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Trump tem sintomas “muito preocupantes” e as próximas horas são críticas, diz chefe de Gabinete

O republicano está internado no Hospital Militar Walter Reed para tratar o coronavírus. A confusa explicação médica eleve a incerteza nos Estados Unidos

Mark Meadows (izquierda) acompaña al presidente Donald Trump
O Chefe de Gabinete da Casa Branca, Mark Meadows (à esquerda), observa o presidente Donald Trump deixar o Marine One ao chegar ao Walter Reed Medical Center em Bethesda, em 2 de outubro de 2020.BRENDAN SMIALOWSKI (AFP)
Amanda Mars
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U.S. President Donald Trump arrives at Walter Reed National Military Medical Center by helicopter after the White House announced that he "will be working from the presidential offices at Walter Reed for the next few days" after testing positive for the coronavirus disease (COVID-19), in Bethesda, Maryland, U.S., October 2, 2020.  REUTERS/Joshua Roberts     TPX IMAGES OF THE DAY
Coquetel da Regeneron, o tratamento experimental contra a covid-19 recebido por Donald Trump
(FILES) In this file photo taken on April 16, 2020, US President Donald Trump flanked by US Vice President Mike Pence, speaks during the daily briefing on Covid-19, in the Brady Briefing Room of the White House in Washington, DC. - Pence tested negative on October 2, 2020, for Covid-19, his spokesman said after President Donald Trump announced he and First Lady Melania Trump had contracted the coronavirus. "As has been routine for months, Vice President Pence is tested for Covid-19 every day. This morning, Vice President Pence and the Second Lady tested negative for Covid-19," spokesman Devin O'Malley tweeted. (Photo by MANDEL NGAN / AFP)
O que acontece se Trump ficar gravemente doente?
U.S. President Donald Trump walks from Marine One as he returns from campaign travel to Bedminster, New Jersey, on the South Lawn of the White House in Washington, U.S., October 1, 2020. Picture taken October 1, 2020. REUTERS/Joshua Roberts
Trump, internado em hospital militar para tratar coronavírus, provoca reviravolta na campanha dos EUA

A incerteza sobre o estado de saúde de Donald Trump, hospitalizado por coronavírus desde sexta-feira, cresceu neste sábado após a primeira coletiva de imprensa da equipe médica que o atende e que deixou mais perguntas que respostas. O presidente dos Estados Unidos havia progredido “muito bem”, segundo informaram os médicos, mas se negaram a responder se ele havia precisado de oxigênio suplementar em algum momento. No fim, criaram uma confusão quanto ao diagnóstico, deixando entrever que o vírus pode ter sido detectado antes do anunciado, muito embora tenham ponderado ter se expressado mal. Logo após a coletiva, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, expôs um panorama mais sombrio para a imprensa, e advertiu que as 48 horas seguintes “são críticas”.

O contágio do mandatário republicano implodiu qualquer previsão no país mais poderoso do mundo, a apenas 30 dias da eleição presidencial. No final, a coletiva na entrada do hospital militar Walter Reed de Bethesda (Maryland), que deveria acalmar ânimos, acabou semeando desconfiança sobre o verdadeiro estado de saúde de Trump, um homem de 74 anos de idade e 110 quilos de peso, um perfil de risco diante da covid.

O médico da Casa Branca, Sean P. Conley, disse durante a coletiva que o presidente estava “indo muito bem” e estavam “extremamente felizes” com a sua evolução. Mas num ato contínuo, uma fonte próxima à Casa Branca, citada de forma anônima pela maioria dos veículos de imprensa, mas que a Associated Press identificou como o chefe de gabinete de Trump, Mark Meadows, deu uma versão mais pessimista. Meadows afirmou que a jornada desta sexta tinha sido “muito preocupante”, e que as próximas 24 horas seriam “críticas”. “Não temos ainda uma clareza sobre a sua recuperação”, relatava.

Conley tinha assegurado que Trump não tinha tido febre desde a sexta pela manhã, e que não havia sofrido com problemas de respiração em nenhum momento, sem a necessidade de receber oxigênio suplementar. No entanto, questionado em várias ocasiões se em algum momento o presidente republicano teria requerido esse complemento de oxigênio, Conley negou-se a responder. Horas depois, uma fonte anônima citada pela AP admitiu que ele precisou de oxigênio na sexta-feira ainda na Casa Branca, antes do traslado ao hospital.

