Homem negro é morto a tiros pela polícia em Atlanta, e prefeita condena uso “da força letal”
Vídeo do fuzilamento de Rayshard Brooks aumenta os protestos raciais na cidade do Estado da Georgia
A chefa da polícia de Atlanta, Erika Shields, renunciou no sábado após viralizar um vídeo em que dois agentes brancos atiram em Rayshard Brooks, um negro que acabou morto baleado em meio à maior onda de protestos raciais em 50 anos, que ultrapassou as fronteiras dos Estados Unidos. Nas imagens divulgadas é possível ver Brooks fugindo da polícia em um estacionamento de um restaurante da rede de fast food na noite de sexta-feira. A prefeita da capital da Georgia, Keisha Lance Bottoms, pediu na tarde de sábado a demissão imediata do agente que apertou o gatilho e disse que não acreditava que esse episódio justificasse o uso “da força letal”.
O Departamento de Polícia recebeu uma ligação por volta das 22h30 de sexta-feira que acusava a presença de um homem dormindo dentro de um carro que bloqueava o acesso à fila do drive-through do Wendy’s, como informou o Escritório de Investigações da Georgia. Os agentes chegaram ao local e fizeram um teste para verificar se Brooks estava sóbrio. Deu negativo e os policiais iriam prendê-lo. O jovem de 27 anos tentou escapar e se viu envolvido em uma briga que foi gravada pelas câmeras de vigilância e algumas testemunhas presenciais. O homem conseguiu escapar e, quando tinha alguns metros de vantagem, se virou e apontou aos agentes o que aparentemente era uma pistola de descargas elétricas que havia tirado de um dos policiais. Nesse momento os agentes atiraram.
Brooks foi levado a um hospital, onde morreu após uma cirurgia, de acordo com o comunicado divulgado pelo Escritório de Investigações da Georgia, que está investigando o caso “do homem que foi baleado por um agente na briga pelo controle da arma de eletrochoques”. Um dos policiais foi tratado por uma lesão e já se encontra em casa. A promotoria do distrito também está realizando uma investigação “intensa e independente” do ocorrido.
Em Atlanta, a segunda maior cidade de população negra nos Estados Unidos (54%), as manifestações raciais pela morte de George Floyd por um policial branco vêm sendo constantes e maciças há quase três semanas. A morte de Brooks, que acontece em um momento tão sensível à comunidade negra, lhes deu um novo impulso no sábado. Gerald Griggs, vice-presidente da organização pelos direitos dos afro-americanos (NAACP) em Atlanta calculou que somente no estacionamento em que Brooks foi morto mais de uma centena de pessoas foi protestar.
“O que ficou muito claro nas últimas semanas em Atlanta”, disse a prefeita Bottoms, é que, se é verdade que existe uma força policial que trabalha junto às comunidades “com honra, respeito e dignidade, ocorreu uma desconexão com o que são nossas expectativas”, relacionadas à proteção, afirmou em uma entrevista coletiva. A ex-candidata democrata à governadora pela Georgia Stacy Abrams afirmou no Twitter que “o assassinato” de Brooks na noite de sexta exige restringir “severamente o uso da força letal”. Ela solicitou a investigação do caso, mas também que existam responsáveis. “Dormir em um drive-through não deve acabar em morte”, escreveu.
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