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Estupro de menina indígena por militares abala a Colômbia

Ministério Público investiga oito soldados enquanto o presidente Iván Duque invoca a recém aprovada pena de prisão perpétua para agressores de menores

Soldados participam de exercícios militares na base de Tolemaida, na Colômbia.
Soldados participam de exercícios militares na base de Tolemaida, na Colômbia.Mauricio Dueñas Castañeda (EFE)

O estupro coletivo de uma menina indígena do povo embera chamí comoveu a Colômbia. As primeiras investigações apontam para um grupo de soldados do Exército, e a Procuradoria Geral já assumiu uma investigação urgente sobre o abuso sexual ocorrido nesta segunda-feira no distrito de Santa Cecilia, município de Pueblo Rico, no departamento de Risaralda, no centro do país.

Os militares pertencem ao batalhão San Mateo, disse o Exército no comunicado em que confirmou que “o deplorável fato foi trazido ao conhecimento do comandante da unidade por parte de um suboficial” e imediatamente denunciado às autoridades competentes. “Da maior gravidade e completamente reprovável o abuso sexual a menina indígena por parte de soldados, denunciado em Pereira [capital de Risaralda]”, disse em suas redes sociais o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, ao anunciar que deu instruções ao Exército para que colabore com a investigação. “Os responsáveis merecem uma sanção severa”, concluiu.

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As autoridades indígenas de Pueblo Rico, por sua vez, disseram que a menor de 12 anos vive em uma reserva da região, foi raptada no domingo e agredida “por um número indeterminável de soldados”. Foi encontrada na noite da segunda-feira perto de um colégio da região e levada a um hospital da região. O Ministério Público apontou concretamente oito soldados como “supostos autores”, embora o pelotão seja composto de aproximadamente 30 militares.

O caso agita o debate em torno da violência contra os menores em um momento especialmente delicado. O Congresso aprovou na semana passada uma reforma constitucional que permite a prisão perpétua para assassinos e estupradores de crianças, um velho desejo dos setores mais conservadores que contou com apoio decisivo do Governo de Iván Duque. A polêmica reforma, criticada por especialistas e acadêmicos, ainda passará pelo filtro da Corte Constitucional.

O mandatário não tardou a enquadrar o crime na renovada controvérsia sobre a prisão perpétua. “Este país tem que enfrentar, de forma contundente e drástica, qualquer agressão a um menor. Qualquer assassinato ou qualquer estupro, seja quem for. E aqui não podemos ser tolerantes a nenhuma dessas condutas. Temos que ser drásticos”, declarou nesta quarta-feira, assim que a notícia veio à tona. “Dói-me que membros da Força Pública sejam apontados por terem cometido o estupro de uma menina indígena, mas vamos até o fundo das investigações. E se nos couber estrear com eles a prisão perpétua, vamos estreá-la com eles”, afirmou, embora essa não seja atribuição do Executivo, e a reforma ainda precise de vários projetos complementares que a regulamentem. “Seremos implacáveis na investigação e temos que ser implacáveis na sanção”, concluiu o presidente.

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