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Messi anuncia que fica no Barcelona: “Jamais iria à Justiça contra o clube da minha vida”

Atacante argentino afirma que permanecerá no Camp Nou, depois de disputa com o clube quanto à cláusula que poderia permitir sua saída neste ano

O argentino Lionel Messi ajusta a chuteira no jogo do Barça contra o Napoli pela Champions em agosto.
O argentino Lionel Messi ajusta a chuteira no jogo do Barça contra o Napoli pela Champions em agosto.DAVID RAMOS (GETTY)
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FILE PHOTO: Soccer Football - Champions League - Quarter Final - FC Barcelona v Bayern Munich - Estadio da Luz, Lisbon, Portugal - August 14, 2020  Barcelona's Lionel Messi in action, as play resumes behind closed doors following the outbreak of the coronavirus disease (COVID-19)  REUTERS/Rafael Marchante/Pool/File Photo
Messi comunica que deseja deixar o Barcelona
Lionel Messi después de perder contra el Bayern Munich el pasado 14 de agosto en Lisboa.
O futebol se prepara para ficar ‘órfão’ de Messi

Lionel Messi confirmou nesta sexta-feira que fica no Barcelona. “Jamais iria à Justiça contra o clube de minha vida, então vou ficar”, afirmou o jogador em entrevista ao Goal.com. Foram duas semanas alucinantes para o craque argentino. Pediu para sair do Barcelona, ligou para Pep Guardiola para dizer que gostaria de jogar no Manchester City, enviou duas mensagens oficiais ao Barça, não se apresentou para os treinamentos e, finalmente, decidiu manter seu contrato com o clube, que expira em 2021. Mas, assim como ocorreu em 2014 e em 2016, Messi continua no Camp Nou. Desta vez, porém, deixou a torcida do Barcelona apreensiva como nunca, depois de tentar sair e estar decidido a isso, mas não poder ir embora com garantias de que o assunto não fosse acabar em um imbróglio jurídico.

Messi entendia que uma cláusula de seu contrato permitiria que ele saísse de graça ainda neste ano e comunicou isso ao clube em um documento oficial. Mas o Barcelona considerou que o jogador deveria ter feito essa opção antes de 10 junho, como garantiu que consta no contrato assinado em 2017, e portanto, para sair, teria de pagar a multa de 700 milhões de euros (4,4 bilhões de reais) prevista na cláusula. Messi sustentava que podia ter a liberdade de sair sem pagar a multa a partir de 23 de agosto, quando a final da Champions League encerrou a temporada. Essa guerra, uma confusão jurídica à qual nenhum clube comprador queria se expor, é que acabou levando o argentino a permanecer no Camp Nou.

Tínhamos certeza de que eu estava livre. O presidente sempre disse que no fim da temporada eu poderia decidir se ficava ou não, e agora se apegam ao fato de que eu não disse isso antes de 10 de junho, sendo que em 10 de junho estávamos competindo pela Liga no meio desta merda de vírus e desta doença que alterou todas as datas. E esse é o motivo pelo qual vou continuar no clube... Agora vou continuar no clube porque o presidente me disse que a única forma de sair era pagar a cláusula de 700 milhões, o que é impossível, e depois que havia outra maneira, que era ir a julgamento. Eu nunca iria a julgamento contra o Barça porque é o clube que amo, que me deu tudo desde que cheguei, é o clube da minha vida, fiz minha vida aqui, o Barça me deu tudo e eu lhe dei tudo, jamais me passou pela cabeça levar o Barça a julgamento”, explicou o capitão do Barcelona.

Depois da dura derrota diante do Bayern de Munique (2x8) na Champions, o capitão azul-grená comunicou ao seu entorno a decisão de abandonar o Barcelona. E se refugiou no silêncio. Até esta sexta-feira. “Eu estava mal, não tinha vontade de nada. Queria que o tempo fosse passando para depois esclarecer tudo”, disse o argentino. E detalhou: “Eu disse ao clube, principalmente ao presidente, que queria ir embora. Venho dizendo isso a ele o ano inteiro. Eu acreditava que era o momento de sair. Acreditava que o clube precisava de mais gente jovem, gente nova, e achava que minha etapa no Barcelona tinha terminado. Foi um ano muito complicado, sofri muito nos treinamentos, nos jogos e no vestiário. Tudo ficou muito difícil para mim e chegou um momento em que pensei em buscar novos objetivos, novos ares. Não foi por causa do resultado contra o Bayern na Champions, fazia tempo que eu vinha pensando nessa decisão. Eu disse isso para o presidente, e o presidente sempre disse que no fim da temporada em poderia decidir se queria ir ou se queria ficar, e no fim ele acabou não cumprindo sua palavra”.

