Investigadores alemães acreditam que Madeleine McCann foi assassinada por um preso condenado por crimes sexuais
Christian B., de 43 anos, morava no Algarve quando a menina desapareceu
“Assumimos que a menina esteja morta.” Com essas breves palavras, o Ministério Público alemão afastou qualquer esperança de encontrar com vida Madeleine McCann, um dia depois de a polícia divulgar a existência de um novo suspeito. Nesta quinta-feira, a Promotoria de Braunschweig (Baixa Saxônia) admitiu que investiga um preso alemão de 43 anos, identificado apenas como Christian B. e condenado anteriormente por crimes sexuais contra crianças, como suspeito do assassinato da pequena Maddie, que desapareceu há 13 anos durante as férias na região do Algarve, em Portugal.
Hans Christian Wolters, promotor do distrito de Braunschweig, não explicou, durante a breve entrevista coletiva, a origem da hipótese de que a garota britânica tenha sido assassinada. Tampouco forneceu novas informações sobre o estado atual das investigações. “Estamos pedindo publicamente a cooperação das pessoas”, afirmou.
O suspeito atualmente cumpre pena de prisão em Kiel, capital do Estado de Schleswig-Holstein, onde um tribunal o condenou a sete anos por estuprar uma norte-americana de 72 anos. O relatório em poder da Polícia Criminal (BKA) afirma que o estupro ocorreu na mesma região de Portugal onde a menina de três anos desapareceu cerca de um ano e meio depois.
Segundo a polícia, que na noite de quarta recorreu a um famoso programa de TV alemão para pedir ajuda à população, Christian B. morou regularmente entre 1995 e 2007 no Algarve, dentre outros lugares, e durante vários anos residiu numa casa situada entre as localidades de Lagos e Praia da Luz ― onde a menina desapareceu.
A polícia considera que o homem sequestrou e matou a pequena inglesa em 3 de maio de 2007. Foi o que disse o principal investigador da BKA, Christian Hoppe, no programa Aktenzeichen XY ungelöst, da emissora ZDF. Segundo Hoppe, diversas pistas incriminam o suspeito, mas ainda faltam provas decisivas.
A revista Der Spiegel revelou em sua edição on-line que, em 2017, Portugal extraditou o novo suspeito à Alemanha, onde ele foi condenado inicialmente por tráfico de drogas. A condenação a sete anos de prisão por estuprar a idosa norte-americana em 2005 na Praia da Luz, mesmo lugar onde Madeleine desapareceu, aconteceu só em 2019.
Os investigadores alemães, que trabalham no caso com a Polícia Metropolitana Britânica e o Departamento de Investigação Criminal de Portugal, confiam agora na colaboração dos cidadãos. Qualquer pessoa que tenha vivido no Algarve ou estado de férias no momento do desaparecimento de Maddie pode postar fotos e vídeos num portal de informações do corpo policial.
O agente afirmou na TV que Christian B. havia sido detectado pelos investigadores em outubro de 2013, após uma denúncia. “A informação naquele momento não era suficiente para as investigações e certamente não para uma captura”, disse Hoppe nesta quarta-feira. O policial também revelou que Christian B. morava em Praia da Luz quando Maddie desapareceu. O suspeito se sustentava com trabalhos esporádicos no setor gastronômico e era conhecido pela polícia por roubos em hotéis e apartamentos de férias, além de crimes relacionados com drogas.
Segundo Hoppe, ainda não está claro como ocorreu exatamente o sequestro de Maddie e onde seu corpo se encontra. A polícia alemã suspeita que Christian B. inicialmente só queria roubar o apartamento de férias da família McCann, mas mudou de ideia quando viu a garota, que dormia enquanto seus pais jantavam num bar ali perto.
Durante o programa de TV, Hoppe também divulgou o número de telefone português que Christian B. tinha naquele momento (+351-912730680). Os investigadores procuram por uma pessoa com quem ele falou no dia do desaparecimento de Maddie. O celular esteve conectado perto do lugar no momento do incidente. Christian B. manteve uma longa conversa telefônica pelo celular pré-pago com essa pessoa, que até agora não pôde ser identificada, embora seu número de telefone seja conhecido. Os investigadores também buscam informações sobre dois veículos que o suspeito pode ter conduzido na noite do sequestro: um Jaguar XJR 6 escuro com placa alemã, assim como um furgão Volkswagen T3 Westfalia com placa portuguesa, que utilizava esporadicamente.
O agente destacou que as autoridades policiais alemãs oferecem uma recompensa de 10.000 euros (57.900 reais) por qualquer pista que ajude a esclarecer os fatos. A Scotland Yard também fez um apelo ao público. Segundo o relatório dos investigadores alemães, o suspeito, que tem cerca de 1,80 metro de altura, exibia um cabelo curto e loiro quando Maddie desapareceu. Hoppe também disse que, se as investigações tiverem sucesso, poderão ser conhecidos outros possíveis crimes do acusado. “Não descartamos que haja outras vítimas de estupro e agressão sexual”, afirmou.