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Jennifer Lawrence chega aos 30 no topo de Hollywood

Depois de ganhar um Oscar e ser durante anos uma das mais bem pagas da indústria, a atriz escolhe escrupulosamente seus trabalhos, aposta no cinema autoral e vê no ativismo a sua grande inspiração

Jennifer Lawrence, na estreia de ‘Operação Red Sparrow’, em Londres, em 2018.
Jennifer Lawrence, na estreia de ‘Operação Red Sparrow’, em Londres, em 2018.Joel C Ryan (AP)

Jennifer Lawrence se interessou pela interpretação quando começou a participar das peças de teatro na escola do seu Kentucky natal. Um hobby que cresceu quando a então adolescente descobriu que subir a um palco e assumir o papel de outra pessoa servia para escapar à ansiedade social causada pelo bullying dos colegas de classe. Seu empenho em convencer os pais de que realmente queria se dedicar à atuação, e o esforço de seus progenitores para que o sonho se realizasse, resultou em uma estrela mundialmente conhecida.

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Aquela menina de cabelos claros, rosto redondo e caráter forte, que aos 14 anos foi descoberta por um agente enquanto passava férias com a família em Nova York, nunca imaginaria que aos 30 anos —completados neste sábado, 15 de agosto— teria se tornado uma das atrizes mais reputadas e valorizadas de Hollywood. Com um Oscar embaixo do braço pelo filme O Lado Bom da Vida (2013), depois de ganhar o público adolescente pelo papel de Kadniss Everdeen na tetralogia Jogos Vorazes e protagonizar grandes sucessos de bilheteria, Jennifer Lawrence poderia considerar que já fez uma carreira completa na meca do cinema. Só que ela quer mais.

Centrada em seu ativismo, ao qual volta toda a sua atenção desde que se afastou por um período sabático do trabalho de atriz, Lawrence procura ajudar os jovens a viverem em um sistema político como o atual. Para isso colabora com a ONG Represent Us, que luta contra a corrupção política e para conscientizar as futuras gerações. Com ela trabalhou em várias palestras e protagonizou o documentário Unbreaking America: Solving the Corruption Crisis, em que também aborda a discriminação racial nos Estados Unidos.

Essa necessidade de gerar uma mudança no sistema não é nova. A atriz mais bem paga de Hollywood em 2015 e 2016 há anos luta contra a desigualdade salarial de gênero. “Ser mulher em um ambiente profissional muito masculino, ter que negociar constantemente e continuar topando com um muro não é fácil. Você pode ter mérito e fazer sucesso, mas sempre vai acabar batendo nesse obstáculo, não pode ter relações de igual para igual”, disse numa entrevista à revista Paris Match.

Não é a única causa pela qual se mobiliza. Lawrence já falou contra os estereótipos de beleza depois de sofrer na pele a crueldade da indústria, especialmente com as mulheres. “Tive que enfrentar aquele tipo de merda que todas as atrizes temos que encarar: me chamaram de gorda e me disseram que iriam me demitir se eu não emagrecesse alguns quilos” contou certa vez a atriz —embaixatriz-fetiche da Dior desde 2012— à Harper’s Bazaar. E também foi um dos rostos mais visíveis quando Hollywood se tingiu de negro em apoio ao feminismo. Embora tenha esclarecido publicamente que nunca teve qualquer relacionamento extraprofissional com Harvey Weinstein, a atriz disse estar do lado das mulheres que denunciaram os abusos cometidos pelo produtor caído em desgraça: “Eu pessoalmente não fui vitimizada por Harvey Weinstein, mas respaldo as mulheres que sobreviveram aos seus terríveis abusos e as aplaudo por usarem todos os meios necessários para levá-lo à Justiça, seja através de ações criminais ou civis”.

Sua espontaneidade e o hábito de sempre dizer o que pensa são duas das virtudes mais destacadas por quem trabalha com ela. “Jen é aquela pessoa com quem você precisa estar quando não consegue dormir”, disse Bradley Cooper, seu colega de elenco em O Lado Bom da Vida. Também é conhecida por ser desastrada, como se viu nos seus múltiplos tropeços em várias cerimônias do Oscar. Mas a naturalidade com que se sai desses contratempos também é parte da sua forte personalidade —a qual ficou abalada quando, em 2014, foi vítima de um hackamento maciço que divulgou na internet suas fotos nua. “A sensação é como se o planeta inteiro tivesse me estuprado coletivamente”, justificou-se a atriz três anos mais tarde sobre o que sentiu, então com apenas 24 anos.

Considerada por seu talento, beleza e sucessos como a nova namoradinha da América, pegando o bastão de Julia Roberts e Meg Ryan, a vida sentimental de Lawrence também suscita um grande interesse. A imprensa de celebridades a relacionou com todos os personagens masculinos de cada um de seus trabalhos, mas ela sempre se manteve à margem. Rumores e falatórios que ficaram resolvidos em outubro passado, quando a atriz de Joy se casou com Cooke Maroney, um comerciante de arte que conhecera um ano antes graças a amigos comum, numa cerimônia íntima em que esteve acompanhada de grandes amigos de profissão, como Emma Stone.

Afastada do cinema mais comercial desde Operação Red Sparrow (2018) —a estreia de Fênix Negra, da Marvel, no ano passado, passou despercebida—, Lawrence aproveitou estes anos para voltar ao cinema independente, o mesmo onde começou a dar seus primeiros passos. Também criou uma produtora, a Excellent Cadaver, com a qual prepara projetos mais pessoais, como o filme cujo roteiro escreveu a quatro mãos com sua grande amiga Amy Schumer e que por enquanto continua guardado na gaveta, e também um cinema autoral como Mob Girl, o filme que ela produzirá e protagonizará sob as ordens de Paolo Sorrentino. Com 30 anos recém-completados, Jennifer Lawrence ainda tem muito para ensinar.

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