Messi, que afirmou na entrevista que se sentiu incomodado o ano todo, tinha começado a negociar um novo contrato até 2023. As negociações foram paralisadas em julho. Depois da derrota em Lisboa, o clube demitiu o técnico espanhol Quique Setién e Messi aceitou se reunir com Ronald Koeman. Na reunião, o técnico holandês lhe explicou o projeto e lhe contou que dispensaria Luis Suárez, Arturo Vidal, Rakitic e Umtiti. Mas a decisão já estava tomada. Três dias depois, Messi mandou, por um serviço espanhol de envio urgente e certificado de documentos chamado Burofax, um documento oficial comunicando ao clube que se valeria da cláusula de seu contrato que lhe permitia abandonar o Barça no fim da temporada 2019-2020 sem pagar a multa de 700 milhões de euros. O clube azul-grená, no entanto, considerava que essa condição havia acabado em 10 de junho, enquanto Messi sustentava que ia até 23 de agosto, quando terminava a campanha.

Mandar o Burofax era oficializar que eu queria sair e que ficava livre, que não usaria o ano opcional e queria ir embora. Não era para criar confusão, nem para ir contra o clube, e sim a maneira de tornar tudo oficial, porque minha decisão estava tomada”, esclareceu Messi. “O que eles dizem é que eu não disse isso antes de 10 de junho, mas repito, estávamos no meio de todas as competições e não era o momento. Além disso, o presidente sempre me disse: ‘Quando acabar a temporada, você decidirá se fica ou vai’. Ele nunca fixou data, eu estava simplesmente oficializando para o clube que não continuaria, mas não era para entrar em uma briga, porque eu não queria brigar com o clube.”

O capitão do Barcelona está agora à disposição de Ronald Koeman, depois de ter se recusado a submeter-se aos exames de detecção do coronavírus e não ter comparecido aos treinamentos, que começaram segunda-feira. “Vou continuar no Barça e minha atitude não vai mudar, por mais que tenha querido sair. Vou dar o melhor de mim. Sempre quero ganhar, sou competitivo e não gosto de perder nada. Sempre quero o melhor para o clube, para o vestiário e para mim. Eu disse que não dava para ganharmos a Champions. Agora, não sei o que vai acontecer. Há um treinador novo e uma ideia nova. Isso é bom, mas depois teremos de ver como a equipe responde e se dará ou não para competirmos. O que posso dizer é que fico e vou dar o máximo”, concluiu.

Disputa com La Liga

Antes de Messi confirmar que fica no Barcelona, seu pai e representante, Jorge Horacio, tinha uma mensagem para Liga Nacional de Futebol Profissional da Espanha. O jogador contradisse La Liga em relação à expiração de seu contrato. E se dirigiu a Javier Tebas, presidente da liga, acusando-o de “evidente parcialidade” por agir em defesa dos clubes que representa. “Desconhecemos qual contrato analisaram e quais são as bases sobre as quais concluem que ele teria uma cláusula de rescisão aplicável caso o jogador decidisse pedir a extinção unilateral do mesmo, com efeito a partir da finalização da temporada esportiva 2019/20. Isso se deve a um erro evidente de sua parte”, afirma o pai do jogador, acrescentando que a liberação de Messi está “assinalada literalmente na cláusula 8.2.3.6. do contrato firmado entre o clube e o jogador”.

Depois que o atacante argentino, de 33 anos, comunicou pelo Burofax que aproveitaria a cláusula de seu contrato para abandonar o Barça no fim da temporada 2019-2020, um ano antes do término de seu vínculo, La Liga se posicionou a favor do Barcelona. No domingo, a entidade anunciou que analisou o contrato do argentino e concluiu que o vínculo do Messi com o clube continua em vigor até junho de 2021.

“O contrato está em vigor e contém uma cláusula de rescisão aplicável caso Lionel Andrés Messi decidisse pedir a extinção unilateral antecipada do mesmo, efetuada conforme o artigo 16 do Real Decreto 1006/1985, de 26 de junho, que regula a relação trabalhista especial dos esportistas profissionais”, publicou La Liga, enfatizando que não aprovaria a saída de Messi sem o pagamento prévio dos 700 milhões de euros.

Essa conclusão foi contestada pelo pai de Messi. “Essa indenização não se aplicará quando a rescisão do contrato por decisão unilateral do jogador tiver efeito a partir da finalização da temporada esportiva 2019-20”, afirmou Jorge Horacio em um comunicado (a dúvida voltaria então ao ponto em que as duas partes divergem sobre quando acabou realmente a temporada). E concluiu: “Sem prejuízo de outros direitos previstos no contrato e que vocês omitem, é evidente que a indenização de 700 milhões de euros, prevista na cláusula prévia 8.2.3.5, não se aplica de forma nenhuma”.

A liga espanhola não demorou para responder ao comunicado, insistindo: “La Liga enviou uma resposta à mensagem enviada pelo entorno do jogador Leo Messi. A referida resposta evidencia e confirma a interpretação descontextualizada e afastada da literalidade do contrato [por parte da família de Messi], por isso La Liga reitera o comunicado publicado em 30 de agosto”.

O assunto terminou com a confirmação de Messi de que continua no Barcelona.

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