Bolsa brasileira despenca, suspende operações duas vezes no mesmo dia e dólar bate 5 reais
‘Circuit breaker’ é acionado quatro vezes em uma semana, refletindo a piora da percepção dos impactos do coronavírus. Ibovespa recua 14,78% e dólar fecha cotado a 4,78 reais. Bolsas da Europa levam um tombo de 11%, maior queda diária da história
Mais um dia de pânico no mercado financeiro. A Bolsa de Valores brasileira acionou duas vezes nesta quinta-feira o mecanismo de circuit breaker, quando as operações são suspensas, e fechou com um tombo de 14,78%, aos 72.583 pontos. Duas paradas das negociações no mesmo dia não eram registradas desde a crise de 2008. A primeira paralisação, de 30 minutos, foi logo na abertura do pregão, às 10h20, após a Bolsa recuar 11,65%. A segunda foi às 11h12 depois do Ibovespa tombar mais de 15% e durou uma hora. Esta já é a quarta vez que o mecanismo é acionado em quatro dias, refletindo a piora da percepção dos impactos do coronavírus. Por volta das 14h, o Ibovespa chegou bem perto do terceiro circuit breaker, ao despencar 19,59%, mas as perdas foram amenizadas após o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) anunciar uma oferta de 1,5 trilhão de dólares por meio de operações de recompra de títulos para dar liquidez e alívio aos mercados.
Várias ações puxaram o índice brasileiro para baixo. A Petrobras recuou mais de 20% e as aéreas tomaram tombos ainda maiores. Azul PN caiu 32,89% e a Gol PN perdeu 36,29%. O movimento acompanhou o dia ruim das bolsas internacionais, onde os mercados despencaram após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de proibir viagens da Europa para os Estados Unidos por 30 dias. A Bolsa de Nova York também desabou na abertura e interrompeu as operações por 15 minuto após o S&P 500 recuar 7%, no fim do dia ele recuou -9,92%. Já as bolsas da Europa levaram um tombo de 11% e encerraram o pregão com a maior queda diária da história. A ameaça de uma recessão global parece cada vez mais plausível.
A percepção de risco também teve forte reflexo no câmbio. O dólar comercial começou a quinta-feira em alta de 6%, ultrapassando pela primeira vez a marca de 5 reais em meio ao anúncio de Trump e de pandemia de coronavírus pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A moeda norte-americana já havia fechado a quarta-feira em alta de 1,61% frente ao real, a 4,72 reais. No fim da manhã, o dólar desacelerou a alta após uma atuação mais forte do Banco Central com leilões de dólares em moeda à vista e fechou o pregão cotada a 4,78 reais, alta de 1,41%.
O dólar turismo, aquele utilizado para compra em caso de viagem, já havia alcançado essa espécie de barreira psicológica, sendo negociado na abertura de hoje a 5,18 reais, uma alta de 3,3%. O ministro da economia Paulo Guedes afirmou, na semana passada, que apenas caso o Governo fizesse “muita besteira” a moeda norte-americana atingiria este patamar. “É um câmbio que flutua. Se fizer muita besteira pode ir para esse nível [5 reais]. Se fizer muita coisa certa, ele pode descer”, afirmou. Com o salto desta quinta, o avanço no ano chega a cerca de 23%.
O cenário doméstico brasileiro também corroborou para a tensão dos negócios. O Congresso derrubou na quarta-feira o veto presidencial ao projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), o que terá impacto estimado em 20 bilhões de reais no primeiro ano.
Guedes já fala em crescimento de apenas 1%
Na quarta-feira, depois da equipe econômica revisar de 2,4% para 2,1% a estimativa para o crescimento da economia brasileira para 2020, Guedes afirmou que o resultado pode ser ainda pior por causa da pandemia do coronavírus. No pior cenário, o PIB seria de 1%. O ministro disse, no entanto, que o cenário mais realista é de um avanço da atividade de 1,8% neste ano “Se, ao contrário, a pandemia tomar conta do Brasil e nós não fizermos as nossas reformas, pode chegar até 1%”, disse ele em reunião com parlamentares na noite desta quarta-feira segundo a Folha de S.Paulo.
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