessoas teriam sido vacinadas. O presidente-eleito do país, Joe Biden, criticou o atraso e alertou que nesse ritmo proteger toda a população “levará anos, não meses”.

Os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia, com 343.000 mortes. Dezembro foi o mês mais mortífero desde o início da crise sanitária, com mais de 63.000 óbitos nos 26 primeiros dias, quase o dobro do registrado em novembro. Um dos fatores que explicam a lenta distribuição da vacina é que cada Estado decide como cadastrar e priorizar seus habitantes, como preparar os centros de imunização e como arregimentar os profissionais necessários. Alguns hospitais a oferecem a médicos e outros grupos prioritários por ordem alfabética, e outros utilizam sistemas mais complexos. Também há Estados, como Maryland, onde o conselho de medicina local advertiu que os departamentos de saúde “ainda não anunciaram um calendário ou detalhes” do processo de vacinação.

Trump ressaltou nesta quarta-feira a responsabilidade das autoridades estaduais na distribuição das vacinas, uma vez que o Governo federal as teria distribuído aos centros designados pelos Estados. Mas os governadores se queixam de que não contam com recursos federais suficientes para enfrentar a gigantesca operação, enquanto os funcionários dos departamentos estaduais de saúde continuam tendo de lidar com a descontrolada onda de novos casos, que já beiram os 20 milhões em todo o país. O pacote de recursos assinado pelo presidente norte-americano no domingo passado inclui oito bilhões de dólares (41,5 bilhões de reais) para reforçar a distribuição das vacinas. Esta quantia se soma ao orçamento de 18 milhões destinado a fabricar e enviar as vacinas aos pontos de distribuição.

O general Gustave Perna, responsável pela logística da Operação Warp Speed, o programa da Administração Trump para fazer frente à pandemia, atribuiu nesta quarta-feira o atraso aos feriados do fim de ano e a três tempestades de neve que açoitaram algumas áreas do país. Perna observou que apenas 14 dos 50 Estados começaram na semana passada a vacinar em asilos para idosos, os focos mais afetados pela pandemia. Espera-se que outros 13 façam o mesmo esta semana. O país enfrenta também o desafio de distribuir a segunda dose necessária da vacina.

A cifra de vacinados crescerá grandemente “quando começarmos a ver as drogarias CVS e Walgreens distribuírem as vacinas nos asilos”, disse Claire Hannan, diretora da Associação de Administradores de Imunização. Nas próximas semanas, novas vacinas poderiam estar disponíveis, incluída a de dose única desenvolvida pela Johnson & Johnson. As autoridades disseram estimar que em abril os grupos que não são considerados de risco poderão começar a ter acesso à vacina.

Na terça-feira, Biden se comprometeu a administrar 100 milhões de doses nos 100 primeiros dias de seu mandato, o suficiente para 50 milhões de pessoas, levando-se em conta que necessitam de duas injeções para ser efetivas. O presidente-eleito disse que aplicaria a Lei de Produção de Defesa para “ordenar à indústria privada que acelere a fabricação dos materiais necessários para as vacinas, assim como os equipamentos de proteção”. A Administração Trump já lançou mão desta normativa para acelerar a fabricação. O democrata não deu detalhes de como seu plano vai se diferenciar da iniciativa do atual Governo.

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