Corinna Schumacher rompe seu silêncio e fala sobre o piloto: “Sinto falta de Michael todos os dias”
O documentário ‘Schumacher’, na Netflix, repassa a vida do heptacampeão de Fórmula 1 antes e depois de seu acidente. Sua mulher o define como “muito divertido” e uma pessoa “maravilhosa”
Quis o destino que Michael Schumacher, após passar décadas a centenas de quilômetros por hora atrás de um volante, sofresse um acidente de esqui, no antepenúltimo dia de 2013, que o deixou em estado crítico e com sequelas irreversíveis. Por desejo da família, poucos detalhes sobre seu real estado de saúde haviam vindo à tona até hoje, mas agora sua mulher, Corinna Schumacher, quebrou o silêncio que a caracteriza e falou sobre o incidente que marcou um antes e um depois na sua vida, como se vê no documentário Schumacher, que acaba de estrear na Netflix.
“Sinto falta de Michael todos os dias. E não sou a única que sente falta dele. As crianças, a família, o pai dele, todos os que o cercam. Todos sentimos falta de Michael, embora ele continue aqui”, admite, emocionada. “Já não é mais o mesmo, mas está aqui, e isso nos dá força para continuar”, acrescenta. “Nunca culpei Deus pelo que aconteceu. Ele só deu muito azar, todo azar que se pode ter”, reflete Corinna, que acompanhou o piloto ao longo de praticamente toda a sua carreira, também administrando suas finanças, e de quem não se separou depois do acidente.
Corinna Betsch (seu nome de solteira) aparece várias vezes ao longo do documentário, recordando incialmente sua paixão à primeira vista pelo piloto, a quem define como uma pessoa “muito divertida” e “maravilhosa”, enquanto são mostradas cenas do casamento deles, em agosto de 1995. “Sinto-me muito afortunada por ter conhecido Michael. É a pessoa mais encantadora que conheci na minha vida”, afirma, recordando algumas histórias dos primeiros tempos – como quando organizou um jantar no aniversário do piloto e ele foi o único a ajudá-la a tirar a mesa e lavar os pratos. “Pensei: ‘Isto sim que é um homem de verdade’.”
Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$
Clique aquiSchumacher era apelidado de O Kaiser e se consagrou como um dos maior pilotos de Fórmula 1 de todos os tempos, mas também precisou enfrentar ao longo da carreira a exposição midiática natural para um heptacampeão mundial – o único da história da F1, ao lado de Lewis Hamilton – que venceu mais de 300 corridas na categoria. Segundo sua mulher, ele resistiu a essa popularidade, pois não queria “ser uma estrela” nem “chegar tão longe”. “Não gostava nada de estar cercado de jornalistas e pessoas. Só queria saber de correr. É verdade que às vezes podia parecer um pouco antipático, mas era porque se exigia muito dele”, acrescenta seu amigo Jean Todt, atual presidente da Federação Internacional de Automobilismo. “Era uma pessoa extremamente reservada e tímida.”
O documentário, com uma duração de 1 hora e 52 minutos, começa com imagens do alemão e sua mulher mergulhando no mar e, na sequência, ele ao volante da Ferrari durante um GP de Mônaco. “O carro e você são um só. Você tem que saber exatamente qual é o limite de carro. Porque sempre há um limite, e você precisa tomar cuidado. Como com tudo nesta vida, é preciso procurar não exagerar nem ficar aquém”, reflete ele mesmo,com a voz em off, antes de aparecerem as imagens da sua estreia na categoria, em 24 de agosto de 1991, no circuito belga da Spa. Na época, o brasileiro Ayrton Senna era o rei das pistas, e Schumacher, uma promessa de 22 anos que os demais pilotos achavam “muito jovem”, conforme conta Flavio Briatore. Ele chegou à categoria num golpe de sorte, depois que Eddie Jordan se retirou na metade da temporada. Cinco anos depois, em 1996, conquistou seu primeiro título mundial.
Apesar da fatalidade de sofrer um acidente tão grave fora dos circuitos, enquanto competia Schumacher sempre teve claro que a experiência não o impedia de falhar, principalmente depois de viver de perto a morte de Senna num grave acidente no GP de San Marino de 1994, vencido pelo alemão. O fatídico episódio é recordado pelo próprio Schumacher em declarações de arquivo. “O pior foram as duas semanas seguintes. O processo de assimilar que ele havia morrido. ”Imediatamente, um jornalista lhe pergunta se havia sido fácil voltar a pilotar, e ele responde que, de repente, começou a ver as coisas “com outros olhos”. “Estava dando uma volta por Silverstone com um carro normal e pensei: ‘Aqui eu poderia morrer’”, relata.
Além de Corinna, falam no documentário também outros membros da família Schumacher, como o pai do piloto, Rolf, e seus filhos, Gina e Mick, que recordam a admiração que o piloto despertava nos circuitos. “Sinto um grande respeito por meu pai. Sempre senti. Ele tem muita presença. Quando entra numa sala, todos se calam. Assim é como lembro dele”, diz Mick, que decidiu seguir os passos do pai nas pistas. “Cada vez que o vejo penso: ‘É assim que eu quero ser’.”
Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.