O presidente entrou no hospital, localizado a 30 minutos de Washington, por volta das seis e meia da tarde desta sexta. Trump deixou a Casa Branca a pé, vestindo terno e gravata, fez sinal de positivo para a imprensa e embarcou no helicóptero Marine One, que o transportou para o centro médico. Antes, deixou gravado um breve vídeo em que dizia: “Quero agradecer a todos pelo incrível apoio. Vou para o Hospital Walter Reed. Acho que estou indo muito bem, mas vamos assegurar que tudo vai ser solucionado. A primeira-dama está muito bem. Muito obrigado, nunca vou esquecer”, diz.

Trump informou sobre o seu contágio em sua conta no Twitter por volta da 1 hora da manhã desta sexta, horas depois da confirmação do teste positivo de Hope Hicks, uma colaboradora próxima com quem ele havia viajado a diversos atos públicos por todo o país na última semana. Mesmo assim, neste sábado surgiram dúvidas sobre quando Trump foi efetivamente diagnosticado, ou quando começou a sentir os primeiros sintomas.

Sua agenda na semana foi intensa, começando pelo debate eleitoral com o candidato democrata, Joe Biden, em Cleveland (Ohio), e em seguida um comício em Minnesota além de um evento de arrecadação de fundos naquela mesma quinta-feira em seu campo de golfe em Bedminster (Nova Jersey).

O doutor Conley disse a repórteres neste sábado que o diagnóstico de Trump demorou “72 horas”, o que significaria que o vírus foi detectado antes do anúncio oficial. Minutos após a coletiva, porém, enviou um comunicado esclarecendo que havia se confundido e que, em vez de 72 horas, se referia ao “dia 3”, entendendo que quinta e sexta-feira eram os dias 1 e 2.

Não há data prevista para a alta do presidente nem certezas sobre a evolução da doença nos próximos dias. Os casos graves de coronavírus geralmente atingem seu ápice uma semana após o aparecimento dos sintomas. Costumam surgir cinco dias após a infecção. Tudo o que se sabe sobre a covid-19, um novo vírus que já matou pelo menos um milhão de pessoas em todo o mundo, foi aprendido a duras penas nos últimos meses e ainda não existe vacina ou tratamento específico. Para aumentar a complexidade da questão está uma Casa Branca como a de Donald Trump, que mesmo neste caso não foi capaz de evitar gerar um sentimento de confusão e desordem.

Na manhã de sexta-feira, horas após a confirmação de sua infecção, a Casa Branca informou que o presidente estava sofrendo de “sintomas leves”, que se sentia “cansado”, mas de bom humor. O republicano foi medicado com um coquetel de anticorpos da farmacêutica Regeneron, em tratamento experimental, e posteriormente com o Redemsivir, único medicamento para o tratamento da covid-19 aprovado pelas instituições competentes americanas e europeias. O estado da primeira-dama, Melania Trump, também com sintomas, é menos grave, por isso ela não deixou a residência oficial. Ao meio-dia, Trump escreveu em sua conta no Twitter: "Os médicos, enfermeiras e todo o grande Hospital Walter Reed, bem como outras instituições incríveis que se juntaram a eles, são INCRÍVEIS. Um enorme progresso foi feito nos últimos seis meses para combater essa praga. Com sua ajuda, me sinto bem!”

Os Estados Unidos se tornaram o epicentro da pandemia, com mais de 200.000 mortes. O presidente, que negou sua gravidade até o último momento e até zombou das medidas de prevenção, entrou para a lista dos sete milhões de infectados no país. Um mês antes das eleições, os americanos não sabem como será o resto da campanha eleitoral, qual será o papel de Donald Trump, se novos debates presidenciais podem ser realizados ou se haverá mais daqueles comícios massivos de Trump. Eles ainda não sabem se o vencedor será conhecido na mesma noite das eleições ou terá que esperar dias, devido a uma possível enxurrada de votos pelo correio. Dizer que a incerteza é total é um eufemismo.

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