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Ex-técnico da seleção feminina de ginástica dos EUA se mata após acusação de abusos e tráfico de pessoas

John Geddert enfrentava 24 acusações de crimes; 20 delas relacionadas ao tráfico de pessoas e trabalho forçado

O técnico da equipe feminina de ginástica dos Estados Unidos, John Geddert, comemora com a equipe a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
O técnico da equipe feminina de ginástica dos Estados Unidos, John Geddert, comemora com a equipe a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.- (AFP)
Antonia Laborde

John Geddert, ex-técnico da equipe olímpica feminina de ginástica artística dos Estados Unidos, suicidou-se na quinta-feira, poucas horas depois de ser acusado de 24 crimes. 20 deles estavam relacionados com tráfico de pessoas e trabalho forçado, dois eram por crimes sexuais, um por organização criminosa e outro por mentir para a polícia. Este último estava relacionado ao caso do predador sexual Larry Nassar, que na qualidade de médico da equipe olímpica abusou de mais de 140 meninas durante quase duas décadas. A Promotoria de Michigan confirmou a morte de Geddert, de 63 anos. “Este é um final trágico de uma história trágica para todos os envolvidos”, disse a promotora-geral de Michigan, Dana Nessel.

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Em uma entrevista coletiva concedida antes da morte de Geddert ser conhecida, a promotora Nessel disse que as acusações envolviam menores de idade e que, embora não pudesse fornecer o número exato de vítimas, adiantou que era inferior a 50. Entre as acusações, 14 eram de tráfico de pessoas/trabalho forçado resultando em lesões, seis de tráfico de menores para trabalho forçado e duas de agressão sexual — uma de primeiro grau e outra de segundo — contra uma adolescente em 2012. Estava previsto que Geddert seria processado na tarde de hoje no tribunal do condado de Eaton, próximo Lansing (Michigan). A CNN obteve uma cópia da denúncia contra o ex-técnico em que se constatou que os supostos crimes se estenderam de 2008 a 2016.

As acusações resultaram de uma investigação de três anos depois do caso Nassar, o maior escândalo sexual da história do esporte norte-americano. Em 1996, Geddert fundou o famoso Clube de Ginástica Twistars EUA de Michigan, um dos lugares onde Larry Nassar admitiu ter abusado sexualmente de jovens atletas. “O senhor Geddert sabia que Nassar estava abusando sexualmente de suas pacientes e não tomou nenhuma medida”, disse Danielle Hagaman-Clark, chefa de divisão interina do gabinete da procuradora-geral de Michigan, que acrescentou que as acusações contra Geddert tinham “muito pouco a ver” com as do ex-médico da equipe olímpica.

Após as investigações sobre Nassar, Geddert foi suspenso da federação olímpica de ginástica em 2018 e decidiu se aposentar. A organização não deu detalhes da sanção ao técnico, apenas soube-se que recorreu a um estatuto que permite tomar esse tipo de medida para “garantir a segurança e o bem-estar da comunidade da ginástica”. Geddert transferiu a propriedade da academia à esposa, mas ela logo vendeu as instalações.

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Sobre as 20 acusações de tráfico de pessoas, Nessel afirmou que o agora falecido ex-técnico, que levou a equipe olímpica à conquista da medalha de ouro nos Jogos de Londres 2012, “usou a força, a fraude e a coerção” contra jovens atletas para seu benefício financeiro. A promotora de Michigan explicou que as sequelas de que sofrem as supostas vítimas incluem transtornos alimentares, tentativas de suicídio e automutilações. “Assim como os perpetradores de violência doméstica e agressão sexual, os traficantes [de pessoas] podem aproveitar uma oportunidade a qualquer momento e tirar proveito da vulnerabilidade de suas vítimas”, acrescentou Nessel.

Em sua página no LinkedIn, Geddert se autodescrevia como “o treinador de ginástica feminina mais condecorado da história da ginástica de Michigan”.

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