Pensilvânia, a reconquista decisiva de Biden
O triunfo no Estado deu ao candidato democrata uma vitória definitiva e devolveu ao partido democrata um bastião que havia sido perdido nas eleições passadas
O triunfo atingido na Pensilvânia não representou apenas a vitória definitiva do candidato presidencial Joe Biden. Reconquistar o Estado significou devolver ao Partido Democrata um de seus bastiões. Tradicionalmente, o Partido Democrata desfrutava de um sólido apoio junto à classe trabalhadora no cinturão industrial que inclui também Michigan e Wisconsin, onde Biden obteve um maior número de votos. Há quatro anos, porém, a região mudou de cor e votou em Trump, curvada por décadas de declínio e de migração de postos de trabalho para outros lugares do mundo onde a mão de obra é mais barata. As regiões deram um voto de confiança no atípico candidato republicano, que prometeu defender a todos os esquecidos do âmbito rural. Agora, a situação se inverteu novamente.
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Às portas do Centro de Convenções de Filadélfia, cidade mais populosa da Pensilvânia, uma multidão de apoiadores de Biden, ativistas e defensores dos direitos dos afro-americanos se aglomerava desde sexta-feira para comemorar a ultrapassagem épica do democrata na reta final da apuração. Alguns jovens tocavam percussão, outros gritavam slogans associados ao movimento Black Lives Matter: “Não somos como nossos antepassados”.
Junto às portas do pavilhão, dezenas de policiais zelavam para que a manifestação fosse somente um ato pacífico. Sara Sierchula, de 43 anos, que havia se juntado ao grupo no começo da rua, contava que para ela esta “é a eleição mais importante da vida”. “Sou democrata, mas justamente por isso, se Trump ganhar de forma justa, estaria de acordo. Mas que cada voto seja contado”, afirmou a este jornal.
Na noite de sexta, enquanto a apuração era interrompida e os manifestantes recolhiam seus cartazes para voltar para casa, Biden fazia um pronunciamento público pedindo calma à nação. “Os números são claros. vamos ganhar esta corrida”, afirmou, num discurso já em tom presidencial. “Seus votos serão contados. As pessoas serão ouvidas”, insistia o candidato, enquanto, pelo terceiro dia consecutivo, pedia “paciência”. A previsão se confirmou neste sábado, quando a projeção da vitória deu ao democrata os cruciais 20 votos no colégio eleitoral, que consolidaram sua vitória.
Do outro lado, os republicanos da Pensilvânia tramitavam na sexta-feira uma petição urgente à Suprema Corte para desprezar os votos por correio recebidos depois do dia das eleições, mesmo que o carimbo mostre que foram enviados antes de 3 de novembro. Há meses Trump se empenha em questionar este tipo de voto, por sua inclinação a favorecer os democratas, e isso já levou a Justiça local a se pronunciar sobre a legalidade do processo. O partido recorreu à Justiça federal, mas em 19 de outubro a Corte Suprema dos Estados Unidos, que tinha uma vaga em aberto, se negou a tomar uma decisão, por haver um empate de 4 x 4 entre seus integrantes liberais e conservadores. Entretanto, indicou que poderia retomar o caso.
A Corte voltou a ficar completa no final de outubro, com a confirmação pelo Senado da juíza conservadora Amy Coney Barrett, nomeada por Donald Trump. Se o tribunal resolver uma suspensão e aceitar o caso, terá o poder de anular as cédulas que chegarem após a data. Mas também pode acontecer que estas não sejam suficientes para alterar o resultado em favor de Trump, já que Biden, até a tarde deste sábado, possui uma vantagem de 0,5%, com mais de 98% dos votos apurados.
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