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‘Hackers’ chineses roubaram informação da vacina espanhola contra a covid-19

Tribunal dos EUA acusa Pequim por ataques cibernéticos em 11 países, inclusive a Espanha

Investigadores del Centro Nacional de Biotecnología (CNB-CSIC)
Pesquisadores do Centro Nacional de Biotecnologia (CNB-CSIC) da Espanha, em março.Luis Manuel Rivas

Hackers chineses se apropriaram de informações de instituições espanholas que pesquisam uma vacina contra a covid-19, segundo fontes conhecedoras dessas invasões cibernéticas. Os ataques se repetiram em vários países que participam da corrida para conseguir um remédio contra a pandemia, conforme revelou nesta quinta-feira a diretora do Centro Nacional de Inteligência (CNI), Paz Esteban, acrescentando, sem entrar em detalhes, que os serviços secretos desses países trocam informações para evitá-los.

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Durante um seminário organizado pela Associação de Jornalistas Europeus (APE), a diretora do serviço espanhol alertou para o crescimento “qualitativo e quantitativo” dos ataques cibernéticos durante o confinamento, dada a ampliação da “área de exposição” a esta ameaça, em decorrência da maior adesão ao teletrabalho. E salientou os ataques cibernéticos a “setores sensíveis como o sanitário e o farmacêutico”, assim como “uma campanha especialmente virulenta, não só na Espanha, contra laboratórios que trabalham na busca por uma vacina contra o novo coronavírus”.

A maioria dos ataques cibernéticos, segundo as fontes consultadas, procede da China e da Rússia. Em muitos casos se trata de instituições estatais, mas também há universidades e organizações criminais que comercializam a informação obtida. No caso da Espanha, sabe-se que o ataque cibernético procedia da China. As fontes consultadas não revelaram a importância nem o caráter da informação desviada.

Em julho passado, um tribunal federal de Spokane, no Estado norte-americano de Washington, acusou dois cidadãos chineses residentes em Cantão (China), Li Xiaoyu e Dong Jiazhi, de piratearem durante mais de uma década os sistemas de centenas de empresas de alta tecnologia, Governos, ONGs e ativistas de direitos humanos nos EUA, Austrália, Bélgica, Alemanha, Japão, Lituânia, Holanda, Coreia do Sul, Suécia, Reino Unido e Espanha. Nos últimos meses, segundo a acusação, “investigaram vulnerabilidades nas redes informáticas das empresas que desenvolvem vacinas para a covid-19, tecnologia de testes e tratamentos” para a doença. Os hackers trabalhavam às vezes em seu próprio benefício, mas também colaboravam com o ministério chinês da Segurança Estatal.

Os pesquisadores do CSIC (agência oficial espanhola de pesquisa científica) que desenvolvem vacinas experimentais contra o coronavírus foram convocados ainda no primeiro semestre a uma reunião em que foram alertados para tomarem precauções contra possíveis roubos de dados, conforme confirmam dois dos participantes. Entretanto, os responsáveis por seis dos grupos espanhóis que elaboram protótipos de vacinas afirmam que não lhes consta nenhuma subtração de dados em seus sistemas informáticos.

Um porta-voz do CSIC afirma que não houve nenhum roubo em suas instituições – o Centro Nacional de Biotecnologia e o Centro de Pesquisas Biológicas Margarida Salas, ambos em Madri. Fontes do Hospital Clinic, de Barcelona, também afirmam desconhecer qualquer intrusão nos computadores que armazenam os resultados de uma vacina experimental baseada no material genético do novo coronavírus. Tampouco reconhecem subtração de dados no Instituto Nacional de Pesquisa e Tecnologia Agrária e Alimentar (INIA) e na Universidade de Santiago de Compostela, onde a equipe de José Manuel Martínez Costas investiga um enfoque original, baseado em uma estratégia dos vírus das aves.

Há na Espanha uma dezena de projetos voltados ao desenvolvimento de vacinas contra a covid-19. Os mais adiantados são os liderados pelo virologista Mariano Esteban, no Centro Nacional de Biotecnologia do CSIC, e pelo médico Felipe García, no Hospital Clínic. Nenhum começou os ensaios em humanos até agora.

Atualmente há 182 vacinas experimentais contra o novo coronavírus, e 36 delas já se estão sendo testadas em dezenas de milhares de voluntários, segundo o registro da Organização Mundial da Saúde. A UE reservou mais de 1,3 bilhão de doses de seis projetos diferentes, embora por enquanto nenhum tenha sua segurança e eficácia comprovadas.

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