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Pandemia de coronavírus
Crítica
Género de opinião que descreve, elogia ou censura, totalmente ou em parte, uma obra cultural ou de entretenimento. Deve sempre ser escrita por um expert na matéria

‘La Casa de Papel’, a série de quem passa muito tempo confinado

Não se pode dizer que a série não se manteve fiel a si mesma. Preserva os mesmos pontos fortes e fracos na quarta temporada, que chegou hoje à Netflix

Natalia Marcos
Álvaro Morte, na quarta temporada de ‘La Casa de Papel’.
Álvaro Morte, na quarta temporada de ‘La Casa de Papel’.TAMARA ARRANZ

A população de meio mundo está há várias semanas trancada em casa. A quarentena está sendo longa. Mas quem parece que já passou metade da vida entre quatro paredes são os ladrões de La Casa de Papel. Os dois confinamentos, o da vida real e o da ficção, terão um final, claro. Mas os dois estão demorando demais.

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Volunteers wearing protective masks check the body temperature of passengers at a checkpoint, as Thailand imposes a nationwide night curfew from Friday, April 3, to try to curb the spread of the coronavirus disease (COVID-19) in Bangkok, Thailand, April 3, 2020. REUTERS/Athit Perawongmetha
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Não se pode dizer que La Casa de Papel não se manteve fiel a si mesma. Desde o começo, a série teve os mesmos pontos fortes e fracos. As duas primeiras temporadas, exibidas inicialmente no canal espanhol Antena 3 e que depois se tornaram um repentino sucesso mundial na Netflix, tinham momentos de adrenalina pura, com personagens cujas motivações era impossível não compreender. A mistura de ação desenfreada e drama emocional funcionava muito bem. Visualmente, La Casa de Papel era (e é) um canhão, com um uso da cor, da luz e a iconografia que a torna reconhecível em qualquer lugar do mundo, no idioma que for. Em sua passagem para a Netflix, com duas novas fornadas de capítulos depois que o primeiro ataque teve um final fechado, manteve e reforçou essa aposta estética e a boa conjunção com a música que a acompanha, com uma direção muito bem executada. Personagens carismáticos e diálogos repletos de frases ideais para serem estampadas em camisetas se encarregaram do resto. Sem falar nesse fator misterioso que ninguém sabe o que é e que transforma séries em sucessos, enquanto outras são sepultadas pelo tsunami de conteúdos.

Depois de ver quatro capítulos dos oito que chegam nesta sexta-feira à Netflix, também se constata que La Casa de Papel volta a tropeçar nas mesmas pedras da primeira etapa. Então, como agora, já teve desigualdades no desenvolvimento da história, com um trecho central muito esticado. O começo da quarta entrega retoma a história no ponto em que parou: os ladrões dentro do Banco da Espanha passando por momentos complicados, e uma deles, Nairóbi, à beira da morte, enquanto o Professor continua acreditando que Lisboa morreu nas mãos da Polícia, quando na realidade só está detida. Mas mostra sintomas claros de desgaste uma história que já vai se prolongando demais e que tem cada vez mais dificuldades para surpreender ao espectador, que já sabe do que são capazes uns e outros. Os roubos, tanto o da Fábrica da Moeda e Selo como o do Banco da Espanha, duraram muitos capítulos. Tampouco parece que a esta altura faça muito sentido manter os flashbacks de Berlim, do Professor e de Palermo que não seja para continuar contando com o personagem de Pedro Alonso.

La Casa de Papel, como Elite há umas semanas, chega à Netflix no melhor momento, com milhões de pessoas presas em suas casas e loucas por um entretenimento no qual se engancharem. A canhão, seja como for, está pronto para disparar.

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