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Polícia cubana desaloja grupo que protestava por liberdade de expressão e contra prisão de rapper

Ativistas do Movimento San Isidro exigem a libertação de Denis Solís, preso por desacato. Um dos manifestantes, que foram detidos e liberados, é colaborador do EL PAÍS

Francesco Manetto
Policiais na frente da sede do Movimento San Isidro, em Havana, após detenção de manifestantes.
Policiais na frente da sede do Movimento San Isidro, em Havana, após detenção de manifestantes.Atahualpa Americe (EFE)

A polícia cubana irrompeu na noite desta quinta-feira na sede do Movimento San Isidro, uma rede de ativistas que passou 10 dias em autorreclusão em Havana para exigir a libertação do rapper Denis Solís. Cerca de 15 pessoas ficaram detidas por várias horas, incluindo jornalistas, artistas e professores. Alguns deles haviam se declarado em greve de fome e sede para protestar contra a repressão e as políticas do Governo, que, conforme denunciam, cerceiam cada vez mais a liberdade de expressão. Vários dos detidos foram postos em liberdade horas depois.

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Entre os desalojados está Carlos Manuel Álvarez, jornalista e escritor, diretor do site El Estornudo e colaborador do EL PAÍS. Álvarez chegou na terça-feira à ilha para se unir ao grupo de ativistas que se fechou na sede do Movimento San Isidro, no bairro homônimo em Havana. As autoridades alegaram que a operação era necessária para cumprir o protocolo de saúde contra a pandemia do coronavírus. Segundo relata Álvarez por telefone de Havana, “agentes da Segurança do Estado disfarçados de médicos” iniciaram a ação. “Eu não cedi”, prossegue. Depois se somou um grupo de policiais fardados, que depois das advertências “quebraram a porta a golpes, a derrubaram”. “Estávamos serenos e não oferecemos resistência. Eram como feras distribuindo a presa entre si. Pareciam inclusive ter mais medo do que nós”, afirma o repórter.

Não houve agressões, mas confusão e empurrões para introduzir os detidos nos furgões policiais. “Os homens foram levados à delegacia na esquina das ruas Cuba e Chacón [em Havana Velha], e lá estivemos duas horas dentro do carro”. Álvarez passou por um exame PCR, foi liberado e deverá permanecer confinado por alguns dias. Diz que as reivindicações do coletivo não acabam nesta noite. Ainda não sabem que estratégias seguir, estão há dias pensando em possíveis variantes, mas Álvarez não tem dúvidas: “Isso não termina”. Álvarez acrescenta que sentiu “um ambiente de muita camaradagem” dentro da casa do Movimento San Isidro. De alguma forma, como ocorre em circunstâncias excepcionais, “ficou a marca da irmandade criada [no autoconfinamento]”

Sua decisão de aderir ao protesto do Movimento San Isidro ocorreu depois que as forças de segurança detiveram Denis Solís no começo do mês, sem mandado judicial, no meio de uma briga que foi parar nas redes sociais. O rapper foi condenado a oito meses da prisão pela acusação de desacato às autoridades.

O escritor cubano Carlos Manuel Álvarez (ao centro), junto a Maykel Castelo (esq.) e Luis Manuel Otero Alcántara (dir.), três dos opositores em greve de fome.
O escritor cubano Carlos Manuel Álvarez (ao centro), junto a Maykel Castelo (esq.) e Luis Manuel Otero Alcántara (dir.), três dos opositores em greve de fome. Movimiento San Isidro (EFE)

O movimento nasceu em 2018 para lutar contra as restrições à liberdade de expressão impostas pelo Governo de Miguel Díaz-Canel. Apesar dos protestos de vários membros do coletivo, que chegaram a ir a uma delegacia da cidade para ter notícias de Solís, conhecer os detalhes do julgamento e saber onde ele se encontra, vários manifestantes foram detidos durante horas, e então a polícia redobrou a vigilância contra essa rede e sua sede.

Entre os participantes da greve de fome declarada em 18 de novembro estão o bioquímico Óscar Casanella, ex-professor da Universidade de Havana, e os jornalistas Iliana Hernández e Esteban Rodríguez. Dias mais tarde, somou-se a eles a poeta Katherine Bisquet. Segundo denunciou o jornalista Darío Alemán, agentes fardados proibiram inclusive uma vizinha de lhes levar alimentos e produtos de higiene pessoal.

Também Maykel González Vivero, diretor da revista Tremenda Nota, relatou as circunstâncias do desalojamento depois de sair da sede do movimento. “Um vizinho me contou que os levaram violentamente, que arrombaram a porta, que do lado de fora havia o típico ato de repúdio, gente aliada do Governo convocada para dar vivas.” Esse jornalista, que precisou se afastar devido à grande mobilização policial e se proteger em um lugar seguro, foi o primeiro a informar nas redes sociais sobre a operação, que num primeiro momento incluiu a interrupção das conexões à Internet no bairro. Depois de saber das detenções, escritores e jornalistas de toda a América Latina denunciaram o desalojamento da sede e exigiram a liberação dos detidos, o que começou a ocorrer horas mais tarde.

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