_
_
_
_

Johnson & Johnson terá de pagar mais de 2 bilhões de dólares por casos de câncer associados a talco nos EUA

Suprema Corte se recusa a rever a decisão que condenou a multinacional a indenizar 22 mulheres. Empresa fala em “conspiração” e diz que estudos independentes apoiam a segurança dos produtos

Johnson y Johnson talco para bebé
Talco para bebê em um supermercado da Califórnia, em uma fotografia de 2017.FREDERIC J. BROWN (AFP)
Yolanda Monge
Mais informações
A Swiss national flag flies beside a flag of the canton of Bern in front of the logo of Nestle at a plant in Konolfingen, Switzerland September 28, 2020. REUTERS/Arnd Wiegmann
Nestlé reconhece em documento interno que mais de 60% de seus produtos não são saudáveis
22/01/2021 El magnate israelí de la minería Beny Steinmetz.
POLITICA AFRICA ORIENTE PRÓXIMO ASIA EUROPA GUINEA ISRAEL SUIZA
SHAUN CURRY / ZUMA PRESS / CONTACTOPHOTO
Bilionário condenado por corrupção em Genebra: “A Vale agiu com profundo cinismo, vou desmascará-la”
(FILES) In this file photo taken on October 18, 2019 containers of Johnson's baby powder made by Johnson and Johnson sit on a shelf at Jack's Drug Store in San Anselmo, California. - Pharmaceutical giant Johnson & Johnson announced on May 19, 2020 that it would stop selling talc-based baby powder in the United States and Canada, where sales had already been hit by changing consumer habits and fears the product causes cancer. (Photo by JUSTIN SULLIVAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP)
Johnson & Johnson anuncia que deixará de vender talco para bebês nos EUA e Canadá

A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou nesta terça-feira analisar um recurso da Johnson & Johnson no qual pedia para não pagar a indenização multimilionária determinada por um júri devido ao uso de amianto em seus produtos de talco (inclusive o talco para bebê), o que foi associado à incidência de câncer de ovário em mais de 20 mulheres.

A mais alta corte do país encerra assim anos de litígio. A Johnson & Johnson havia solicitado ao tribunal que considerasse seu caso depois do montante imposto a ela pela Suprema Corte de Missouri no ano passado, que totalizava mais de 2,1 bilhões de dólares (cerca de 10,81 bilhões de reais). Um recurso anterior da J&J, em tribunal daquele Estado, reduziu a pena de mais de 4 bilhões para 22 mulheres e suas famílias para os atuais 2,1 bilhões.

A disputa entre a multinacional norte-americana e os demandantes foi brutal. A empresa foi representada por um ex-procurador-geral —Neal Katyal— e as mulheres com câncer que processaram a multinacional (com sede em Nova Jersey) foram representadas por Kenneth Starr, o promotor independente que liderou a investigação sobre a vida sexual de Bill Clinton que levou a seu processo de impeachment em 1998. Starr também foi contratado por Donald Trump para defendê-lo em seu primeiro impeachment.

De acordo com o tribunal do Missouri que condenou a gigante dos cosméticos, a empresa vendeu “com conhecimento de causa produtos que continham amianto aos consumidores”. Starr enfatizou em sua petição que a Suprema Corte rejeitasse a revisão da condenação, alegando que a Johnson & Johnson “sabia há décadas que seus talcos continham amianto, uma substância altamente cancerígena”. “Poderiam ter protegido os consumidores trocando o talco por um derivado de milho, como os próprios cientistas da empresa propuseram em 1973. Mas o talco era mais barato e os diretores não quiseram sacrificar os lucros por um produto mais seguro”, escreveu Starr.

Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$

Clique aqui

Para a empresa, a decisão da Suprema Corte não tem nada a ver com a “segurança do produto”. A multinacional apontou que a decisão da Suprema Corte “deixa no ar importantes questões jurídicas que os tribunais estaduais e federais continuarão enfrentando”. A batalha que a Johnson & Johnson enfrentou foi monumental —mais de 9.000 processos nos Estados Unidos. Em sua defesa, a J&J sempre usou o argumento de que o talco era um produto seguro e livre de amianto. A agência que supervisiona a segurança dos alimentos (FDA na sigla em inglês) realizou em 2018 um estudo com uma amostra do produto em que não foi detectada a presença dessa fibra cancerígena. “É tudo uma conspiração”, avaliaram os advogados da empresa na época.

Em 2012, a companhia anunciou que eliminaria os componentes potencialmente prejudiciais à saúde de seus artigos de cosmética e de higiene para adultos. Em maio de 2020 a Johnson & Johnson informou que deixava de vender seu talco para bebê nos Estados Unidos e no Canadá. A gigante de produtos de higiene e farmácia afirmou que a decisão foi baseada na “reavaliação do portfólio de produtos de consumo relacionada com a covid-19”. Na época, a assessoria de imprensa da empresa no Brasil reafirmou a segurança produto e disse que “décadas de estudos científicos independentes realizados por médicos especialistas em todo o mundo apoiam sua segurança”.

A agência Reuters publicou no final de 2018 que a empresa sabia há 40 anos que havia pequenas quantidades do cancerígeno amianto em seus produtos. A empresa sempre negou.

Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_